1 de set. de 2015

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pretende criar Banco de Desenvolvimento

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A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está a preparar-se para criar um banco de desenvolvimento próprio. A união entre bancos, seguradoras e instituições (UBSIF) foi constituída no final de julho e é o ponto de partida para criar esta instituição multilateral, que pode contar com os nove membros da comunidade, as instituições financeiras e os grandes bancos de desenvolvimento como acionistas.
“A CPLP, ao contrário de todos os outros, é o único bloco geopolítico sem um banco de desenvolvimento a financiar os Estados, as empresas e os bancos comerciais. Esta é uma falha de mercado que não tem de durar (nem irá) para sempre”, refere Francisco Almeida Leite, presidente da UBSIF, ao Dinheiro Vivo. Este banco poderá reforçar o principal objetivo desta união: “promover e dinamizar as relações entre as instituições suas associadas”. A UBSIF quer ser ainda a “porta de entrada nas relações multilaterais com instituições de países fora do eixo da lusofonia”.
A participação de capital lusófono é um dos pontos mais importantes nos bancos da CPLP. Cada vez mais as instituições portuguesas têm investidores desta região. Empresas angolanas como a Sonangol e a Interoceânico, além da empresária Isabel dos Santos (através da holding Santoro), estão presentes no capital de BCP e BPI, respetivamente. A UBSIF quer que “seja mais habitual a ‘inter-participação’ com capital, garantias ou qualquer outro instrumento de investimento entre as instituições bancárias, seguradoras e financeiras da CPLP”.
Banco de desenvolvimento da CPLP está mais próximo
Bancos, seguradoras e outras instituições financeiras da CPLP criaram união, cujo principal objectivo é seguir os passos de outras regiões e criar um banco de fomento. Gestor da entidade quer mais troca de experiências.
A criação de um banco de desenvolvimento da lusofonia é o principal objectivo da União de Bancos, Seguradoras e Instituições Financeiras da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (UBSIF-CPLP), revela o presidente da comissão instaladora.
Em declarações ao Expansão, Francisco Almeida Leite explica que a União, cuja escritura pública de constituição foi realizada na semana passada, em Lisboa, vai em breve proceder à eleição dos corpos sociais e tem como meta atingir 100 associados no final do próximo ano.
A entidade, cuja criação foi anunciada em 2014 no 1.º Encontro de Bancos, Seguradoras e Instituições Financeiras da Confederação Empresarial da CPLP, em Lisboa, quer constituir-se como plataforma de defesa dos interesses e de promoção dos laços institucionais e comerciais de bancos, seguradoras e instituições financeiras lusófonas, afirma o responsável.
A UBSIF-CPLP “será uma associação de cooperação pura, que tem como desígnio último a promoção dos estudos que levem à criação de um banco de desenvolvimento da CPLP”, explica o também administrador executivo da SOFID, instituição financeira portuguesa centrada em apoiar projectos no espaço lusófono.
No curto prazo, diz, a entidade vai “proceder ao que falta para tornar a UBSIF-CPLP uma realidade”, enviando cartas-convite às entidades que estiveram no encontro do ano passado na capital portuguesa, nomeadamente bancos como o Millennium BCP, a Sofid, o Banco de Fomento Angola, o Novo Banco (ex-BES), o Banif, o Banco Nacional Ultramarino, o Banco da África Ocidental, a Geo Capital, a Associação Portuguesa de Bancos e as suas congéneres lusófonas, e bancos centrais.
“Temos a ambição de ter 100 associados no fim de 2016″, revela o gestor, adiantando que, “a médio prazo”, após a assembleia-geral para escolha dos órgãos sociais – cuja data não indicou -, a entidade quer promover “a troca de experiências e conhecimentos ao nível da supervisão, compliance, governance e boas práticas” entre os seus membros.
“Vamos ter comités especializados, publicações comparativas e reuniões anuais de alto nível sobre estas e outras matérias”, afirma Almeida Leite, sublinhando que as instituições dos diferentes países de expressão portuguesa “podem aprender muito umas com as outras, porque há vários níveis de desenvolvimento, também no sector financeiro”.
“A UBSIF-CPLP quer ser uma plataforma de excelência para bancos e seguradoras, onde está centralizada a informação e onde se podem buscar soluções para a melhoria das várias operações”, defende, explicando que a União vai actuar ainda emitindo “recomendações, à semelhança do que fazem instituições congéneres”.
