15 de nov. de 2016

PROJETO BRASIL: DNA ÁFRICA E O ENCONTRO COM A ANCESTRALIDADE por Débora Armelin, AFREAKA

BRASIL / ÁFRICA

PROJETO BRASIL: DNA ÁFRICA E O ENCONTRO COM A ANCESTRALIDADE
por Débora Armelin


Brasil: Dna África é uma iniciativa sensível e de extrema importância para o povo brasileiro. (Foto: Reprodução)


No momento de partida para embarcar nos navios negreiros, africanos escravizados eram obrigados a dar várias voltas em torno do imenso Baobá, considerada a árvore do esquecimento, deixando ali sua memória, crenças, origens e história, para assim serem batizados com uma nova identidade cristão-ocidental e serem enviados à diversos países.


Assim, cerca de 4,9 milhões de pessoas foram trazidas para o Brasil nesta condição entre os séculos XVI e XIX. A travessia do Atlântico a bordo destas embarcações em condições sub-humanas causou diversos traumas e uma significante ruptura na história das gerações seguintes que tinham apenas como referência uma ancestralidade escravocrata, sem definição de etnias. Foi então este o ponto de partida do projeto Brasil: DNA África, uma produção da Cine Group que tem como objetivo investigar a origem dos afrodescendentes brasileiros no intuito de reconstruir a identidade de cada um.



Ao todo foram escolhidas 150 pessoas para participarem do projeto que investiga suas origens africanas.  (Foto: Divulgação) 


Foram escolhidas 150 pessoas dos cinco estados brasileiros que mais receberam africanos escravizados: Bahia, Rio de Janeiro, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco. Desses 150, a maioria deles sendo militantes da causa negra no Brasil, cinco foram selecionadas, uma de cada estado, para a série de documentários.


A proposta das filmagens é investigar a origem de cada um dos cinco por meio de três vertentes: histórica, cultural e científica, proporcionando por fim a todos uma viagem ao país de origem de seus descendentes e um contato direto com a etnia, fazendo com que se estabeleça um laço com as raízes.



A proposta das filmagens é investigar a origem de cada um dos cinco por meio de três vertentes: histórica, cultural e científica, proporcionando por fim a todos uma viagem ao país de origem de seus descendentes. (Foto: Divulgação) 


O baiano Zulu Araújo foi quem estreou o projeto, saindo de Salvador direto para a República de Camarões para descobrir que carrega em seu sangue uma herança proveniente da comunidade tikar. Emocionado com essa descoberta, Zulu declarou que foi uma surpresa, “pensava, como muitos baianos, que era iorubá. Tive que refazer minha identidade em minha cabeça aos 62 anos.”


A carioca Juliana Luna também teve a oportunidade de viajar à Nigéria, passando por Lagos e Ilê Ifé em encontro com com sua raiz iorubá. Já Raimundo Garrone foi direto do Maranhão para descobrir-se descendente do povo balanta, de Guiné-Bissau. O pernambucano Levi da Silva Lima por sua vez pegou avião para para Moçambique encontrar com os makuas e finalizando a série, o músico mineiro Sergio Pererê se encantou com a musicalidade do povo Mbundu, na Angola.


Para chegar ao resultado com precisão, os testes de DNA são levados a um laboratório em Washington, nos Estados Unidos, o African Ancestry, que mantém registrado em seus arquivos mais de 220 etnias africanas.



É importante mostrar ao Brasil que o país foi colonizado por africanos e não somente os portugueses. (Foto: Divulgação) 

O diretor-geral do projeto, Carlos Alberto Jr., reforça a importância de mostrar ao Brasil que o país foi colonizado por africanos e não somente os portugueses. Hoje, a população negra ultrapassa os 50% e não se pode esquecer suas origens, estas que provem dos africanos.


Brasil: Dna África é uma iniciativa sensível e de extrema importância para o povo brasileiro no que se refere ao resgate histórico e cultural necessário para construir ou reforçar as heranças negras de cada pessoa. Para que um indivíduo crie sua própria identidade é necessário que ele saiba de onde veio, que ele conheça suas raízes. Que o projeto inspire e prolifere para que seja maior o número de homens e mulheres negras conhecedores de sua ancestralidade.


Visite o site oficial para saber mais: http://cinegroup.com.br/2014/07/brasil-dna-africa/
texto e fotos transcrito de http://www.afreaka.com.br/notas/projeto-brasil-dna-africa-e-o-encontro-com-ancestralidade/

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