1 de ago. de 2017

A hora e a vez das intelectuais negras. - Editor - VIVER ESCONDENDO A NEGRITUDE DO BRASIL, É NEGAR A PRÓPRIA ESSENCIA DO BRASIL. DEMOCRACIA RACIAL.

Catálogo que põe em evidência o trabalho de 120 mulheres negras será lançado na Flip

Flip 2017 literatura mulheres negras
a pesquisadora Giovana Xavier responsável pelo catálogo. ROBSON MAIA
A 15ª edição da Festa Literária de Paraty (Flip) trará, além das tradicionais mesas de debate, uma novidade: o lançamento de uma obra, que no caso é o catálogo Intelectuais Negras Visíveis. O livro revela a produção de 120 mulheres negras em 12 diferentes campos de atuação que vão muito além da literatura ou da produção acadêmica. O catálogo será disponibilizado apenas nas plataformas online e foi desenvolvido pelo grupo de estudos Intelectuais Negras UFRJ e organizado pela professora Giovana Xavier. O lançamento acontecerá no dia 29 de julho na Casa Amado e Saramago, um dos núcleos paralelos da programação, e foi planejado pela curadora da Flip 2017, a historiadora e jornalista Joselia Aguiar, que se interessou pelo projeto depois de ler as críticas feitas por Xavier no ano passado quando a Flip não teve nenhum autor negro em suas fileiras.
Entretanto, as duas refutam que o convite seja uma resposta às reprimendas da pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ao evento anterior. Giovana conta que sentiu no convite um “movimento sincero” no sentido de acompanhar as transformações sociais que o Brasil está vivendo. Joselia, por sua vez, argumenta que a Flip é um evento de referência e excelência e por isso tem responsabilidade em acompanhar esses debates, que estão sendo pautados no mundo todo.
Capa do catálogo.
Capa do catálogo. 
A obra é ainda mais inovadora por dilatar o conceito estabelecido de intelectual já que não trata apenas da estudiosas validadas pelas universidades. “Observar a participação de mulheres negras em áreas como saúdedireitos humanos, empreendedorismo acaba contrariando o estereótipo de ler a mulher negra como uma coisa só, um objeto ou alguém sempre disponível para servir”, afirma Xavier. Intelectuais públicas e educação básica são dois campos de atuação que a pesquisadora trata como menina dos olhos. Segundo ela, o trabalho de professoras, é muito silenciado e este é um espaço importante pois é onde se educa as futuras gerações.
O catálogo não teve nenhum financiamento institucional. Para ganhar vida, as pesquisadoras da UFRJ contaram com o apoio de personalidades como a mestre em filosofia Djamila Ribeiro, o autor e escritor Lázaro Ramos, a dentista Marcia Alves e a jornalista Flávia Oliveira.

OS ECOS DE LIMA BARRETO

Além do lançamento do catálogo, neste a Flip terá terá como homenageado principal um autor negro. Na visão da curadora, o tributo a Lima Barreto também não pode ser considerado uma resposta à ausência de autores negros no ano passado.
Ela revela que trazer a obra do escritor e jornalista como personagem principal já era um desejo da Flip desde 2014 quando uma campanha na internet para que Lima fosse o homenageado já naquele ano. “A questão racial aparece, mas o Lima é debatido e apresentado em toda sua pluralidade como autor”, afirma Joselia.
A pesquisadora Giovana Xavier também questiona o título da Flip como um evento ativista. “Ela  continua sendo um evento literário e o Lima Barreto está ali porque ele preenche todos os requisitos do que é ser um literato”, conclui.
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/13/cultura/1499972508_877714.html
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