A aviação regional no Brasil, se confunde com a
própria história da aviação brasileira, de forma empírica foram divididas em
cinco etapas.
Na primeira fase mostramos as primeiras empresas
que surgiram no Brasil como a condor Syndikat ,Varig e Vasp. Foram criadas mais
de vinte empresas na década de 20, porém só citamos as principais apenas com o
objetivo de ilustrar o surgimento da aviação no Brasil.
Na segunda fase observamos o “boom” do
pós-guerra, facilidade de financiamento e uma grande quantidade de aeronaves em
excesso no mercado. Na terceira fase tem-se a primeira crise no setor devido ao
sucateamento das aeronaves devido à falta de peças e manutenção, outro marco foi
à tentativa do governo em subsidiar o setor aeronáutico, como CONAC e tarifação
diferenciada para usuários de Catalina, C-46 e o DC-3.
Na quarta fase após a insubsistência do CONAC, o
governo interviu novamente através do SITAR, que tinha como meta restringir o
mercado. Foram definidas cinco regiões e para cada uma delas, uma empresa foi
autorizada a explorar as rotas. Foi concedido financiamento para compra de
Bandeirantes, outra forma de auxílio foi uma tarifação de 3% nas passagens
aéreas nacionais, como incentivo às empresas regionais.
Na quinta fase comentaremos sobre a situação da
aviação regional na atualidade, falando sobre o 2º CONAR e o 1º Fórum Brasileiro
de Aviação Civil e concluímos suas preocupações, com o futuro da aviação
regional/nacional .
O governo libera à iniciativa privada a
exploração dos serviços de transporte aéreo. As primeiras concessões para
exploração de linhas foram autorizadas em caráter precário as empresas
estrangeiras Condor Syndikat, a VARIG e Aéropostale. Trata-se do único caso
registrado de autorização para exploração de tráfego de cabotagem, no Brasil,
por empresa estrangeira.
A VARIG e a Sindicato CONDOR (resultante da
nacionalização da CONDOR SYNDIKAT), se organizaram e registraram como empresas
de aviação, obtendo concessão para exploração de suas linhas pioneiras. A Cia.
Nyrba do Brasil S.A. foi fundada em 1929, e, mais tarde, se tornou a Panair. A
Cia. Fundação do Aerolóide Iguaçu, foi fundada em 1933, e, em 1936 foi à vez da
Viação Aérea São Paulo – VASP.
No entanto, só com o fim da segunda guerra
mundial a aviação comercial tomou seu grande impulso.
Os excedentes de guerra eram comprados a baixo
custo e com grande facilidade de financiamento, isto facilitou a criação do
grande número de empresas aéreas, entre 1945 e 1952, aproximadamente 34, no
entanto com gestão econômico administrativo instável. Outro problema foi o
excesso de oferta x demanda necessária, acarretando algumas falências e a fusão
de outras. Há de se ressaltar queda primeira fase para a segunda fase o número
de cidades atendidas não ficou prejudicado, aproximadamente 300 cidades.
As principais Companhias criadas neste período
foram a Real e Cia. Santista (Redes Estaduais Aéreas Limitada) em 1943 e a
companhia Linhas Aéreas Wright – 1947, esta última absorvida pela Real.
Na década de 60 houve uma crise. Com a criação da
malha rodoviária brasileira as rotas curtas ficaram inviáveis para a aviação
regional, porém o excesso de companhias comprometeu a rentabilidade e a
necessidade de renovar as frotas, pois devido à falta de condições para a
manutenção das aeronaves da II Guerra, fez-se necessário uma intervenção
estatal.
O novo sistema de transporte regional, teve como
objetivo, viabilizar a utilização em maior escala do avião BANDEIRANTE, lançado
quatro anos antes pela EMBRAER, que vinha tendo grande aceitação para uso na
aviação regional nos EEUA.
Três conferências: as chamadas CONAC –
Conferência Nacional de Aviação Civil (1961, 1963 e 1968) determinaram uma
política para o setor, como a fusão de várias empresas e um controle tarifário
para evitar a depredação do mercado, assim como a divisão de rotas. Ocorreu por
parte do governo um incentivo para que o interior não ficasse sem atendimento.
