22 de nov. de 2016

Modesto da Silveira (1927-2016). Um delicado sem-medo.

Modesto da Silveira (1927-2016). Um delicado sem-medo.

modesto
Morreu hoje, aos 89 anos, no Rio, sua cidade desde que veio de Uberaba, em Minas, filho de lavradores sem-terra um homem que ficou conhecido pelo sobrenome do meio, a segunda marca mais forte de sua personalidade: Antonio Modesto da Silveira, o grande advogado da liberdade nos anos 60 e 70.
Eu o conheci nesta época e era impressionante como aquele homem baixo, de fala mansa, sempre disposto a ouvir o que diziam seu interlocutor, mesmo que o interlocutor fosse um rapaz, cheio de ânsias e verdades primárias se transmutava num leão quando se tratava de defender a liberdade, a integridade física e a vida dos presos e perseguidos do regime militar.
Ajudei um pouco em sua campanha para deputado federal, um dos mais votados no Rio, em 1978, pelo MDB.
Eram campanhas heróicas, sem tostão, com panfletos modestos também e pequenos comícios de rua.
Nada difícil para quem chegou aqui para trabalhar como operário.
Modesto da Silveira nunca seria candidato nestes tempos de marketing caro e hipócrita.
Porque era de graça que defendia quem tinha a liberdade ameaçada e era de graça que se dedicava à luta pela anistia política, que o destino quis que ele encaminhasse à votação como Lei, com tantos defeitos mas o máximo possível, em 1979, na Câmara dos Deputados.
Está sendo velado na sede da OAB e vai para a galeria dos grandes defensores da liberdade, como George Tavares, Heleno Fragoso, Augusto Sussekind.
Vai, Modesto, como sempre, sem medo.

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