Países da lusofonia “atrasados” face a outros blocos
“A Commonwealth tem uma união deste género desde 1956, e o Commonwealth Bank existe desde 1941, tendo também sido criada a Commonwealth Development Corporation em 1941″, lembra o presidente da comissão instaladora da nova organização. “Estamos atrasados alguns anos, até se pensarmos que todos os blocos geopolíticos do mundo estão munidos de grandes multilaterais financeiras que apoiam os Estados e o sector privado dos países que as compõem”, reforça o presidente da comissão instaladora da UBSIF-CPLP, dando como exemplos a Corporación Andina de Fomento (CAF) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na América Latina, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) na Europa, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em África e o Banco de Desenvolvimento Asiático (BDA) na Ásia.
“Não faz sentido que os países lusófonos lutem com armas desiguais no que ao crescimento, ao desenvolvimento e ao bem-estar das populações diz respeito”, defende Francisco Almeida Leite, que lembra ainda os “poderosíssimos” casos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) brasileiro e do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também referido como Banco de Desenvolvimento do BRICS, ou Banco do BRICS, com a presença do Brasil, da China, da Rússia, da Índia e da África do Sul.
“Isto demonstra pujança. Agora é preciso que os países que estão mais atrasados e mais fracos possam beneficiar dessas experiências, que também existem ao nível europeu, por exemplo na área da regulação e da supervisão. Só essa partilha de informação nos irá tornar mais fortes”, alerta o gestor.
Sede da União pode ‘rodar’
De acordo com Francisco Almeida Leite, a sede da UBSIF-CPLP é em Lisboa, mas, segundo os estatutos, “poderá rodar por outros países”, havendo ainda a possibilidade de ter delegações. Há cerca de um ano, no encontro que lançou a entidade em Lisboa, Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, disse que os países lusófonos estavam “a fazer história, ao criar uma plataforma importantíssima para o desenvolvimento social e económico da CPLP”.
A ministra das Finanças portuguesa, Maria Luís Albuquerque, considerou que o evento “abre caminho a uma colaboração ainda mais estreita entre os vários agentes do sistema financeiro” dos países lusófonos, tendo a governante lusa defendido ainda que a meta a atingir é a “maior estabilidade financeira do espaço da CPLP, como um todo”.
Nuno Amado, CEO do BCP e anfitrião do encontro, por seu turno, sublinhou que o espaço lusófono “tem muito mais pontos em comum do que divergentes” e classificou a UBSIF-CPLP como “uma estrutura de diálogo e intervenção dos diversos players do sector” nos países que falam português. (expansao.co.ao)
por Ricardo David Lopes
Empresários da CPLP querem ser Banco de Desenvolvimento
A Confederação Empresarial da CPLP quer transformar-se num Banco de Desenvolvimento da comunidade para unir os bancos e alavancar iniciativas dos empresários lusófonos
A iniciativa foi avançada em Cabo Verde pelo presidente da Confederação Empresarial da CPLP (CE-CPLP), Salimo Abdula.
“Isto significa que, com os recursos minerais que temos nos nossos países, possamos gerar muitos negócios, muitas empresas, muitos postos de trabalho e também fazer circular as pessoas dentro do nosso mercado”, traçou Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, após ser eleito, por unanimidade, na assembleia geral da confederação lusófona, que se realizou na Cidade da Praia.
“Por exemplo, em Cabo Verde temos quadros preparados, mas não têm emprego, em Moçambique temos este desafio e podemos ir socorrê-los em Cabo Verde, tal como em Angola, Portugal e Brasil, para que possamos fazer circular entre nós pessoas, capitais e bens”, prosseguiu Abdula, considerando que o custo da língua é elevado para as empresas, sendo este o capital que se deve explorar entre os países lusófonos.
Para o responsável, a cada dia estão a ser dados “bastantes passos” para a melhoria do ambiente de negócios nos países lusófonos, mas o mais importante é que a CPLP vai ter uma comunidade importantíssima que vai oferecer grandes oportunidades ao planeta.
“Temos recursos naturais, temos terra a convicção que, dentro de duas décadas, os países membros da CPLP representarão cerca de 25% a 27% do mercado do “oil and gas” do mundo. Só as terras e recursos humanos que nós temos justificam este desafio”, continuou, dizendo que é preciso trabalhar “juntos e pragmaticamente”, para transformar o “sonho em realidade”.
Salimo Abdula, que preside à Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, disse que a missão da confederação é ser um “pilar forte” na CPLP, que dinamize o ambiente de negócios e crie melhores oportunidades na comunidade.
Mobilizar mais recursos financeiros e humanos, instituir a livre circulação de pessoas, bens e capitais na comunidade e angariar mais membros são, entre outros, os objetivos do mandato de quadro anos de Salimo Abdula, que só vai tomar posse no próximo ano, em Díli, Timor Leste.
Todos os países da CPLP – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – terão direito a um vice-presidente na Confederação Empresarial, criada há 10 anos.
A lista inclui ainda os empresários português José Rocha de Matos, presidente da Assembleia Geral, e angolano José Severino, para o Conselho Fiscal.
