4 de set. de 2017

Grito dos Excluídos(as) 2017

Grito dos Excluídos(as) 2017

 
No dia 12 de julho pas­sado, o pre­si­dente da Co­missão Epis­copal Pas­toral para a Ação So­cial Trans­for­ma­dora da CNBB, Dom Gui­lherme Antônio Wer­lang (Bispo de Ipa­meri - GO), en­viou uma Carta, di­ri­gida aos “Car­deais, Ar­ce­bispos, Agentes de Pas­toral e Li­de­ranças”, so­li­ci­tando “efe­tivo apoio” das Di­o­ceses, Pa­ró­quias e Co­mu­ni­dades ao Grito dos Ex­cluídos(as) 2017.

A Carta co­meça fa­zendo uma breve me­mória do evento: “o Grito dos Ex­cluídos(as) chega ao seu 23º ano, fruto da Cam­panha da Fra­ter­ni­dade de 1995, cujo tema era ‘Fra­ter­ni­dade e os Ex­cluídos(as)’ e o lema: ‘eras tu, se­nhor?’. Ao con­tem­plar as faces da ex­clusão na so­ci­e­dade bra­si­leira, se­tores li­gados às Pas­to­rais So­ciais da Igreja op­taram por es­ta­be­lecer ca­nais de diá­logo per­ma­nente com a so­ci­e­dade pro­mo­vendo, a cada ano, na se­mana da Pá­tria, o Grito dos Ex­cluídos(as)”.

Con­tinua a Carta: “o Grito dos Ex­cluídos(as) não quer se li­mitar ao 7 de se­tembro. Vai muito além. Em pre­pa­ração ao evento são pro­mo­vidas rodas de con­versa, se­mi­ná­rios, fó­runs te­má­ticos e con­fe­rên­cias, en­vol­vendo en­ti­dades, ins­ti­tui­ções, mo­vi­mentos e or­ga­ni­za­ções da so­ci­e­dade civil, for­ta­le­cendo as le­gí­timas rei­vin­di­ca­ções so­ciais e re­for­çando a pre­sença so­li­dária da Igreja (re­parem: a pre­sença so­li­dária da Igreja!) junto aos mais vul­ne­rá­veis, sin­to­ni­zando-a aos seus an­seios e pos­si­bi­li­tando a cons­trução de uma so­ci­e­dade mais justa e so­li­dária”.

Fa­zendo uma breve aná­lise do mo­mento his­tó­rico que vi­vemos, a Carta - em tom pro­fé­tico - anuncia e de­nuncia: “em 2017, o 23º Grito dos Ex­cluídos(as) tem como lema ‘Por di­reitos e de­mo­cracia, a luta é todo dia’. Vi­vemos tempos di­fí­ceis. Os di­reitos e os avanços de­mo­crá­ticos con­quis­tados nas úl­timas dé­cadas, frutos de mo­bi­li­za­ções e lutas, estão ame­a­çados. O ajuste fiscal, as re­formas - tra­ba­lhista e da pre­vi­dência - estão re­ti­rando di­reitos dos tra­ba­lha­dores para fa­vo­recer aos in­te­resses do mer­cado. O pró­prio sis­tema de­mo­crá­tico está em crise, dis­tante da re­a­li­dade vi­vida pela po­pu­lação”.

Enfim, a carta faz um agra­de­ci­mento e um novo apelo: “agra­de­cemos aos se­nhores pelo apoio re­ce­bido ao longo destes anos e nos com­pro­me­temos a con­ti­nuar gri­tando pela ‘vida em pri­meiro lugar’. Agora, so­li­ci­tamos-lhes, mais uma vez, o efe­tivo apoio (re­parem no­va­mente: o efe­tivo apoio!) ao Grito dos Ex­cluídos(as) 2017”.

