24 de mai. de 2017

Virada demonstrou a incapacidade de gestão de Doria, avalia ex-secretário de Cultura. -Editor- mesmo para ser gestor, precisa ter sensibilidade pública

FRACASSO DE PÚBLICO

Virada demonstrou a incapacidade de gestão de Doria, avalia ex-secretário de Cultura

Para Nabil Bonduki, relação custo-benefício do evento de 2017 é insustentável. "Foi um desastre de organização e de gasto de dinheiro público"
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 23/05/2017 15h07
DANILO FERNANDES/BRAZIL PHOTO PRESS/FOLHAPRESS
viradinha
Mesmo nos palcos grandes da Virada Cultural, artistas consagrados não conseguiram reunir grande público
São Paulo – O ex-secretário de Cultura na gestão de Fernando Haddad (PT) Nabil Bonduki avaliou como “uma clara demonstração de incapacidade de gestão” a primeira Virada Cultural organizada pelo prefeito da capital paulista, João Doria (PSDB). Realizado no último final de semana, o evento teve público pequeno se comparado com edições anteriores, problemas de organização e estrutura e, até mesmo, esquecimento de montar palcos para apresentações. “Foi um desastre de organização e de gasto de dinheiro público. Foram investidos R$ 13 milhões, com impacto mínimo na população e, certamente, quase zero arrecadação. Um custo-benefício insustentável”, avaliou.
Para o Bonduki, o prefeito não está interessado na Virada como ela se consolidou ao longo dos anos, com ocupação do centro por pessoas de todas as regiões da capital e de cidades vizinhas. “Doria já havia indicado confinar a virada no Autódromo de Interlagos. Não o fez, mas a perspectiva de ‘privatizar o evento’, não no sentido de cobrar ingresso, mas de fechá-lo em um local restrito e de acesso a poucos, parece não estar descartada”, avaliou o ex-secretário, que não desprezou a possibilidade de se justificar o fim do evento com esses problemas. “Da forma como feito, é jogar dinheiro fora”, completou.
Nas redes sociais, a percepção sobre o evento passou longe de ser positiva. Para muitas pessoas, Doria e o secretário municipal de Cultura, André Sturm, “mataram a Virada”, com a ideia de retirar os grandes shows do centro da cidade e espalhá-los na cidade. Apelidos não faltaram para desqualificar o evento deste ano, que chegou a reunir quase cinco milhões de pessoas no ano passado – ainda não há estimativa para este ano. “Furada Cultural”, “Atrasada Cultural” e “Esvaziada Cultural” foram alguns deles.
Doria decidiu levar os grandes shows para a Chácara do Jockey (zona oeste), no Sambódromo do Anhembi (zona norte), no Parque do Carmo (zona leste), no Autódromo de Interlagos (a chamada Viradinha, especial para crianças) e na Praça do Campo Limpo (ambos na zona sul). No centro, havia tablados de até um metro de altura com shows diversos, pouco distantes uns dos outros, o que causou interferências. Em vários locais ocorreram falhas técnicas, o que levou a reclamações de artistas. Na rua São Bento, no centro, o palco dos Dj's simplesmente não foi montado.
O ex-secretário lembrou que a descentralização já vinha sendo realizada, mas nunca com o objetivo de esvaziar o centro da cidade. “Não alteramos o espírito da Virada, que é o convívio no centro, a diversidade pela qual se pode circular. Em 2016, além do centro, foram 81 locais, entre equipamentos, ruas e palcos”, explicou.
Nabil destacou ainda que, ao participar da articulação da violenta ação policial na região da Luz conhecida como Cracolândia, ocorrida na manhã de domingo, o prefeito demonstrou que não tem respeito pelo evento. “Sem entrar na questão dos direitos humanos da população que vivia no local, realizar uma ação desse porte durante o maior evento cultural da cidade, colocando os participantes em risco, é um absurdo”, concluiu.
http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2017/05/virada-demonstrou-a-incapacidade-de-gestao-de-doria-avalia-ex-secretario-da-cultura
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