9 de nov. de 2016

Vannuchi: 'Temos um novo esquadrão da morte em São Paulo'-SP


Vannuchi: 'Temos um novo esquadrão da morte em São Paulo'

Ex-ministro cobra de autoridades, como o governador Geraldo Alckmin, apuração de casos de violência policial
por Redação RBA publicado 09/11/2016 17:37, última modificação 09/11/2016 17:46
DIVULGAÇÃO/POLÍCIA CIVIL
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Cinco jovens foram encontrados mortos em Mogi das Cruzes, há indícios de participação da Polícia Militar
São Paulo – “Temos um novo esquadrão da morte em São Paulo. Fico pensando se o governo estadual fosse do PT. Como o Jornal Nacional e o SPTV tratariam este tema?”, disse hoje o ex-ministro e membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) Paulo Vannuchi à Rádio Brasil Atual. Em conversa com a jornalista Marilu Cabañas, o ex-ministro aborda temas relacionados à violência policial, especialmente aos cinco jovens encontrados mortos em Mogi das Cruzes.
“Vamos ser cautelosos, não há provas definitivas. São indícios muito fortes que apontam para a participação de policiais. Existe a chance de ser mais um episódio de violência policial. O estarrecedor é que isso acontece todos os dias, é um histórico muito preocupante”, pondera. Vannuchi ainda questiona a ausência de humanidade no crime: “Um dos jovens mortos era cadeirante. Que sociedade louca é essa? Se for a polícia mesmo, que criminalidade policial é essa que não chega a ter um sentimento humanitário?”
O ex-ministro cobra um posicionamento das autoridades responsáveis. “Devemos questionar se o governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer ser o Trump brasileiro. Ou será que ele vai lembrar que já foi próximo a Mario Covas, que enfrentou a ditadura e foi cassado? E o Judiciário todo poderoso que decide toda a vida da política brasileira, tira governo e põe governo. Neste caso fica quieto? E o Ministério Público vai fazer algo? Corregedoria e Ouvidoria da Polícia Militar? Mesmo pessoas próximas ao 'tucanato' mas ligadas aos direitos humanos, vão ficar cada um em seu canto?”.
Vannuchi chama a atenção para o fato de que as lutas de defensores de direitos humanos não são contra a polícia, mas contra abusos. “Os direitos humanos consideram que a segurança pública é um direito humano de primeira grandeza. O direito de não ser assaltado, não ser sequestrado ou morto. Temos pleno acordo. Quando trabalhei na pasta dos Direitos Humanos cuidei de fazer um programa que se chamava Política Nacional de Defesa dos Direitos Humanos de Policiais. Isso faz parte de um contexto para que tenhamos um dia em que os filhos de policiais se orgulhem”, diz.
“Vemos policiais que parece que foram treinados nos quartéis para identificar transeuntes como inimigos. O cidadão é inimigo. Tem exceções, mas a polícia que invade o MST, promove chacinas como a de Osasco, Castelinho ou Carandiru realmente é criminosa. É preciso separar as duas bandas, a polícia boa que se envergonha de policiais que, se confirmado, assassinaram cinco jovens, um cadeirante”, completou Vannuchi.
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