21 de set. de 2017

Por que é importante transformar a Venezuela em um narco-Estado?


Por que é importante transformar a Venezuela em um narco-Estado?

Conheça as estratégias dos Estados Unidos para minar a Revolução Bolivariana na Venezuela.




Na última semana, William Brownfield, ex-embaixador dos Estados Unidos na Venezuela e atual sub-secretário adjunto do Departamento de Estado para temas relacionados a drogas, afirmou em uma audiência sobre a Colômbia que o Estado venezuelano – não só o governo, mas basicamente todas as instituições do Estado venezuelano -, estavam “completamente penetradas” por organizações relacionadas com o tráfico de drogas.
Embaixador William Brownfield: Eu me envolvi com a Venezuela pela primeira vez em 2004, quando cheguei como embaixador dos Estados Unidos. Naquele momento, eu teria dito que o tráfico de drogas organizado estava começando a penetrar os altos escalões do governo da Venezuela, suas instituições de segurança e de justiça. Treze anos depois, eu diria que eles penetraram minuciosa e completamente virtualmente todas as instituições relacionadas à segurança, à imposição da lei e justiça na República Bolivariana da Venezuela.
Brownfield é um visceral opositor da Revolução Bolivariana – e um dos principais formuladores das políticas dos Estados Unidos para a Venezuela. Enquanto esteve como embaixador no país, Brownfield concebeu e implementou uma estratégia de cinco pontos para desestabilização do então governo Chávez – estratégia que, em muitos aspectos, continua a ser implementada. O plano de Brownfield, revelado pelo Wikileaks, consistia no uso de instituições como a USAID e a NED para, através da canalização de fundos para ONGs de oposição, dividir e penetrar a base do chavismo, e, acima de tudo, isolar Chávez internacionalmente. E uma das estratégias utilizadas nesse sentido foi justamente associar Chávez e seu governo não só com o narcotráfico, mas também com o terrorismo.
CBN Reports: Bem, todos nós sabemos que os cartéis poderosos fizeram uma fortuna no comércio de drogas na fronteira dos Estados Unidos com o México. E agora ditadores e os grupos terroristas islâmicos estão seguindo o seu exemplo – surpresa! E uma vez mais, nosso velho amigo, Hugo Chávez, está no centro de tudo isso.
CBN News: Ainda que Al Qaeda, Hezbollah e Hugo Chávez sejam diferentes de muitas maneiras, eles compartilham um inimigo em comum, os Estados Unidos, e de acordo com oficiais dos Estados Unidos, tráfico de drogas também conecta e ajuda a financiar essa perigosas redes.
E a estratégia persiste:
Reuters: Venezuela está respondendo aos Estados Unidos sobre as sanções contra o vice-presidente do país socialista, acusado de tráfico de drogas. Os Estados Unidos rotularam o vice-presidente Tareck El Aissami como um dos chefes do tráfico, acusando-o de facilitar remessas via ar e mar.
Senador Marco Rubio: “E finalmente, complicando ainda mais essa questão, está a existência, dentro do governo, de elementos do narcotráfico. Múltiplos líderes e figuras dentro desse regime, que além de operar entidades do governo, estão também envolvidos em atividades de narcotráfico, que movem dezenas de milhares de dólares, se não bilhares”
Mas por que é tão importante associar o governo venezuelano com temas como narcotráfico, corrupção, terrorismo?
Em primeiro lugar, porque essas são pautas vendidas facilmente. São categorias pouco questionadas, uma vez que são construídas em cima de preconceitos já arraigados na sociedade. É também uma maneira bastante simples de deslegitimar governos. A ideia de que as instituições e os governos progressistas – especialmente os latino-americanos – são inerentemente corruptos já está tão consolidada que não são necessárias provas ou mesmo evidências: basta afirmar que um governo está “completamente penetrado” pelo narcotráfico ou pela corrupção e pronto. Imediatamente a ideia é endossada e repetida.
Além disso, essas são categorias que dialogam com a subjetividade coletiva dos americanos. E exatamente por isso se tornam justificativas perfeitas para o intervencionismo. Porque devemos nos preocupar com a Venezuela? Porque, assim como o terrorismo, as drogas, a corrupção, ameaçam não só a segurança pessoal, mas também todo um estilo de vida. São fatores desestabilizadores, e instabilidade, afinal de contas, é ruim para os negócios.
São também uma importante desculpa para a canalização de fundos. Desde os anos 70, os Estados Unidos investiram mais de um trilhão de dólares na sua guerra contra as drogas na América Latina – sem muitos resultados efetivos, além da criminalização de movimentos populares e progressistas e a perda de milhares de vidas. Mas, acima de tudo, as guerras às drogas, à corrupção, ao terrorismo, têm um papel fundamental na consolidação do poder. Segundo o realismo neoclássico, a posição de um Estado no sistema internacional não está apenas relacionada com a distribuição global de poder, mas sim com a capacidade de mobilização daquele estado. E essa mobilização está relacionada, acima de tudo, com a habilidade desse estado de perseguir e destruir “monstros”. Assim, elementos sistêmicos identificados como uma ameaça são um componente fundamental de poder do Estado. E nesse jogo de poder, nenhuma carta está fora do baralho.
Donald Trump: Não há nada que o stablishment político não fará, nenhuma mentira que eles não contarão, para manter seu prestígio e poder às suas custas. E é isso o que vem acontecendo.
http://www.nocaute.blog.br/america-latina/porque-e-importante-transformar-venezuela-em-um-narco-estado.html
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