12 de dez. de 2017

Igreja Universal do Reino de Deus é acusada por tráfico de crianças em Portugal.

Igreja Universal do Reino de Deus é acusada por tráfico de crianças em Portugal

Bispos da igreja teriam retirado crianças de suas famílias em esquema internacional de adoção ilegal.

Nesta segunda-feira (11), uma investigação da TVI exibiu reportagem na qual o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e proprietário do Grupo Record de Comunicação, o bispo Edir Macedo, envolvendo-o numa rede internacional de adoção ilegal de crianças. A matéria afirma que até os “netos” de Macedo seriam crianças roubadas de um lar em Portugal.
Dividida em dez partes, a primeira reportagem entrevistou duas mulheres que denunciaram diretamente o líder da IURD por “roubar” crianças de famílias pobres de Portugal para serem adotadas por bispos e pastores da Igreja Universal no Brasil. Os “netos” de Edir Macedo teriam sido ilegalmente adotados em Portugal nos anos 90, como parte do esquema. Vera e Luis teriam sido adotadas pela filha de Macedo, Viviane Freitas, e levados paras os Estados Unidos.
De acordo com a reportagem “O Segredo dos Deuses”, a Igreja Universal mantinha, na década de 90, um lar ilegal de crianças, em Lisboa, de onde foram levados vários menores, à revelia das suas famílias. As crianças eram entregues diretamente ao lar, por famílias em dificuldades, e acabavam fora do alcance de seus pais, adotadas por bispos e pastores da igreja sem passar por nenhum processo legal.
“Prometeram me ajudar e tiraram os meus filhos”, disse a mulher, que só teria conseguido rever as crianças uma vez, um mês depois de tê-las deixado no que acreditava ser uma creche. A partir dali, só teria visto os filhos por fotografias, 20 anos depois.
A mulher que se apresenta como mãe das crianças, hoje maiores de idade, disse que a assistente social entrou em contato com ela na época da adoção após uma denúncia anônima feita ao Conselho Tutelar português. Ela teria sido denunciada por deixar as crianças sozinhas em casa quando saía para trabalhar. Este teria sido o primeiro passo para as crianças serem retiradas da mãe e colocadas no lar, supostamente administrado pela igreja de Macedo.
“Isto aconteceu debaixo dos nossos olhos e retrata o esquema que estava montado num lar ilegal”, disse o diretor de informação da TVI, Sérgio Figueiredo, no final da apresentação da reportagem à imprensa. A situação “atinge a cúpula da IURD”, adiantou, sublinhando que “as crianças foram levadas sem que os tribunais ouvissem suas famílias”.
O caso apresentado pela reportagem seria apenas um entre muitos de crianças retiradas das mães biológicas, acolhidas pela instituição e em seguida adotadas por bispos e pastores da Igreja Universal. O lar de crianças teria sido criado em 23 de maio de 1994 pela IURD, mas só foi licenciado em 2001; ou seja, teria funcionado ilegalmente durante sete anos, sem qualquer fiscalização da Segurança Social de Portugal.
A emissora portuguesa relata que as jornalistas Alexandra Borges e Judite França trabalharam no material durante sete meses até encontrar documentos e as mães das crianças “roubadas”. A série traz também um crítico histórico da chegada da IURD à Portugal e um apanhado dos problemas da igreja com a Justiça, a terceira com mais fiéis no Brasil, e que controla a segunda maior rede de TV do país, a Record.
Em nota, a Igreja Universal disse que as reportagens não passam de “uma campanha difamatória, mentirosa, que não podemos tolerar”.
Acompanhe a primeira reportagem da série:
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