1 de mai. de 2017

Secretário da Segurança do MA foi guarda-costas de Sarney

Secretário da Segurança do MA foi guarda-costas de Sarney

Bruno Lupion
Do UOL, em Brasília
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  • Divulgação/Governo do Maranhão
    Aluísio Mendes, secretário de Estado de Segurança Pública do Maranhão, era guarda-costas de Sarney
    Aluísio Mendes, secretário de Estado de Segurança Pública do Maranhão, era guarda-costas de Sarney
No epicentro da crise de violência no Maranhão, o secretário de Segurança Pública do Estado, Aluísio Guimarães Mendes Filho, resiste no cargo graças à proximidade com o senador José Sarney (PMDB-AP), chefe do poderoso clã e pai da governadora Roseana (também do PMDB). Ele foi segurança de Sarney, comandou a arapongagem no Maranhão e obteve emprego para a filha no Senado.

Ex-agente da Polícia Federal, Aluísio é ligado ao senador desde a década de 90. Em 2003, Sarney o escolheu para ser um dos oito funcionários de confiança remunerados com verba pública a que todo ex-presidente da República tem direito. Nomeou Aluísio para ser seu segurança pessoal. O ato foi publicado no Diário Oficial da União em 23 de abril de 2003.
Hoje ele enfrenta, no comando da Segurança Pública do Estado, aumento de 17,4% da taxa de homicídio de 2011 a 2012 –último dado disponível –, incêndios propositais em ônibus urbanos e uma disputa sangrenta entre duas facções criminosas.
Aluísio fez a segurança pessoal de Sarney até 3 de setembro de 2009, quando sua lealdade foi recompensada e acabou alçado ao cargo de subsecretário de Inteligência do Maranhão. O posto lhe deu o comando do sistema "Guardião" do Estado, capaz de grampear 300 celulares e 48 linhas fixas simultaneamente.
Um ano antes, um grampo havia colocado Aluísio na mira de um inquérito da PF (Polícia Federal). Ele teve conversas telefônicas interceptadas e foi alvo de um pedido de prisão preventiva no âmbito da Operação Faktor (ex-Operação Boi Barrica), negado pela Justiça.
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1965 - Cartaz de campanha política de José Sarney como candidato do governo no Maranhão. Ele assumiu como governador aos 35 anosVEJA MAIS >Imagem: Reprodução/josesarney.org
Os policiais e o Ministério Público Federal suspeitaram que Aluísio aproveitara seus contatos na PF para repassar informações sigilosas a Fernando Sarney, filho do senador, que estava sendo investigado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Por falta de provas, a Justiça determinou o arquivamento do inquérito contra Aluísio. Em abril de 2010, ele assumiu o posto máximo da Segurança Pública maranhense no governo Roseana.

Filha no Senado

O vínculo de benefício mútuo entre Aluísio e os Sarney vai além do campo da pasta da Segurança. Em janeiro de 2007, a filha do ex-agente da PF, Gabriela Aragão Guimarães Mendes, então estudante, ganhou um cargo de confiança no gabinete de Sarney no Senado.

A nomeação foi assinada pelo ex-diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, exonerado em 2009 após a imprensa divulgar que ele costumava nomear parentes de senadores para cargos por meio de atos secretos, não publicados no Diário Oficial.

O jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou, à época, que Gabriela seria "funcionária fantasma" e não aparecia no trabalho. Sarney negou e disse que a jovem cumpria seu horário "com assiduidade".

Aluísio também foi chefe de gabinete da presidência do CJF (Conselho da Justiça Federal), órgão supervisor e corregedor das varas e tribunais da Justiça Federal no país, na gestão de Edson Vidigal –ex-assessor jurídico de Sarney na Presidência da República e nomeado por ele ministro do Superior Tribunal de Justiça, em 1988.

Para exercer o cargo, Aluísio obteve licença do posto de segurança pessoal de Sarney de julho de 2004 a outubro de 2005. Vidigal se aposentou em março de 2006.

"Dívida"

O deputado federal Domingos Dutra (SDD-MA), adversário histórico dos Sarney no Maranhão, afirma que Roseana manterá Aluísio no cargo pois o clã "tem uma dívida" com o ex-agente da PF. "Como o Aluísio era da comunidade de informações da Polícia Federal, ele alertou o Fernando [Sarney] sobre vários procedimentos, inclusive no caso da Operação Boi Barrica", afirma.

UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão na quarta-feira (8), mas não obteve retorno até esta quinta-feira (9).
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13.fev.2014 - Agentes federais conduzem detentos dentro do aeroporto Marechal Cunha Machado, em São Luís, no Maranhão, nesta quinta-feira (13). Segundo a Sejap (Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária), nove presos de alta periculosidade e que são líderes de facções criminosas embarcaram nesta manhã. O nome da penitenciária federal que os presos foram transferidos não foi divulgado por motivo de segurançaVEJA MAIS >Imagem: Nilson Figueredo/Divulgação

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