16 de abr. de 2017

Estudantes indígenas colam grau no curso de Medicina da UFMG

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Estudantes indígenas colam grau no curso de Medicina da UFMG



Na UFMG
Dois alunos indígenas estão entre os cerca de 130 formandos de Medicina que colaram grau na UFMG nesta sexta-feira, 23. Amaynara Silva Souza e Vazigton Guedes Oliveira, o Zig, são da etnia pataxó e vêm das terras indígenas de Carmésia, no Vale do Rio de Doce mineiro, e de Cumuruxatiba, no Sul da Bahia, respectivamente.
Para os estudantes pataxós, adaptar-se à metrópole e à Universidade foi um processo de descobertas e desafios. As dificuldades da transição da vila para o meio urbano envolveram desde a geografia e o clima até o ritmo de vida e a distância da família, mas, segundo Amaynara, foram minimizadas pelo apoio dos colegas. Ela destaca também o papel da Fump para sua permanência na Universidade, garantindo condições que sua aldeia não teria meios de suprir.
Apesar do choque cultural, Zig [foto] ressalta a importância da inserção de indígenas no ensino superior. “A oferta de vagas em outros cursos além da licenciatura [o curso de graduação Licenciatura Intercultural Indígena] é um desejo antigo dos nossos povos. Foi uma grande conquista de nossas lideranças junto com a Universidade”, comemora.
Zig refere-se ao Programa de Vagas Suplementares para Estudantes Indígenas, por meio do qual ele e Amaynara ingressaram na Universidade. A iniciativa integra as ações afirmativas para indígenas da Universidade, juntamente com as cotas e a formação de educadores indígenas. Instituído em caráter permanente em agosto deste ano, o programa destina vagas adicionais a membros de comunidades indígenas, garantindo-lhes acompanhamento pedagógico, acesso à Moradia Universitária e aos demais programas de assistência estudantil da UFMG.
O preenchimento das vagas se dá por meio de processo seletivo específico, abrindo oportunidades a estudantes que não tiveram acesso ao ensino regular. Segundo Amaynara [foto], o programa desempenha papel importante na inclusão de indígenas na Universidade: “As vagas suplementares conseguem atender os indígenas que receberam uma educação diferenciada na base e têm dificuldades de entrar na Universidade pelas cotas. No vestibular específico, as questões e o tema da redação estão relacionados ao contexto dos povos indígenas”.
Os jovens pataxó aguardam agora os resultados da prova de residência médica para dar continuidade aos estudos. A intenção de ambos é se especializar em medicina de família e comunidade e retornar os conhecimentos obtidos na Universidade para as comunidades indígenas. “Meu objetivo é trabalhar com saúde indígena”, conta Amaynara. Zig pretende ganhar pelo menos um ano de experiência antes de retornar para sua aldeia. “Quero voltar para a comunidade o mais preparado possível”, justifica.
Em entrevista concedida à TV UFMG em setembro deste ano, Amaynara falou de sua escolha acadêmica e profissional e analisou a assistência estudantil da Universidade e a importância da inserção de indígenas no ensino superior.
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