2 de abr. de 2017

'Todo poder ao povo!' Panteras Negras, cultura popular e performance contra a escravidão


Número 126CURTA ESSA DICA

'Todo poder ao povo!' Panteras Negras, cultura popular e performance contra a escravidão

Teatro do Incêndio reúne mestres da cultura popular; exposição exibe obras do designer e ilustrador dos Panteras Negras e artista denuncia escravidão e racismo com performances no MAC USP
por Xandra Stefanel, especial para o Curta Essa Dica publicado 02/04/2017 17h32  http://www.redebrasilatual.com.br/revistas/126/cultura-popular-panteras-negras-e-performance-contra-a-escravidao
DIVULGAÇÃO
dicas
Catira e umbigada
Nos dias 4 e 18 de abril, o Teatro do Incêndio realiza, às 19h, na sede do grupo, no bairro da Bela Vista, os próximos encontros do projeto Rodas de Conversa – A Gente Submersa sobre os temas “Catira – Palmeado, Sapateado” e “Viola e Samba de Umbigada”, respectivamente. As atividades terão participação de Os Favoritos da Catira, de Guarulhos, e do Batuque de Umbigada, de Capivari.
A catira, que será debatida e apresentada no dia 4 de abril, é uma dança folclórica cujo ritmo é marcado pela batida dos pés e das mãos dos dançarinos, acompanhados por violeiros que cantam “modas”. Esta manifestão cultural típica do interior traz influências indígenas, africanas e europeias. Já a umbigada, tema do encontro do dia 18 de abril, é uma dança afro-brasileira criada nos quilombos. Este nome teve origem na forma que os escravos se vestiam, sempre com umbigo de fora por causa de suas roupas curtas e apertadas.
Rodas de Conversa – A Gente Submersa é um projeto promovido em comemoração aos 21 anos do Teatro do Incêncio, com realização de encontros com mestres da cultura popular e de comunidades tradicionais do estado de São Paulo.
RAFAEL LEITÃO/DIVULGAÇÃOUmbigada
Umbigada é uma dança afro-brasileira criada nos quilombos, cujo nome tem origem nas roupas dos escravos
Os eventos organizados em parceria com a Comissão Paulista de Foclore serão realizados até dia 10 de outubro e com o intuito de promover a diversidade de saberes e fazeres tradicionais com vivências de temas ligados à dança, música, religiosidade, dialeto e culinária.
Além da catira e da umbigada, serão temas das rodas de conversa o fandango (2/5), artesanato, benzedeira e temperos (16/5), cururu, violas e Divino (30/05), canto para reis (13/6), jongo (27/6), reisado (11/7), congadas (25/7), aldeia indígena (8/8), dança de Santa Cruz (22/8), cantos sagrados (5/9), moçambique (26/9) e recomenda de almas (10/10).
Rodas de Conversa – A Gente SubmersaCatira: 4 de abril, às 19h
Umbigada: 18 de abril, às 19h
Onde: Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48, Bela Vista, São Paulo (SP)
Quanto: grátis (sem necessidade de retirada ingresso)
Duração: 1h20
Capacidade: 80 lugares
Mais informações: (11) 2609-3730 / 2609-8561 / www.teatrodoincendio.com
EMORY DOUGLAS/DIVULGAÇÃOBlack Panthers
Cartaz de Emory Douglas
Poder ao povo
A mostra Todo Poder ao Povo! Emory Douglas e os Panteras Negras apresenta, até 4 de junho no Sesc Pinheiros, um conjunto de obras do diretor artístico, designer e ilustrador do jornal do Partido dos Panteras Negras, Emory Douglas. Com curadoria do coletivo colombiano La Silueta, a exposição também traz uma seleção de imagens do fotojornalista estadunidense Stephen Shames e um acervo de fotolivros, cartas e discos.
As obras dão ao visitante uma visão geral do que foi o fenômeno midiático e de representatividade política do movimento dos Panteras Negras, uma organização política que idealizou manifestos com reivindicações sociais, econômicas e políticas voltada para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos.
Emory Douglas, também entitulado Ministro da Cultura do partido Panteras Negras, foi responsável em grande parte pela concepção estética e publicitária dos Black Panthers, e foi o criador do slogan “Todo poder ao povo!”. Estarão em cartaz a arte gráfica que contribuiu para a construção de imagens icônicas com temas sociais e políticos reconhecidos mundialmente.
Além da mostra, outras atividades integradas serão oferecidas em paralelo, como por exemplo o curso de criação gráfica, de produção de publicação em serigrafia e offset e também de gráfica, no qual o Sesc Pinheiros convida artistas, produtores independentes, jovens estudantes e ativistas a imprimir seus lambe-lambe, zines, revistas, cartazes e artes em uma máquina offset. Tudo isso, inspirado nas produções de Emory Douglas e nas preocupações político-sociais do Partido dos Panteras Negras.
Todo Poder ao Povo! Emory Douglas e os Panteras Negras Quando: até 4 de junho
De terça a sábado, das 10h30 às 21h30, e aos domingos, das 10h30 às 18h30
Onde: Sesc Pinheiros, no espaço expositivo (2º andar)
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Classificação: livre
Mais informações: (11) 3095-9400