Com este fim foi criada a RIN (Rede de Integração Nacional), com subsídios para
as empresas que utilizavam aeronaves como DC-3, Catalina ou C-46 nas rotas de
médio e baixo tráfego.
Conseqüências ocorreram após o I Conac, como a
fusão de várias companhias aéreas. Após esse encontro, a aviação regional se
configurou da forma que se apresenta com a tabela 1, abaixo:
TABELA 1:
Configuração da aviação regional no Brasil, da década de 1960.
COMPANHIAS AÉREAS
|
Varig
|
Rotas Regional/Nacional
|
Vasp
|
Rota Regional
|
Cruzeiro do Sul (adquirida pela Fundação Ruben
Berta, em 1975 e absorvida pela Varig em 1992)
|
Rotas Regional/Nacional
|
Panair (encerrou suas operações em 1965)
|
Rotas Regional/Nacional
|
Sadia (em 1972 tornou-se Transbrasil)
|
Rota Regional
|
Paraense (faliu em 1970)
|
Rota Regional
|
(Fonte: BNDES/FINAME, nov. de 2002).
O CONAC teve seu fim decretado, após a diminuição
de verbas até 1968 e sua extinção oficial deu-se em 1977 onde só restaram a
VARIG, VASP, CRUZEIRO DO SUL e TRANSBRASIL. Em 1975 somente 75 cidades eram
atendidas.
Foi criado em 1975, por meio do Decreto nº.
76.590 o SITAR - Sistemas Integrados de Transporte Regional. O objetivo deste
projeto era atender as localidades de médio e baixo potencial de tráfego. O
Brasil foi dividido em cinco regiões e a cada região foi destinada uma empresa
aérea de forma exclusiva.
TABELA 2: Configuração da
Aviação Regional no Brasil, da década de 1970.
EMPRESA AÉREA REGIONAL
|
ÁREA HOMOGÊNEA DE TRÁFEGO
|
Nordeste Linhas Aéreas Regionais S.A.
|
Região Nordeste e parte dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo.
|
Rio-Sul Serviços Aéreos Regionais S.A.
|
Região Sul e parte dos estados do Rio de Janeiro,
Espírito Santo e São Paulo.
|
TABA Transportes Aéreos da Bacia Amazônica S.A.
|
Região Norte.
|
TAM Transportes Aéreos Regionais S.A.
|
Atual estado do Mato Grosso do Sul, parte dos
estados do Mato Grosso e de São Paulo.
|
VOTEC Serviços Aéreos Regionais S.A.
|
Estado de Goiás, parte dos estados do Pará e do
Maranhão, o Triângulo Mineiro e o Distrito Federal.
|
(Fonte: DAC – Departamento de Aviação Civil).
A implantação tarifária, que foi idealizada como
forma de incentivar o SITAR, era de 3% sobre o tarifário nacional, como forma de
subsidiar a aviação regional.
Cinco foram os princípios que nortearam o SITAR:
- Empresas com custo reduzido e administração simples.
- Evitar a concorrência entre aviação Nacional e Regional,
estimulando sua integração.
- Estímulo ao acordo de integração entre as transportadoras
nacionais com as regionais linhas (tronco-alimentadora).
- Limitação ao tamanho das aeronaves e estímulo a compra de
aeronaves Nacionais, para operação em pistas pequenas e com capacidade
compatível com a demanda da linha.
- A vedação das empresas regionais tornarem-se nacionais.
O projeto SITAR não obteve o sucesso necessário,
não sendo alcançado os objetivos pré-determinados. As companhias Regionais
vincularam “as necessidades das regiões”, às quais prestavam serviços, aos seus
objetivos empresariais, como a incorporação da Rio/SUL pela VARIG/Cruzeiro.
Outro princípio quebrado foi o de aeronaves
pequenas e nacionais, atenderem as rotas mais procuradas. As empresas expandiram
seu mercado com aeronaves maiores e importadas, desta forma, perdendo o objetivo
de ativar as linhas tronco, afetando assim as rotas deficitárias, tanto em
freqüência como em quantidades de cidades atendidas .