NEGÓCIOS EM CRESCIMENTO
O ambiente de negócios entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) está numa fase de crescimento e a sua sustentabilidade depende exclusivamente dos empresários lusófonos, disse o presidente da confederação empresarial da CPLP.
Em declarações aos jornalistas, Salimo Abdula indicou que a melhoria do ambiente de negócios também passa pela criação de uma “plataforma” que garanta a livre circulação de pessoas, bens e capitais no espaço lusófono.”Estamos numa fase de crescimento. Queremos criar uma plataforma que permita a livre circulação de pessoas, bens e capitais, entre o mundo lusófono”, disse Salimo Abdula.
A ideia passa por, acrescentou, “capitalizar” os recursos existentes, humanos e materiais, para que se concretizem projetos conjuntos “exequíveis e sustentáveis” numa instituição que passou, em dois anos, de 12 para cerca de uma centena de membros.
Para o presidente da CE/CPLP, o Turismo é um “forte projeto” para todos os países lusófonos – “todos têm mar e sol” -, bem como a agricultura, “que é o futuro”.
“Há também os recursos naturais, o chamado «oil and gas”. Dentro de duas décadas, o mercado lusófono representará 25% a 27% do mundo (desse mercado). Temos de ter projetos sustentáveis para trazer valor acrescentado aos projetos dentro do mercado lusófono”, realçou.
Para Salimo Abdula, que salientou que a lusofonia representa o quinto maior bloco do crescimento do PIB em todo o mundo, o idioma português comum é um fator de competitividade benéfico, uma vez que a diferença de línguas nas empresas, precisou, representam entre 16% a 17% dos custos totais.
“Tudo isso tem de ser bem capitalizado, para que possamos absorver a mão de obra lusófona nos projetos e possamos ter uma qualidade de vida bastante elevada em todos os países membros da lusofonia, interagindo com o resto do mundo”, justificou.
“Mas temos ambições e nós, empresários, queremos ajudar os políticos neste desafio”, frisou Salimo Abdula. “Esperemos que haja unanimidade e consenso para que se possa fazer crescer da melhor forma o ambiente de negócios da Lusofonia e essa é a melhor forma para encontramos ideias conjuntas” para a CE/CPLP, acrescentou.
INTEGRAÇÕES REGIONAIS SÃO VANTAGEM
As integrações regionais dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) constituem uma vantagem competitiva que urge potenciar, defendeu a ministra do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial cabo-verdiana.
Leonesa Fortes, que falava na Cidade da Praia, no final da reunião da assembleia geral da Confederação Empresarial dos Países de Língua Portuguesa, considerou que, caso se consiga potenciar essa vantagem competitiva, isso tornará os países e as empresas da comunidade mais fortes no palco internacional.
“Estamos a falar de Portugal na União Europeia, dos PALOP na União Africana, da Guiné Bissau na União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), do Brasil no MERCOSUL, de Cabo Verde na CEDEAO, de Timor Leste na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e de Angola e Moçambique, na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC)”, precisou Leonesa Fortes.
Para a governante, o espaço de intercâmbio empresarial entre os países da CPLP é, por excelência, um instrumento de “valia inestimável” para o desenvolvimento e inclusão social.
“A expetativa é de afirmação de um bloco coeso, capaz de defender posições comuns nas organizações internacionais e de alcançar projeção no mundo global”, continuou, desafiando as empresas da comunidade a estabelecer parcerias, estimular investimentos e criar negócios, a bem da prosperidade dos países e das suas gentes.
Leonesa Fortes sublinhou que os países têm “todas as condições” para vencer os desafios e ganhar a batalha da competitividade, mas defendeu a criação de um quadro orientador para a cooperação económica e empresarial e a conjugação de esforços para aproveitar as potencialidades.
“Esse conjunto de países, que partilha uma história e uma língua comuns, integra, de forma distinta, oportunidades em diferentes setores da vida económica, ao nível do turismo, agricultura, pesca, energias, tecnologias de informação, entre outros”, notou.
“E esse facto interpela, de forma determinante, os eixos de cooperação económica na CPLP, nomeadamente, a melhoria do ambiente de negócios para a promoção do comércio e do investimento, a capacitação institucional e empresarial, bem como a otimização dos mecanismos de financiamento”, mostrou Leonesa Fortes.
A ministra enalteceu o esforço da confederação empresarial na construção dos alicerces para a edição de um verdadeiro espaço económico da lusofonia e mostrou a disponibilidade do Governo cabo-verdiano em ajudar as empresas a serem competitivas e desenvolver os países.
https://observatoriodaafrica.wordpress.com/2015/08/13/comunidade-dos-paises-de-lingua-portuguesa-cplp-pretende-criar-banco-de-desenvolvimento/
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