1 de set. de 2013

Fóum de Parlamentares e Autoridades Locais do Turismo - Puerto Vallarta- México -Matéria com Carlos Vogeler OMT



Fórum de Parlamentares e Autoridades Locais do Turismo que será  realizado em Puerto Vallarta (México), que analisará as oportunidades criadas para o turismo pela crise mundial é um dos temas abordados nesta entrevista, além de valiosas apreciações sobre o turismo mundial, principalmente na América Latina.
Qual a data do Fórum?
De 16 a 18 de novembro e vão participar a ministra do Turismo do México, Gloria Guevara, o secretário-geral da OMT e o ministro do Turismo das Filipinas porque o fórum anterior foi realizado ali.


Por que Puerto Vallarta?
Pelo interesse do governo do México e do estado de Jalisco na realização do fórum. A outra opção era Guadalajara, mas um magnífico centro de convenções inaugurado recentemente em Puerto Vallarta foi um dos fatores da decisão que permitirá uma boa projeção do destino.
Qual o objetivo do fórum?
As reuniões da OMT são realizadas em geral com responsáveis de turismo dos governos e com o setor privado. Nas reuniões com  parlamentares e autoridades locais queremos criar consciência da importância das legislações nos parlamentos e das acoes realizadas nas instâncias locais. Assim, o fórum vai tratar da situação econômica mundial e de seu impacto no turismo, bem como do lugar que ocupa o turismo no legislativo e no executivo dos diferentes países; das políticas de centralização ou de descentralização aplicadas e dos resultados delas.
Vamos analisar ainda a contribuição do turismo ao desenvolvimento sustentável e às metas do milênio, à igualdade de gênero, ao alívio da pobreza  e ao desenvolvimento das comunidades locais.
Outros temas serão a proteção ao consumidor e a facilitação das viagens, e aí serão analisados, por exemplo, os alertas sobre determinados riscos e experiências como a do vulcão islandês e talvez a necessidade de um convênio internacional para as situações desse tipo.
Outro tema muito importante é o das parcerias entre os setores público e privado e como uma melhor sintonia entre eles pode contribuir para o desenvolvimento e a competitividade.
São temas muito ligados à situação atual do turismo que envolvem atores que nem sempre participam da atividade turística, como os parlamentares ou as autoridades locais.
Vejo que são temas importantes, mas não mencionou a cultura, que é chave na nova visão do turismo...
Vamos discutir sobre a cultura indiretamente inserida nos temas do desenvolvimento sustentável e das metas do milênio porque esses temas vão incluir os aspectos econômico, social, ambiental e cultural e, no aspecto cultural, o turismo comunitário, as culturas autóctones e a autenticidade que procura o novo turista são temas chave, principalmente na América.
O senhor viajou recentemente pela América Central, o que acha do desenvolvimento turístico na região?
Acho que é algo muito positivo. Na Costa Rica e na Guatemala tive a oportunidade de interagir com os governos, com o setor privado e com a mídia, que são peças chave. Na Guatemala falávamos da importância de coordenar o trabalho dos quatro fatores principais, a saber: o setor público, o setor privado, a mídia e o setor acadêmico ou de formação.
Na América Central vejo uma tendência muito positiva por diversos motivos:  primeiramente pela estabilidade política desde há 20 anos e depois porque o processo de integração centro-americano está favorecendo muito o desenvolvimento do turismo. Prova disso é que em 2010 a média de crescimento do turismo internacional na região é de 9%, acima do crescimento mundial.
Além disso, a América Central tem recursos culturais e históricos, muito procurados pelo novo turista, ainda que tenha desafios de infra-estrutura, conectividade aérea e segurança, mas sei que a Costa Rica, a Guatemala e os outros países têm a vontade política para resolver isso e para que o turismo faça parte da política de Estado.
No caso do Panamá, um destino comercial até há pouco tempo, o novo governo está tentando abrir o país ao turismo... Como o sr. percebe a posição deles?
