28 de nov. de 2016

O que nao podem nos tirar, nunca mais


O que não podem nos tirar, nunca mais.

ciepnegro
Meu colega Mário Marona, jornalista e brizolista empedernido como eu – tem gente que “não toma jeito na vida” -, publica esta foto de um Ciep dos tempos de Brizola.
Tem uns que só vão olha-la e ver uma “obra faraônica”.
Já eu a olho e vejo que não há uma criança branca na água.
Não porque uma criança branca não mereça a alegria de um banho de piscina.
Todas elas merecem, de todas as cores.
Mas porque ali, nas franjas de pobreza do Rio de janeiro, quase não há crianças brancas.
E quase não há crianças, de qualquer cor, que tenham a alegria de se espanar na água.
Eu tive.
Não tinha piscina, claro, mas minha professora, a D. Leda tinha um terreno, sete filhos – um deles, adotivo e negro – um marido que ganhava relativamente bem e uma casa com um terreno no quintal e fez uma piscina.
Em escalas, porque a piscina não era grande, ela nos deixava ir lá.
Que alegria!
Os energúmenos, os idiotas, os imbecis acham que escola não tem de ser uma lugar espetacular.
Acham que um pé de árvore, com sua sombra e um bom professor, basta.
Não basta.
A escola tem que ser o que é,  o melhor lugar do mundo.
Lembro-me do que dizia Darcy Ribeiro, 30 anos atrás: em qualquer cidade simplória do interior, o prédio mais reconhecido é a igreja: é na rua da igreja, depois da igreja, antes da igreja, do lado da igreja…
Pois é, ninguém acha a igreja “faraônica”, embora se gaste um bom dinheiro para levantar aquela torre com os sinos.
Talvez ninguém se lembre hoje o quanto enfrentamos de ódio por termos feito aquelas piscinas nas escolas: superfaturamento, preços dos filtros, das bombas.
Tudo mentira, mas material para escândalos, como quase nunca virou escândalo foi  elas virarem, pouco tempo depois, poças de água podre exibidas como prova de que que não adianta fazer nada para o pobre.
Malditos fomos nós que, no Governo Brizola, teimamos em fazer.
Não sei onde é esta piscina, nem se foi uma das tantas aterradas anos depois.
Mas a alegria do pulo deste garoto, como eu fui e meu filho é,  faz com que ela seja eterna.
E que valeu a pena viver e valeu a pena fazer.
Mergulhar é um salto sobre o medo.
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