7 de jul. de 2016

A suspeita de retaliação contra o delegado que denunciou a Lava Jato

A suspeita de retaliação contra o delegado que denunciou a Lava Jato

Deflagrada nesta quinta (7), operação Caça-fantasma pode ser ofensiva da força-tarefa da Lava Jato contra o delegado Fanton, que denunciou grampos ilegais na cela do doleiro Youssef
Jornal GGN - A nova operação da Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta (7), levanta suspeitas sobre possível retaliação contra o delegado da Polícia Federal, Mario Renato Castanheira Fanton, que denunciou irregularidades praticadas pela força-tarefa, como a instalação de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef (leia mais), preso na Superintedência da PF em Curitiba. A denúncia, se comprovada, poderia anular provas da Lava Jato.
Em depoimento sigiloso à CPI da Petrobras, em setembro de 2015, Fanton teria falado também sobre um outro grampo encontrado nas dependências da PF, em uma área de fumantes. O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT), reportou à imprensa parte do que Fanton havia dito, como a queixa sobre as irregularidades terem virado objeto de sindicância interna que poderia "nem se concluir", ao invés de terem embasado um inquérito policial próprio.
Por insurgir-se contra a Lava Jato, Fanton é processado por calúnia e injúria contra seus colegas, em ação movida pelo Ministério Público Federal. Em agosto de 2015, o Estadão publicou: "O delegado Fanton e o agente federal Dalmey Fernando Werlang [que também colaborou com a CPI] foram denunciados criminalmente à Justiça Federal pelo procurador Daniel Holzmann Coimbra, do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial da Procuradoria." Fanton teria atacado a honra de ao menos seis delegados da Lava Jato.
Na imprensa, circulou a versão de que Fanton e outros agentes seriam "dissidentes da PF", possivelmente contratados pelas empreiteiras investigada na Lava Jato para achar uma maneira de comprometer as provas colhidas e anular parte da operação.
Nesta quinta, a Lava Jato avançou contra o FPB Bank, uma instituição financeira do Panamá, cujo representante no Brasil é "parente em primeiro grau" do delegado Fanton. A operação foi batizada de caça-fantasma.
Segundo informações recebidas pelo GGN, o empresário Edson Paulo Fanton, responsável pelo banco que atua à margem do Banco Central, é tio do delegado Fanton. Para justificar busca e apreensão e condução coercitiva contra Edson, a força-tarefa sustentou que há indícios de que alguns investigados usaram o banco panamenho para levar recursos ilícitos ao exterior, mas sem fornecer mais detalhes.
De acordo com o MPF, o banco usava os serviços da Mossak Fonseca - centro do escândalo Panamá Papers - para criar offshores em paraísos fiscais a seus clientes, que são mantidos sob anonimato.
À parte as suspeitas do MPF e da Polícia Federal, a Lava Jato apontou com veemência apenas um crime do banco: operar no Brasil sem conhecimento das autoridades locais.
Banco panamenho no Brasil é alvo de nova operação da Lava Jato
Um novo desdobramento da Lava Jato pautou ação da Polícia Federal em São Paulo, na manhã desta quinta (7). Nomeada Caça-Fantasmas, a operação investiga uma instituição financeira panamenha que atua no Brasil à margem do sistema financeiro nacional e comercializava empresas offshore, segundo a PF.
A Lava Jato encontrou indícios de que seus investigados fizeram circular dinheiro pela FPB Bank, de responsabilidade de Edson Paulo Fanton, irmão do delegado da PF Mario Renato Castanheira Fanton - que acusou membros da Lava Jato de irregularidades, como a instalação de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef.
Cerca de 60 policiais cumprem 17 ordens judiciais, sendo sete conduções coercitivas e dez mandados de busca e apreensão, nas cidades de Santos, São Paulo e São Bernardo do Campo.
Para os investigadores, a instituição financeira panamenha tinha o objetivo de facilitar o envio de recursos ilícitos ao exterior. O banco oferecia a comercialização de empresas offshore registradas pela panamenha Mossack Fonseca, que já foi alvo da 22ª fase da Lava Jato, centro do escândalo Panamá Papers - esquema de ocultação de recursos usado por autoridades e celebridades, revelado este ano por um grupo internacional de jornalistas.


"Nesta fase da Lava Jato, a PF apura crimes contra o sistema financeiro nacional, a lavagem de ativos e a formação de organização criminosa internacional. O nome caça-fantasmas foi escolhido por causa do objetivo da operação: revelar a extensão da atuação e a clientela oculta da instituição financeira panamenha."
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