14 de abr. de 2017

Apelidado de “Caldo”, Maggi é alvo de terceira investigação como ministro. -Editor- O rei da soja e dos latifundios

Apelidado de “Caldo”, Maggi é alvo de terceira investigação como ministro  DE OLHO NA POLÍTICAGOVERNO TEMERPRINCIPALÚLTIMAS

Com menos de um ano de mandato, Ministro da Agricultura aparece na lista da Odebrecht e coleciona investigações. Veja quais
Por Izabela Sanchez – de Campo Grande

Com o apelido irônico de ‘Caldo’ no setor de propinas da Odebrecht, um sistema denominado Drousys, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi (PP-MT) é um dos nove ministros de Michel Temer implicados na bombástica lista de inquéritos do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. Ele será investigado pelo suposto recebimento de R$ 12 milhões da empreiteira durante a campanha de reeleição para o governo do Mato Grosso, em 2006.
Blairo foi citado durante as delações dos diretores da empresa João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto. O dinheiro, de acordo com eles, teria sido repassado em conjunto, durante as campanhas para os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em 2006.
– Afirmam, ainda, que o Grupo Odebrecht detinha créditos em relação aos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, decorrentes de obras públicas realizadas anteriormente, os quais, embora reconhecidos administrativa ou judicialmente, não eram honrados em razão da incapacidade financeira dos citados entes federativos. Esse cenário motivou a formação de Comissão Especial que objetivava angariar repasses da União para fazer frente a esses créditos, sendo fundamental a atuação dos agentes públicos estaduais para acelerar os trabalhos da Comissão.
Segundo os diretores da Odebrecht, durante a campanha de reeleição de Maggi quem teria articulado os valores seria o ex-secretário da Casa Civil e de Fazenda de Mato Grosso, Éder Moraes Dias.
– O solicitante, inclusive, teria mencionado que o pedido era de conhecimento do então Governador, surgindo o repasse de R$ 12 milhões.
NA MIRA DE OUTRAS INVESTIGAÇÕES
O ministro, conhecido como “rei da soja”, está implicado em outras operações. O gabinete de Maggi estava na lista dos 71 alvos de busca e apreensão da Operação Carne Fraca, a maior operação da história da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção envolvendo o Ministério da Agricultura e diversos frigoríficos brasileiros.


“Carne Fraca”: PF fez busca e apreensão no gabinete do ministro

Maggi também teve R$ 4 milhões bloqueados pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso, junto com mais oito réus, entre eles o ex-governador Silval Barbosa (PMDB-MT) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD-MT). Eles são acusados de participar de um esquema de compra de vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), que teria beneficiado o ex-deputado estadual Sergio Ricardo, conselheiro afastado pela mesma decisão judicial.
Além disso, a empresa de Blairo Maggi, a Amaggi Exportação e Importação, é investigada por suposto envolvimento em um dos maiores esquemas de desmatamento da história recente da Amazônia, no Pará. As investigações apontam uma movimentação de R$ 1,9 bilhão entre 2012 e 2015, responsável pela destruição de 300 quilômetros quadrados de florestas, que envolve grilagem de terras e até trabalho escravo. O prejuízo ambiental é estimado em R$ 420 milhões.
O Ministério Público Federal no Pará (MPF-PA) afirma que, em 2012 e 2015, o grupo Amaggi, o grupo Bom Futuro e a JBS S/A realizaram transações financeiras de R$ 10 milhões para o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ ou Jotinha – apontado como líder do esquema – e preso na Operação Rio Voadores, deflagrada pela Polícia Federal em junho.
A suspeita é que o valor seria para a compra de grãos ou de animais procedentes de áreas desmatadas ilegalmente.
OUTRO LADO
O ministro nega qualquer recebimento ilícito da empreiteira. No Facebook, Maggi declarou “lamentar que seu nome tenha sido incluído numa lista de pessoas citadas em delações da Construtora Odebrecht, sem que tivesse qualquer possibilidade de acesso ao conteúdo para se defender”.
“Causa-me grande constrangimento ter minha honra e dignidade maculadas, numa situação na qual não sei sequer do que sou acusado. Mesmo assim, gostaria de esclarecer que: 1. Não recebi doações da Odebrecht para minhas campanhas eleitorais. 2. Não tenho ou tive qualquer relação com a empresa ou os seus dirigentes. 3. Tenho minha consciência tranquila de que nada fiz de errado”, afirmou.
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