Texto por Marcelo Rocha, da Mídia NINJA
Há exatamente um ano, estudantes da periferia de Diadema, na região metropolitana de São Paulo, ocuparam a primeira escola no país: a Escola Estadual Diadema. Este ato desencadeou mais de 200 ocupações no estado, que em seguida se transformaram na “primavera secundarista”, movimento que floresceu em todo país com ocupações em 22 estados e no Distrito Federal.
A gente foi o gatilho de tudo isso. Nós não tínhamos uma comunicação com outras escolas quando decidimos ocupar. Então na madrugada de um dia para outro, o Fernão Dias ocupou. Depois foi aquela loucura da galera ocupando. Hoje é muito bom ver a luta crescendo no Paraná, em Minas, no Ceará, na Bahia, em Goiás, etc., eu nunca pensei que iriam surgir tantas. As pessoas começaram a perceber que o espaço delas começou a ser tirado. Aquele espaço pertence aos estudantes, e ali ele vai ficar. - Rafaela Boani, estudante de 17 anos da EE. Diadema.
A estudante conta que em 2015 foi um manual de como ocupar sua escola - escrito por alunos secundaristas da Argentina e do Chile - que chegou até os brasileiros e motivou os alunos a realizarem a primeira ocupação. Rapidamente o movimento se espalhou.
Na manhã seguinte da experiência em Diadema, a Escola Estadual Fernão Dias Paes também estava ocupada. A partir de então, não houve mais controle. Estudantes de diversos municípios também ocuparam suas escolas e, pela primeira vez em 20 anos, os secundaristas de São Paulo conseguiram barrar as medidas do governo estadual, que iria fechar 93 escolas e remanejar 311 mil alunos, além de derrubar o Secretário de Educação Herman Voorwald.
Meses depois, em março de 2016, os estudantes das escolas estaduais se uniram com os das ETECs (Escolas Técnicas de São Paulo) e ocupam seus prédios e a sede administrativa Centro Paula Souza, responsável por 220 edifícios da instituição.
O segundo levante foi marcado pela grande violência policial e desocupações sem mandato judicial na maioria das ocupações. Mas trouxe outra grande vitória que foi a conquista de merenda escolar, que vinha sendo um grande problema para os estudantes de baixa renda que faziam ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Médio).
Outro marco no mesmo mês foi a ocupação da ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), onde estudantes de diversas organizações estudantis reforçaram a luta para a criação da CPI da Merenda, que ontem (8) chegou à sua 16º reunião, graças àqueles que fizeram história nas ruas, escolas e na assembleia.
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