17 de out. de 2016

Demitido do governo Serra em escândalo de corrupção tem contrato milionário de publicidade com Alckmin. Por Zambarda. Editor aonde está a justiça para essa gente...

Demitido do governo Serra em escândalo de corrupção tem contrato milionário de publicidade com Alckmin. Por Zambarda



Roger Ferreira, da Fator F
Roger Ferreira, da Fator F


Roger Ferreira é jornalista, mestre em ciência política pela USP e sócio-diretor da agência de comunicação Fator F. No site oficial, sua empresa faz “comunicação integrada que atua para criar empatia entre o cliente e seus públicos, oferecendo soluções que fortalecem vínculos e ajudam a desenvolver relações duradouras”.
“É uma agência de comunicação corporativa e relações públicas”, explica o próprio Ferreira.
A Fator F é destaque nas planilhas de publicidade do governo Geraldo Alckmin como beneficiária de contratos nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2016.
As listas de 2007, 2008 e 2009 são anteriores à Lei de Transparência sancionada pelo ex-presidente Lula e não exibem as companhias envolvidas. Aproveitando-se de uma brecha na lei, a gestão Alckmin não divulga os investimentos em cada grupo de mídia, apenas o total de dinheiro aplicado em determinado período em várias delas.
Neste ano, a Fator F aparece junto com a A2 Comunicação em duas ocasiões. Entre janeiro e março, as duas levaram R$ 1.318.147,35. Já entre março e setembro, faturaram R$ 1.932.078,99 milhão. Em 2013, foram R$ 5 milhões com outras três firmas diferentes.
Antes de Alckmin, o governador era Alberto Goldman, que assumiu o cargo no lugar de José Serra quando este tentou a presidência contra Dilma Rousseff em 2010.
Naquele ano, a Fator F aparece com R$ 477.225,00 mil entre janeiro e março. Depois, entre abril e setembro, foram R$ 954.450,00 mil. Ou seja, faturou sozinha mais de um milhão de reais em cinco meses de governo Goldman.
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“Lembro dele no governo, em trabalhos com secretarias e até na prefeitura. Eu não me recordo direito porque já faz bastante tempo”, afirmou Goldman ao DCM.
Sua relação com os tucanos é antiga e duradoura. Ferreira foi assessor e secretário de comunicação do governo Alckmin entre 2004 e 2006. Também assessorou e coordenou as campanhas de Fernando Henrique Cardoso em 1998 e a de José Serra em 2002.
Foi acusado de envolvimento no “Escândalo da Nossa Caixa” entre 2005 e 2006. Uma denúncia anônima no Ministério Público dava conta de um esquema que movimentou pelo menos R$ 28 milhões.
O caso envolveu as agências Colucci & Associados Propaganda Ltda. e a Full Jazz Comunicação e Propaganda Ltda.
Carlos Eduardo Monteiro, presidente da Nossa Caixa, afastou Jaime de Castro Júnior, gerente de marketing, e convocou um novo edital no valor de R$ 40 milhões. O banco teria reclamado de “politização” do assunto.
Segundo a Folha de S.Paulo, documentos confirmaram que o Palácio dos Bandeirantes interferiu para beneficiar com anúncios e patrocínios os deputados estaduais Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo “Bispo Gê” Tenuta (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
As verbas eram direcionadas para financiar anúncios nas emissoras, jornais e revistas deles, como Rede Vida e Rede Aleluia de Rádio. Outro veículo beneficiado foi a revista Primeira Leitura, criada por Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações de FHC e editada por Reinaldo Azevedo. Ela deixou de circular em junho de 2006 por falta de anunciantes.
A revista Primeira Leitura, editada por Reinaldo Azevedo
A revista Primeira Leitura, editada por Reinaldo Azevedo

Numa auditoria interna da Nossa Caixa, foram apontadas irregularidades em 255 operações, ou 91,73% dos acordos. Posteriormente não foram localizados documentos autorizando pagamentos que somavam R$ 5,1 milhões. O patrocínio de campanhas de marketing direto era autorizado “verbalmente”.
O homem que teria mantido relacionamento estreito com as empresas Colucci e Full Jazz, além dos contratos que teriam beneficiado os políticos na Assembleia Legislativa em 2006, era Roger Ferreira, da equipe de Alckmin no governo.
O líder do PT na Assembleia naquele período, Enio Tatto, chegou a convocar o presidente da Nossa Caixa paraprestar esclarecimentos. Houve uma intenção de convocar uma CPI. Os políticos do PSDB conseguiram abafar. Roger Ferreira pediu demissão.
Menos de um ano depois, em 2007, ele estaria prestando serviços para a pasta da Educação do governo estadual através de sua recém-criada Fator F.
A Fator F se orgulha de seus feitos num portifólio. Um deles é a reportagem de capa da Veja São Paulo sobre a gestão de Gilberto Kassab na prefeitura, que ganhou o título clássico de “Será que estamos sendo justos com ele?”
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“Atendemos a gestão Kassab e articulamos essa capa. Nós consideramos uma boa matéria porque a revista reconhecia o que ele tinha feito pela cidade mesmo com a má avaliação vigente”, disse Ferreira.
Gilberto Kassab terminou o mandato com a pior avaliação desde o prefeito Celso Pitta, com 42% da população de São Paulo o avaliando como ruim ou péssimo.
Atualmente, a Fator F atende a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Tem 20 funcionários em sua sede, mais os contratados para atuar junto aos clientes e ao governo estadual.
“O Ministério Público investigou a denúncia sobre a Nossa Caixa e arquivou o caso no que se refere a mim, pois entendeu que nada ocorreu de irregular no que diz respeito à minha pessoa”, diz Ferreira.
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