É um magnífico exemplo porque é um governo com uma visão muito empresarial, prática e executiva das coisas que se traduz nas suas atuações no turismo e percebemos isso muito claramente. Há uma parceria muito forte entre os setores público e privado e fica claro que o turismo é um dos eixos do desenvolvimento. Por outro lado o país tem recursos naturais e o outros criados pelo homem como o Canal, que tem muito influência nos negócios e no comércio e não devemos esquecer que o turismo de negócios é um nicho muito importante.
Como apoia a OMT os governos e países emergentes na América Latina e Caribe, principalmente a parte de língua inglesa - a Caricom - , mais distante da Europa e dos países de língua espanhola e mais próxima dos Estados Unidos?
É verdade que há uma separação entre o Caribe de língua inglesa e de língua espanhola, dois mundos muito próximos geograficamente, mas distantes entre eles. Na prática estamos trabalhando de maneira bilateral, por exemplo temos relações estreitas no âmbito de países de língua inglesa como a Jamaica e Barbados, com dois ministérios do turismo muito ativos. Dos países de língua inglesa trabalhamos com Cuba e a República Dominicana  principalmente. O Haiti, com ótimos recursos naturais, mas com uma situação muito complexa, nunca esteve no mapa turístico mundial .
Depois do terremoto, constituímos o Grupo de Montego Bay, com Cuba, República Dominicana e os países de língua inglesa, para dialogarmos com o ministro do Turismo do Haiti a fim de que um dos fatores da recuperação do país fosse o turismo. Por outro lado o presidente Preval já tinha falado de desenvolver duas áreas de atividade: a agricultura e o turismo.
Esse é um exemplo de coesão no qual os países caribenhos de língua inglesa integram-se aos de língua espanhola e com o Haiti, que queríamos que se sentisse integrado na região.
Outras organizações estão trabalhando também, como a Organização do Turismo do Caribe (CTO), que está muito mais concentrada no âmbito dos países de língua inglesa, e na qual os países de língua espanhola sentem-se um pouco mais distantes.
Desculpe, você mencionou a Jamaica e Barbados, mas está falando da CTO e a CTO é Barbados, juntamente com a sede em Nova York. Esses são os dois pontos reais da CTO.
Bem, é que são os pontos onde se encontra a secretaria geral da CTO, mas não se pode negar que Barbados é o país que mais tem apoiado a sede. Concretamente queremos uma CTO mais aberta aos países do Caribe não anglo-saxão e ao Caribe continental, não apenas insular. Estamos trabalhando ainda com a OEA. O objetivo é que o Caribe seja apresentado como uma região coesa e possa trabalhar mais sua própria imagem de marca.  
Há um problema muito importante a superar e é a conectividade aérea interinsular para o desenvolvimento do multi-destino, principalmente voltada para mercados emissores mais distantes como os europeus. Há muito trabalho a fazer, mas estamos deitando os alicerces.
Carlos, sua resposta é politicamente correta, mas eu, que não sou um político,  posso te dizer que sou membro da CTO há 17 anos. Temos um continente chamado Iberoamérica porque foi descoberto por espanhóis e portugueses, não pelos ingleses nem pelos franceses que ocuparam as ilhas que os outros ao ocuparam. Como a Iberoamerica pode ser defendida por uma organização que não tem nem sequer um comunicado de imprensa em língua espanhola, nem membros que falem espanhol porque não é a língua oficial, nem o francês nem o holandês? O único fundo de investimento que tem, quer seja da Comunidade Europeia ou dos Estados Unidos, é principalmente destinado ao mercado americano. A formação é feita para o mercado americano, não par o europeu. Então, quais seriamas medidas para a globalização do Caribe com uma visão não anglófona e americana, ou da mãe caribenha Caricom, que tem em sua base fundamental em Londres?
A nossa função não é darmos lições. Como organismo das Nações Unidas observamos as situações e tentamos apoiar, mas obviamente uma medida adequada seria a integração entre as comunidades de língua inglesa e de língua espanhola. É verdade que uma boa parte do turismo para o Caribe, com exceção de Cuba, vem dos Estados Unidos e isso faz com que os recursos sejam concentrados com esse mercado na mira, mas, evidentemente, gostaríamos de ver um Caribe mais integrado do ponto de vista dos países de língua espanhola e inglesa.