Con­clui re­co­nhe­cendo que o Grito dos Ex­cluídos(as) “é uma ini­ci­a­tiva que des­perta para a so­li­da­ri­e­dade, para a or­ga­ni­zação e que re­nova a es­pe­rança dos po­bres e os torna su­jeitos de uma nova so­ci­e­dade, sinal do Reino de Deus”.
Sobre o en­vol­vi­mento com os mo­vi­mentos po­pu­lares, os cris­tãos e cristãs ou­çamos o con­vite do Papa Fran­cisco e si­gamos o seu tes­te­munho.

O con­vite: “soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais pró­ximos dos mo­vi­mentos po­pu­lares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se en­volve, acom­panha e con­segue sis­te­ma­tizar em cada Di­o­cese, em cada Co­missão ‘Jus­tiça e Paz’, uma co­la­bo­ração real, per­ma­nente e com­pro­me­tida com os mo­vi­mentos po­pu­lares. Con­vido-vos a todos, bispos, sa­cer­dotes e leigos, jun­ta­mente com as or­ga­ni­za­ções so­ciais das pe­ri­fe­rias ur­banas e ru­rais, a apro­fundar este En­contro” (dis­curso aos par­ti­ci­pantes do 2º En­contro Mun­dial dos Mo­vi­mentos Po­pu­lares. Santa Cruz de la Si­erra - Bo­lívia, 09/07/15).

O tes­te­munho: “as­sis­timos ao vídeo que vocês apre­sen­taram como con­clusão do 3º En­contro. Vimos os rostos de vocês nos de­bates sobre o modo de en­frentar ‘a de­si­gual­dade que gera vi­o­lência’. Tantas pro­postas, muita cri­a­ti­vi­dade e grande es­pe­rança na voz de vocês, que talvez ti­vessem mais mo­tivos para se queixar, per­ma­necer emu­de­cida nos con­flitos, cair na ten­tação do ne­ga­tivo. E, no en­tanto, vocês olham para a frente, pensam, de­batem, pro­põem e agem. Con­gra­tulo-me com vocês, acom­panho vocês (re­parem mais uma vez: acom­panho vocês!) e peço-lhes que con­ti­nuem a abrir ca­mi­nhos e a lutar. Isto me dá força, dá-nos força. Penso que este nosso diá­logo, que se acres­centa aos es­forços de muitos mi­lhões de pes­soas que tra­ba­lham di­a­ri­a­mente pela jus­tiça no mundo in­teiro, co­meça a ga­nhar raízes” (Dis­curso aos par­ti­ci­pantes do 3º En­contro Mun­dial dos Mo­vi­mentos Po­pu­lares. Roma, 05/11/16). Quanta sim­pli­ci­dade, quanta aber­tura e quanta con­fi­ança en­con­tramos nas pa­la­vras do nosso irmão Fran­cisco. Me­di­temos.

O Grito dos Ex­cluídos(as) é o Grito dos po­bres e des­car­tados(as) da so­ci­e­dade ca­pi­ta­lista ne­o­li­beral: uma so­ci­e­dade es­tru­tu­ral­mente in­justa e per­versa! O Grito dos Ex­cluídos(as) é o Grito do Brasil, é o nosso Grito, é o Grito de Jesus de Na­zaré!

Mi­li­tantes dos Sin­di­catos de Tra­ba­lha­dores(as), dos mo­vi­mentos po­pu­lares, das pas­to­rais so­ciais, das co­mu­ni­dades e ou­tras or­ga­ni­za­ções da so­ci­e­dade civil, par­ti­ci­pemos do Grito dos Ex­cluídos(as)! A pre­sença de cada um e cada uma de nós fará a di­fe­rença e for­ta­le­cerá a luta!

Frei Marcos Sas­sa­telli é frade do­mi­ni­cano, teó­logo e pro­fessor apo­sen­tado da UFG.
http://www.correiocidadania.com.br/2-uncategorised/12815-grito-dos-excluidos-as-2017
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