2 de mar. de 2017

A gafe do ministro e a familiocracia na política brasileira. - Editor - atual ministro da saúde do GOLPISTA MICHEL TEMER, QUE ESTÁ MAIS PARA CAIR DO QUE BALANÇAR. O MAIOR TIRO NOS PÉS QUE OS GOLPISTAS LEVARAM. QUEBRARAM A CARA, QUEBRARAM A ECONOMIA, QUEBRARAM SUAS EMPRESAS, ALÉM DO MAIOR CARNAVAL DEMOCRÁTICO QUE O BRASIL JÁ VIU COM O FORA TEMER. E NÃO SERÁ SÓ ELE, SERÃO TODOS OS GOLPISTAS E OPORTUNISTAS QUE VARRERAM PARA DEBAIXO DO TAPETE OS 54 MILHÕES DE VOTOS EM DILMA E QUASE OUTROS TANTOS QUE FORAM ENGANADOS, SACANEADOS, LUDIBRIADOS, MANIPULADOS PELA CORJA DE BANDIDOS E LADRÕES DA DEMOCRACIA. TEMOS QUE ARREBENTAR ESSE GOVERNO E PARA ISSO CONTAMOS COM A JUSTIÇA E NÃO COM A IN-JUSTIÇA.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, com sua mulher Cida Borghetti, vice-governadora do Paraná, e sua filha Maria Victoria, deputada estadual e candidata a prefeito de Curitiba, em foto que ela postou no Facebook no Dia dos Pais.