De qualquer maneira, a comunidade ibero-americana está reforçando sua personalidade, por exemplo através do trabalho da secretaria em Madri na qual trabalham todos os países, incluindo a Espanha, Portugal e Andorra, e realiza uma reunião anual dos ministros do turismo.
Gostaria que continuasse falando do Fórum...
O Fórum tem lugar num momento de recuperação do turismo em 2010, de modo que é uma boa ocasião para a reflexão, para analisarmos as medidas contra a crise, que não está superada. Em Puerto Vallarta vão se reunir os poderes executivo, legislativo e locais, além do setor privado, de modo que vai ser uma boa oportunidade para o debate.
Três países da América Latina que sejam um exemplo a imitar na região...
É muito difícil porque uma organização como a nossa é para todos e é complicado mencionar nomes.
Então segundo as estatísticas e o crescimento...
Do ponto de vista dos números está a Colômbia, que depois de atravessar uma situação muito difícil conseguiu resolver um grupo de problemas e tem resultados positivos.
O Uruguai, sem aumento nas chegadas, aumentou as receitas, o que é ideal visto que reduz o impacto ambiental.
A Costa Rica e a Guatemala estão trabalhando muito bem.
O Brasil mudou sua estrutura social e isso teve consequências importantes no turismo do ponto de vista emissivo e receptivo.
O Peru, Chile e o Equador estão lançando uma nova imagem.
O Paraguai vai receber a reunião da Comissão Regional das Américas e tem muito interesse no seu desenvolvimento.
Já a Bolívia está muito concentrada no turismo comunitário e a Venezuela tem maiores dificuldades porque estimulam mais o turismo doméstico, não o internacional.
Na região em geral apreciamos muito empreendedorismo e a maior parte dos governos compreende a função dinamizadora do turismo e tem a vontade política para seu desenvolvimento. Acho que vamos ver resultados muito positivos nos próximo anos.
Acha que esses países sejam os Estados Unidos, Brasil e a Colômbia?
Os Estados Unidos estão recuperando o que perderam e podem voltar aos números de 2008. O Brasil e a Colômbia vão se colocarem posições mais altas, onde nunca estiveram.
E dos novos países emissivos para as Américas, e principalmente para o Caribe e para a América Latina, poderíamos mencionar a Rússia, a Ucrânia...
Não apenas a Rússia e a Ucrânia, mas também outros países do Leste Europeu. O Canadá é muito importante, principalmente para Cuba, com 50%  de dependência desse mercado. Os países asiáticos, com muito crescimento, também podem vir a ter muita influência nos destinos das Américas.
A abertura no tema dos vistos dos países do Caribe continental e insular poderia ser o fator dinamizador para a entrada dos países do Leste Europeu nesta região?
E um fator importante. Um dos temas do Fórum vai ser a facilitação das viagens e nesse contexto estão os vistos, os passaportes e em geral todos os obstáculos para que as pessoas possam se deslocar livremente pelo mundo.
Há razões que justificam esses controles, como a migração ilegal, a segurança e o narcotráfico, mas quando forem necessários deveriam ser implementados de maneira ágil de modo que não seja um obstáculo para que as pessoas possam viajar.
Carlos Vogeler (58), de nacionalidade venezuelana, é diretor regional para as Américas desde 2008 e tem grande experiência na área do turismo mundial. Foi diretor geral adjunto da Pullmantur; diretor geral e vice-presidente para a Espanha da Hotelworld e responsável pelas relações institucionais e a estratégia global da Wyndham Worlwide. Foi presidente dos membros filiados à OMT, que representam o setor não governamental da Organização. É membro fundador da Associação Espanhola de Experts Científicos em Turismo (AECIT) e faz parte da Associação Internacional de Experts Científicos em Turismo (AIEST).
Do Editor - Lamentavelmente falta maior integração entre os paises da América do Sul e Central, visando ações em conjunto , trazendo assim maior desenvovimento sustentável a todos os paises. E a questão, embora  de a muito existente, não é por causa dos idiomas falados , mas sim por interesses diversos, que levam a tal estado de coisa.
matéria reproduzida do portal www.caribbeannewsdigital.com  
foto - divulgação Puerto Vallarta México
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