21 de mar. de 2017

EDITORIAL O SERTÃO DE LAÉRCIO OLIVEIRA: NUMA MÃO UM COPO D’ÁGUA, NA OUTRA UM PUNHAL. - Editor - Chega de ASSISTENCIALISMO,, necessário se faz POLÍTICAS PÚBLICAS EFICIENTES E NÃO EXCLUDENTES.

   O Sertão de Laércio Oliveira: numa mão um copo d’água, na outra...


O SERTÃO DE LAÉRCIO OLIVEIRA: NUMA MÃO UM COPO D’ÁGUA, NA OUTRA UM PUNHAL

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Sergipe (Fecomércio-SE) e seus parceiros têm dedicado tempo e esforços organizando a campanha “Água para viver” com a finalidade de arrecadar galões e garrafas d’água àquelas famílias que estão em situação de risco pela ausência de chuvas e abastecimento de água no sertão. Embora aparentemente louvável para uma entidade não governamental e pontualmente necessária, segue sendo uma manifestação extremamente desconectada com o século XXI. Ainda que a Federação caiba neste tipo de ação, há uma curiosidade sobre as intenções do homem público que é o seu presidente: O Deputado Federal Laércio Oliveira (SD).
No próprio site da Fecomércio o Deputado afirmou: “Hoje precisamos ajudar nossos irmãos sertanejos que tem sofrido muito com a seca. Tenho andado pelo interior sergipano e a dura realidade do que está acontecendo. Por isso decidi que era hora de nos mobilizar para ajudar as pessoas nesse momento”. Apesar do tratamento dispensado ser característico das ações de caridade (“ajudar”, “irmão”, etc.), o Deputado legislador pode “ajudar” muito mais aquele povo se estudar um pouco mais a realidade do semiárido.
O nordeste brasileiro guarda as marcas dos primeiros latifúndios instituídos no Brasil. Para esta região o Estado somente voltou olhares depois da metade do século XX, com políticas cuja essência era “enfrentar” os longos períodos de estiagem. Tivemos medidas pontuais para o camponês nordestino pobre, controladas regionalmente na sua execução por oligarquias locais. O resultado disso não poderia ser outro que não a subordinação e o impedimento ao desenvolvimento soberano destas populações. Regionalmente as intervenções do Estado no sertão do Nordeste brasileiro – SUDENE e BNB; DNOCS; Projeto Nordeste; Projeto Sertanejo; Projeto Chapéu de Couro – datam a partir da década de 1950.
Enquanto medidas desconexas e focais, estes projetos foram ineficazes inclusive na caracterização do problema: A falsa novidade da seca.
Quando falamos do Semiárido, estamos nos referindo a uma região que ocupa 18,2% (982.566 Km²) do território nacional, abrange mais de 20% dos municípios brasileiros (1.135) e abriga cerca de 11,84% da população do país. Mais de 23,8 milhões de brasileiros/as vivem na região (IBGE, 2014). Comparado com outras regiões semiáridas do mundo, onde chove entre 80 a 250mm por ano, o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do planeta. Nele, cai do céu, em média, de 200 a 800mm anuais. Uma precipitação pluviométrica concentrada em poucos meses do ano e distribuída de forma irregular em todo semiárido. Daí pergunta-se porque não se resolve o problema com projetos de armazenamento, dutos e gestão hídrica eficiente como sugere a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA)? Não há estiagem, mas sim um clima com estas características permanentes.
Em Sergipe a população do território do Alto Sertão é de 146.529 habitantes, dos quais 78.198 vivem na área rural, o que corresponde a 53,37% do total. Possui 12.833 agricultores familiares, 3.564 famílias assentadas, 2 comunidades quilombolas e 1 de terras indígenas. Seu IDH médio é 0,58 (MDA, 2013).
Para lembrar aos Deputados que apoiam as medidas do governo Temer, especialmente o supracitado, podem continuar doando garrafas nas igrejas, mas o problema não será resolvido. E mais, pior que a seca deste e dos próximos anos são os projetos que Vossas Excelências apoiam no sentido de precarizar e terceirizar irrestritamente o trabalho, agravado pela reforma da previdência que atingirá em cheio a qualidade de vida – ou de morte – do povo sertanejo que trabalha arduamente e contribui com a economia local a partir da sua aposentadoria
http://expressaosergipana.com.br/o-sertao-de-laercio-oliveira-numa-mao-um-copo-dagua-na-outra-um-punhal/
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