23 de out. de 2016

“Estamos Valendo Menos Que Um Boi”, Relata Quilombola Durante Lançamento De Campanha Em Defesa Do Cerrado-BR

“Estamos Valendo Menos Que Um Boi”, Relata Quilombola Durante Lançamento De Campanha Em Defesa Do Cerrado

Mesmo ocupando cerca de 22% de todo o território nacional, o cerrado ainda é tratado como algo invisível, suas mais de 12 mil espécies de plantas, suas populações nativas, vão sendo abocanhadas ferozmente pelo capital que já destruiu cerca de 50% desse território. Com o objetivo de conscientizar a sociedade e fortalecer a luta em defesa desse bioma foi lançado) em Brasília, a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que já conta com a participação de 36 organizações de todo o país.
Elson Guaraní Kaiowá fala durante lançamento da campanha. Foto MPA
Elson Guaraní Kaiowá fala durante lançamento da campanha. Foto MPA
“ Nós sofremos muitos ataques, vemos tudo sendo destruído pelas empresas da soja, da cana, do milho e do eucalipto, mas mesmo com todo o genocídio que estão fazendo com nosso povo vamos continuar lutando”, afirma o Elson Guaraní Kaiowá, liderança indígena do Mato Grosso do Sul que participou do lançamento da Campanha na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil- CNBB em Brasília, para o indígena as empresas são invasoras do agronegócio e trouxeram destruição para o Cerrado.
Cerrado a caixa d’água da América Latina
O tema da água é central na Campanha, afirma Isolete Wichinieski da Comissão Pastoral da Terra- CPT, uma das organizações coordenadoras da ação, “ o Cerrado é conhecido como a caixa d’água do Brasil, é nesse espaço territorial onde nascem as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, a Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata, defender o Cerrado é preservar as águas, é preservar a vida e todos e todas são responsáveis por isso”, afirma Isolete.
A questão agrária também é fundamental no processo da Campanha, a região do Cerrado e seu entorno foram onde aconteceram cerca de 40% de todos os conflitos de terra dos últimos anos, “ não temos como discutir o Cerrado sem discutir o acesso a terra e aos territórios.
MATOPIBA a nova fronteira agrícola do capital no Brasil
Criado em maio de 2015, o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do MATOPIBA, foi elaborado para fortalecer, e avançar com o agronegócio nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O Plano atinge mais de 90% do bioma Cerrado além de partes da Amazônia e Caatinga, a região a tempos desperta a cobiça do grande capital, com solos profundos, terras planas, clima favorável e água em abundância é prato cheio para o capital, ao todo são 143 milhões de ha, que serão destinados a produção para exportação e especulação. Esse Plano se consumado causará a extinção do Bioma Cerrado e toda a diversidade que faz parte dele.
A Campanha reforça a luta territorial dos povos, e é completamente contra esse projeto coordenado pelo Governo Federal, que conta com forte lobby das multinacionais que avançam a todo o vapor na região.
Para Zilmar Pinto Mendes, liderança do Movimento Quilombola do Maranhão ( Moquibom), a invasão dos territórios quilombolas cresce diariamente, ameaçando a vida de uma população que vive no Cerrado por séculos, “ nosso empasse maior é o fazendeiro que entra empurrando cerca em cima de nós, mas quem tem que sair de lá são eles, que chegaram depois. Lá nós estamos valendo menos que um boi, porque o fazendeiro expulsa e mata nosso povo pra plantar capim, estamos numa guerra em defesa dos nossos territórios”, afirma a quilombola.
Conheça mais sobre a Campanha
Organizações e meios de comunicação compareceram durante lançamento da campanha. foto MPA
Organizações e meios de comunicação compareceram durante lançamento da campanha. foto MPA
Promovida por entidades, religiosas, movimentos, e organizações sociais a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, trás como lema “ Cerrado, berço das águas: sem Cerrado, sem água, sem vida”, a campanha irá pautar e conscientizar a sociedade sobre a importância do Cerrado e os impactos que os grandes projetos trazem à região, atuando em várias dimensões, dentre elas a visibilidade à presença da diversidade humana, cultural e natural no bioma, outra é o debate da importância do Cerrado para o conjunto do país e do continente, além de mostrar como todo esse patrimonio está em risco.
Acesse a fanpage da Campanha aqui.
Confira o depoimento do ator Marcos Palmeira em defesa do Cerradoaqui.
Por Comunicação MPA
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