Apesar destes desmandos administrativos em
relação ao projeto original a aviação aérea regional ainda trouxe resultados
positivos como oferta de serviço no binômio Kilometragem X cidades atendidas,
conforme gráfico 1, abaixo, quadruplicando o número de cidades atendidas, com
crescimento de 3% ao ano no período de 1976 a 1992.
Gráfico 1: Evolução do número
de cidades atendidas 
Em 1991 foi realizado o V CONAC, onde iam ser
introduzidas mudanças significativas, com base nas novas tendências liberalistas
internacionais, este processo de flexibilização trouxe novos quatro comitês como
:
- Transporte Aéreo Internacional;
- Transporte Aéreo Nacional;
- Transporte Aéreo Regional;
- Transporte Aéreo não regular.
Dentro da Comissão de Transporte Aéreo Regional,
foi resolvido que poderiam ser criadas novas empresas, foram extintas as
delimitações regionais e passaram a ser permitidas as concorrências tanto entre
as empresas regionais como as empresas em âmbito nacional, diretivas estas que
já acabaram em 1992 com este SITAR V.
3.5. A Aviação Regional na atualidade
A Aviação Regional na atualidade tem passado por
diversos problemas, entre eles, o excesso de tarifação e o exagerado aumento do
combustível aeronáutico (anais do 2º CONAR). Atualmente não existe delimitação
de mercado e nem tarifação especial (subvenção). É grande o número de empresas
que surgiram (OCENAIR, AIR MINAS e CRUISER), bem como as empresas que faliram
(TAVAJ, PENTA). Nesse sentido, a Aviação Regional, após o 11 de setembro,
resolveu tomar posição e através do 2º. Congresso Nacional da Aviação Regional –
CONAR – redigiu um documento chamado Carta de Brasília, na qual todos
novos temas discutidos durante o Congresso foram pontuados, tais como:
- Combustíveis mais baratos.
- Redução na tarifação.
- Um plano governamental de auxílio.
- Financiamento em Reais.
Os empresários da aviação regional crêem
firmemente que o governo olhará com mais carinho para elas, considerando que a
arrecadação com o turismo, se tornará cada vez mais viável neste mercado (novos
empregos no turismo, e na aviação), além de ser a melhor forma da integração
nacional.
TABELA 3: Configuração da Aviação Regional no
Brasil, nos anos de 1990 e 2000
EMPRESA AÉREA REGIONAL
|
ÁREA HOMOGÊNEA DE TRÁFEGO
|
Abaeté Linhas Aéreos - 1996.
|
Região Nordeste
|
AIR MINAS – 2003
|
Minas e São Paulo
|
CRUISER - 2004
|
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Paraná
|
META – Mesquita Transportes Aéreos 1999
|
Região Amazônica.
|
OCEANAIR Linhas Aéreas LTDA 2002
|
Região Sul, Rio de Janeiro , minas, Brasília,
Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Maceió, Sergipe, Bahia,
|
PANTANAL Linhas Aéreos - 1993.
|
São Paulo Matogrosso, Minas e Bahia
|
PASSAREDO Transportes Aéreos S/A
|
São Paulo, Minas, Mato Grosso Sul,
Brasília, Goiás
|
PENTA Transportes aéreos –1995-2004
|
Região Amazônica, Região Centro-oeste.
|
PULMA AIR - 2002
|
Região Amazônica.
|
RICO Linhas Aéreas 1996
|
Região Amazônica.
|
SETE LINHAS AEREAS - 2000
|
Goiânia, Brasília, Tocantins, Belém.
|
TAVAJ Transportes Aéreos 1994
|
Região Amazônica.
|
TOTAL Linhas Aéreas - 1996.
|
Minas Gerais
|
TRIP-1998.
|
Paraná, Rio Grande do Norte, Recife, Fortaleza,
Fernando de Noronha.
|
(Fonte: DAC – Departamento de Aviação
Civil).
|
0 comentários:
Postar um comentário