21 de jul. de 2016

Marcelo Calero: a farsa na cultura bancada por Temer e pela mídia golpista - Midia Ninja


 

Marcelo Calero: a farsa na cultura bancada por Temer e pela mídia golpista

Bancado pela mídia e blindado por Temer, Marcelo Calero dá suas cartadas contra o movimento cultural
"Sim, de maneira nenhuma, não será feito [reintegração de posse nas ocupações culturais]. O momento agora é de negociação", afirmou o então recém empossado ministro da cultura Marcelo Calero.
Leia entrevista do interino à Folha: http://ninj.as/m3izj
Leia entrevista do interino à Folha: http://ninj.as/m3izj
Ainda caminhando sob a fumaça dos destroços do MinC, que o interino Michel Temer havia derrubado e reerguido, Callero recebeu a alcunha de "galã do instagram" da revista Veja e deu essa entrevista de apresentação para a Folha de S.Paulo.
Após isso, foi a vez de aparecer no talk show de Jô Soares, em que durante três blocos conversou com o apresentador e falou sobre a sua história, falou sobre a retomada do Ministério da Cultura, uma forma de moldar a sua imagem.
A revista Veja foi muito, muuuito mais além!
Quadro da revista sobre a "popularidade" do ministro. Arte:
Quadro da revista sobre a "popularidade" do ministro. Arte:
"Há ocupações, por exemplo, em que foi dado um novo sentido ao prédio público, como é o caso da Funarte [no Rio]. Havia os pilotis extremamente assépticos, eu sempre tive implicância com aquilo, e hoje em dia foi dada uma função social inclusive à ocupação", disse na entrevista ao jornal paulista.
Festa realizada no Ocupa MinC RJ dá vida aos pilotis assépticos do Palácio Capanema
Festa realizada no Ocupa MinC RJ dá vida aos pilotis assépticos do Palácio Capanema
Não bastou muito para que a força do movimento cultural o fizesse palpitar e sua feição e amigável fala, se transformasse em cartas de reintegração de posse e no sumiço da mídia, a fim de evitar explicações para o povo.

Jogos Olímpicos da reintegração

Com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro batendo a porta, o plano traçado há muito tempo foi sendo aplicado. Durante mais de dois meses de ocupações culturais simultâneas e unidas em todo o país, Calero não articulou uma só reintegração. Desde que ocuparam o primeiro prédio, em Curitiba, até o momento em que todos os 27 estados estavam ocupados, o então ministro interino não moveu uma palha do seu "poder de articulação" anunciado nos jornais. Sem diálogo, esperou que o desgaste fosse enferrujando a vontade dos ocupantes e eles, aos poucos, se desmobilizassem.
Na contra mão disso, apesar de em menor quantidade, as ocupações se fortaleceram e se tornaram pontos orgânicos de cultura em suas cidades, transformando os espaços e os dando nova vida.

Vendo o mundo aos poucos se virar para o Brasil e dar de cara com um movimento cultural organizado em todos os estados de um país continental, Calero começou a soltar papéis de reintegração.
O primeiro mandado foi enviado para a Funarte de Brasília. A ideia era sentir a reação, ver se a imprensa daria publicidade ao caso. Funcionou. O prédio foi desocupado, o ponto de cultura esfacelou-se e a mídia, que lhe pertence, ignorou a ação.

Desintegração paulista

O segundo passo, no entanto, exige mais capricho, e foi quando ele foi pego no pulo do gato. Viajou malandramente para a Turquia, foi dar um passeio em Istambul (consultoria de golpe?), capital política do país. De lá, por meio do IPHAN, deu a cartada final: nos mesmos dias reintegração para Funarte de São Paulo e para o MinC do Rio de Janeiro (Sim, aquele mesmo que ele disse que deu nova vida ao local).
Na capital paulista o cabresto jurídico deu 24h para desocupação, depois alterado para o prazo de 15 dias, a ser cumprindo contando a partir de ontem, 19.
Uma assembleia com o nome de "Desintegração de Posse" foi realizada na ocupação paulista, que deve definir os próximos passos em reunião aberta a ser divulgada nos próximos dias.

Esbulhadores cariocas

Com os cariocas o buraco foi mais embaixo. Sem legitimidade para a ação, o juiz Paulo André Espirito Santo Bonfadini, da 20ª vara federal do Rio de Janeiro, indeferiu o pedido. No entanto não há o que comemorar da sentença.
O INSTITUTO de PATRIMÔNIO HISTÓRICO e ARTÍSTICO NACIONAL ­- IPHAN, Autarquia Federal vinculada ao Ministério da Cultura, através da auto executoriedade que lhe é própria para garantir a ordem pública, está autorizada pela Constituição da República (CR/1988) a tomar as medidas preventivas e repressivas para salvaguardar a posse do bem público
(...) Se já existe invasão desde 16 de maio do corrente ano, ­portanto, há quase dois meses­, e nenhuma medida administrativa fora tomada para se desocupar o prédio público, há de se averiguar o porquê da inércia e da ineficiência de quem, por obrigação institucional, devia zelar pelo patrimônio do Edifício Gustavo Capanema. Resta evidente, aqui, a frontal violação a um dos princípios basilares da Administração Pública ­a eficiência, já que, pelo visto, somente dois meses após a invasão é tomada alguma medida no intuito de se retirar os invasores. E, mesmo assim, através de uma ação judicial desnecessária, uma vez que ­como já afirmado ­ o IPHAN, como entidade da União e através dela, tem meios administrativos para retirar tais invasores.
Ele chama os ocupantes de "esbulhadores" e "invasores", e chama o IPHAN de ineficiente, uma vez que não os retirou assim que houve a ocupação. Fica evidente, assim, a parcialidade que guiou essa decisão. A OcupaMinC RJ soltou uma nota sobre o assunto.

E o Callero?

Ainda escondido na Turquia para escapar das explicações sobre a quebra de palavra, pegou (outra) tentativa de golpe no país e, ao invés do total silêncio, teve sua imagem estampada em todos os jornalões que o abraça. Ainda assim, permanece mudo. Nem uma só palavra sobre seu avanço sobre as ocupações culturais que em alguns meses, fizeram e fazem mais do que provavelmente farão todas as gestões do MinC.
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