Performance de Fyodor Pavlov-Andreevich contra a escravidãoAbaixo a escravidão!
O artista russo Fyodor Pavlov-Andreevich é tema da exposição Monumentos Temporários, que exibe até 13 de agosto no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) fotoinstalações e microfilmes de suas performances. Há quatro anos, Fyodor pesquisa sobre a escravidão histórica e contemporânea no mundo, em especial no Brasil. As cenas montadas pelo artista recriam situações tanto históricas quanto contemporâneas.
Depois da pré-estreia no Centro de Arte Contemporânea Winzavod, em Moscou, um dos principais performers da Rússia apresenta a exposição completa ao público brasileiro. Ele explora os limites de seu corpo para rememorar a dor e a humilhação dos que foram e ainda são escravizados. No lançamento da mostra, no dia 1° de abril, Fyodor ficou pendurado a 40 metros de altura durante 7 horas com uma faixa que chamava a atenção do público para a escravidão contemporânea.
Entre as performances apresentadas por meio de fotos e vídeos, estão: uma que representa o intenso esforço dos escravos que escalavam as árvores durante a noite em busca de sementes para contrabandear e tentar conseguir dinheiro para comprar alforria; outra que simboliza a humilhação que os escravos sofriam ao ter de carregar as fezes dos senhores por quilômetros até poderem despejá-las no mar; e também outra que relembra o caso do jovem de 14 anos, negro, suspeito de furto, que foi violentamente agredido, deixado nu e preso com uma trava de bicicleta a um poste, na zona sul do Rio de Janeiro.
De pele muito clara e loiro, Fyodor atou-se a um poste, nu e ficou lá por sete horas e escancarou a distinta reação dos passantes. Ao todo, serão apresentadas sete performances realizadas entre 2014 e 2017.
Apesar de o trabalho do artista se basear no contexto social, político e cultural brasileiro, Fyodor afirma que trata-se de um projeto global. "Meu trabalho não é sobre uma nação em particular. Sou russo, passo meu tempo entre lá e o Brasil. Os dois países estão lutando para lidar com o pesado legado do patrimônio totalitário: muitos brasileiros ainda se consideram proprietários de escravos, ou até mesmo escravos, ao passo que os russos se consideram a melhor e a única nação do mundo, ainda que o país ocupe a 7ª posição no Índice de Escravidão Global. Hoje, 1,4 milhões de trabalhadores na Rússia consideram-se escravos devido às condições severas de trabalho e de vida, principalmente aqueles vindos do Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão, e, somando-se a isto, sofrem também com ataques e manifestações xenofóbicas, de ódio e de violência física. O meu projeto é sobre como o trabalho escravo continua a existir, de uma forma ou de outra, na cabeça, no corpo, nas práticas e nas condutas de cada um de nós”, afirma.
Monumentos Temporários – Fyodor Pavlov-AndreevichQuando: até 13 de agosto
Às terças-feiras, das 10h às 21h e de quarta a domingo, das 10h às 18h
Onde: MAC USP, no 3° andar
Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, Parque Ibirapuera, São Paulo (SP)
Quanto: grátis
Classificação: 12 anos
Mais informações: (11) 2648-0254
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