A gafe do ministro e a familiocracia na política brasileira

Ministro da Saúde, Ricardo Barros, que disse que homens trabalham mais que mulheres, é filho e irmão de políticos e marido da vice-governadora do Paraná e pai de jovem deputada estadual.
Maria Victoria (PP) é deputada estadual do Paraná e candidata a prefeito de Curitiba nas eleições de outubro. Cida Borghetti (PP) é vice-governadora do Paraná. As duas políticas paranaenses tornaram-se conhecidas nacionalmente na semana passada por conta de uma trapalhada do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP).
Na quinta-feira (11), o ministro, licenciado do quinto mandato de deputado federal, declarou que os homens vão menos ao médico do que as mulheres porque “trabalham mais”. Segundo o IBGE, as mulheres trabalham quatro horas a mais por semana, somando o tempo que dedicam às atividades domésticas.
A declaração do ministro indignou mulheres e repercutiu mal na imprensa e nas redes sociais de todo o país. Para mitigar o estrago, especialmente no Paraná, base eleitoral do ministro, sua filha deu-lhe um “puxão de orelhas”, em um vídeo divulgado no Facebook. Ato contínuo, o ministro respondeu à filha, desculpando-se e dizendo ter sido “mal interpretado”. Até aí, a gafe do ministro da Saúde, diga-se de passagem, um engenheiro, revelara seu machismo, insensibilidade política e desconhecimento da realidade brasileira. A aparição da filha, entretanto, acrescentou um fato novo a sua história.
Maria Victoria Borghetti Ramos é filha única do ministro. Ela formou-se em Hotelaria na Suíça e fez pós-graduação em Administração na University of Derby, na Inglaterra. Atualmente faz MBA em Relações Governamentais na Fundação Getúlio Vargas, segundo o colunista do jornal Gazeta do Povo, Reinaldo Bessa.
Maria Victoria tem apenas 24 anos de idade e, mesmo tão jovem, já é deputada estadual e candidata a prefeito de Curitiba pelo PP, presidido no Estado pelo pai ministro. A mãe da jovem, Maria Aparecida Borghetti, 51 anos, ex-deputada estadual, ex-deputada federal, é vice-governadora. Conhecida como Cida Borghetti, sua mãe é pré-candidata a governador pelo PP.
O avô paterno de Maria Victoria é Silvio Magalhães Barros. Ele foi vereador, prefeito de Maringá (1973/1977), deputado estadual e deputado federal (1971/1973) pelo MDB. O avô morreu de infarto com apenas 51 anos de idade, no auge da carreira, mas deixou dois filhos que seguiram seus passos: Ricardo Barros, o ministro, e Sílvio Magalhães Barros II.
Ricardo Barros, 57 anos, também começou carreira em Maringá como prefeito do município, aos 29 anos de idade, quase tão precoce como a filha Maria Victoria. Elegeu-se cinco vezes deputado federal. Foi líder dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, é ministro do presidente interino Michel Temer. Seu irmão Sílvio II também foi prefeito de Maringá, mas duas vezes (2004 a 2012), e secretário de Planejamento e Coordenação do governo do Paraná, no mandato atual de Beto Richa (PSDB), do qual sua cunhada é vice-governadora. Desincompatibilizou-se do governo em abril para disputar a prefeitura da cidade dos Barros pela terceira vez.
A história dos Barros retrata a realidade da política nacional. A atual legislatura da Câmara dos Deputados tem o maior porcentual de deputados com familiares políticos desde as eleições de 2002, segundo reportagem da Agência Pública, publicada em 3 de fevereiro pelo Congresso em Foco. Estudo da UnB analisou o perfil dos 983 deputados eleitos entre 2002 e 2010 e identificou crescimento de 10,7 pontos porcentuais no número de deputados herdeiros de famílias de políticos. Em 2010, os políticos herdeiros eram 46,6% da Câmara.
A Transparência Brasil, segundo a mesma reportagem, havia chegado a um porcentual bem próximo. Encontrou, em 2010, 44% de herdeiros na Câmara. A ONG repetiu o estudo depois da eleição de 2014 e concluiu que 49% dos deputados federais eleitos naquele ano tinham pais, avôs, mães, irmãos ou cônjuges com atuação política. Este foi o maior índice das quatro últimas eleições. A reportagem observa que é comum filhos seguirem profissões dos pais em vários ramos de atividade. O problema é que política não é profissão. Devia ser uma atividade temporária e aberta à participação de todos os cidadãos. Por isso, a perpetuação de dinastias familiares, como a dos Barros no Paraná, é um fenômeno social e político do atraso e uma das mazelas de nossa política.
“O que as famílias políticas controlam e legam [a seus herdeiros políticos] na verdade são os contatos com financiadores [de campanha], com controladores de currais eleitorais, com uma teia de apoiadores que disputam outros cargos, esse savoir-faire e esses recursos dão aos herdeiros uma série de vantagens nas disputas, disse à Agência Pública, Luiz Felipe Miguel, professor de ciência política da UnB e coordenador do levantamento que analisou as três primeiras eleições deste século.
A política transforma-se em meio de vida para essas famílias e até mesmo em forma de enriquecimento. Perde seu objetivo, a prestação de serviços de interesse público, para se tornar quase um patrimônio familiar, como se fosse uma empresa, que passa de pai para filho. No caso do ministro Ricardo Barros, ele e o irmão herdaram o capital político do pai, Sílvio Magalhães Barros. O ministro investiu sua experiência para formar a carreira da mulher, Cida, e da jovem deputada Maria Victoria.
No vídeo a filha do ministro afirmou: “Pai, justo o senhor, com duas mulheres como nós em casa, a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti, eu, deputada estadual, que trabalhamos tanto quanto o senhor (…)” Para a filha, o ministro deveria saber, por vivência familiar, que as mulheres trabalham como os homens. Só que a realidade dele parece ser diferente. Como patriarca político, ele é o maestro que rege as carreiras familiares. Por isso o ministro pode ter confundido uma exceção, sua casa, com a regra da maioria das casas brasileiras.
Em tempo: o Rio Grande do Norte é o campeão de herdeiros políticos. Encaixam-se neste perfil 100% dos 8 deputados federais, segundo o estudo da Transparência Brasil. Mas essa tradição também é forte no Paraná do ministro Ricardo Barros. O governador Beto Richa (PSDB) é filho do ex-governador José Richa (1983–1986). A senadora Gleisi Hoffmann (PT) é mulher do ex-ministro Paulo Bernardes. O senador Álvaro Dias, também ex-governador do Paraná, é irmão de Osmar Dias, senador por dois mandatos.



Além de Maria Victoria, outro herdeiro disputa a eleição este ano para a prefeitura de Curitiba. Trata-se do deputado estadual Maurício Thadeu de Mello e Silva (PMDB). Não conhece? Mas certamente já ouviu falar do senador Roberto Requião, também ex-governador do Estado. Thadeu é seu filho e para fazer carreira usou, literalmente, o nome do pai. Seu nome na urna eletrônica foi Requião Filho, o mesmo que vai aparecer na disputa para a prefeitura.
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