19 de fev. de 2017

MINISTÉRIO PÚBLICO QUER COTAS DE TV MAIS JUSTAS NO FUTEBOL BRASILEIRO RAFAEL ZIGGY


Parece que, finalmente, algo começa a ser feito para diminuir a distribuição desigual de cotas que se aplica hoje no futebol brasileiro.
A pedido de alguns dos clubes desfavorecidos, o subprocurador-geral da República, Sady d’Assumpção Torres Filho entrou com pedido de investigação no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sugerindo que exista abuso e prática de conduta contra a concorrência.
Em sua representação, o subprocurador cita que, mesmo com o fim do Clube dos 13 em 2011, os times que eram filiados à entidade continuam se beneficiando de melhores contratos de TV.
Desde que Corinthians e Flamengo passaram a negociar diretamente com a Rede Globo, detentora dos direitos televisivos, o Clube dos 13 deixou de existir.

Abismo Financeiro

Com a movimentação dos times negociando diretamente com a emissora, a vida dos outros clubes, principalmente os fora do eixo Rio – São Paulo, ficaram complicadas. Priorizando audiência e ignorando a meritocracia, um abismo financeiro foi construído entre os vários clubes.
No ano que vem, Corinthians e Flamengo terão 24,8% da verba televisiva, com cerca de 170 milhões ao ano cada. Para o Figueira esse valor não deve chegar a 35 milhões.
Torres cita que o atual cenário impõe “dificuldades de negociação aos demais concorrentes que, apesar de disputarem as mesmas competições, não têm, individualmente, o mesmo poder de barganha”.
Isso acaba, ainda segundo Torres, em “prejuízo para a coletividade”. Com isso “a qualidade dos campeonatos cai muito por causa dessa diferença do que é pago”.
Mesmo assim, o CADE já disse não ver infração à ordem econômica, mas o MPF recorreu. Se não tiver sucesso, o órgão pode ir à justiça.
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO

Outros modelos

Outros modelos dão o caminho do que poderia acontecer no Brasil. Na Inglaterra, a Premier League faz uma divisão das cotas de TV levando em conta outros fatores além da audiência.
A divisão fica assim:
  • 50% divididos igualmente entre todas as equipes;
  • 25% de acordo com o mérito esportivo (melhores colocados);
  • 25% dependendo do número de jogos transmitidos
A NFL vai além: divide igualmente o valor entre os 32 times participantes.

Opinião

Quem mais perde com essa tentativa de “espanholização” por aqui não é só o Figueirense, mas o futebol brasileiro. De nada adianta ter um campeonato feito para apenas dois times disputarem o título.
Os times perdem competitividade, os jogos ficam ruins e o Campeonato Brasileiro, como produto de mídia, fica pior ainda. Sem interesse do público a Globo perde audiência e os clubes perdem público nos estádios.
Com menor interesse, o investimento dos patrocinadores também diminui e prejudica em todo o ecossistema do clube (elenco, patrimônio, categorias de base, etc).
O que torna o futebol brasileiro equilibrado hoje é a incompetência administrativa dos clubes. Mesmo com o abismo de investimento, Flamengo e Corinthians sofrem pra manter os cofres em dia.
Já passou da hora de encontrarmos novas formas de remuneração no futebol brasileiro. O modelo atual já se mostrou insustentável. O 7 a 1 continua ecoando das mais diversas formas, mas continuamos ignorando os sinais.
Se a entidade máxima do futebol brasileiro não age por conta de conchavos políticos, é hora dos prejudicados se unirem e pressionarem por mudanças imediatas. Colocar meritocracia na equação da divisão de cotas. É inviável fazer futebol apenas com as migalhas que sobram dos times de maior audiência.
Ou podemos continuar assistindo de camarote a morte lenta do futebol brasileiro.
https://www.meufigueira.com.br/2015/08/ministerio-publico-quer-cotas-de-tv-mais-justas-no-brasil/
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