
Elucubrações sobre um arrombamento

Na sexta-feira passada, o último funcionário do "Novo Jornal" apagou as luzes e trancou a porta da redação do portal de notícias por volta das 20h, segundo seu dono, Marco Aurélio Carone. Ontem, às 9h, a auxiliar de veiculação Kátia Ferreira chegou ao escritório, em bairro nobre de Belo Horizonte, e encontrou o seguinte: ![]() Computadores roubados (ao todo, quatro CPUs e seis monitores) ![]() Gavetas arrombadas ![]() Objetos no chão, bagunçados e revirados ![]() Uma caixa de documentos desaparecida ![]() Ao menos uma pasta de papéis levada (segundo Carone) As fotos foram tiradas por mim. Perguntas que não se calam (e atenuantes antiparanóia entre parêntesis): - Quem arrombou a redação do "Novo Jornal"? (Pode ter sido um ladrão qualquer) - Por que o ladrão levou seis CPUs e quatro monitores, mas deixou a impressora, o telefone/fax e nem chegou perto da sala do segundo andar, onde ficam equipamentos mais caros? (Pode ter ouvido barulhos que evitaram sua incursão ao segundo andar) - Por que o ladrão carregou consigo documentos, papéis, CDs com informações de reportagens? (Não consigo pensar em atenuantes comuns) - Mesmo se não tivesse levado, por que teria arrombado um arquivo de pastas de papel (onde, portanto, só poderia haver papéis)? (Pode ter tentado encontrar cédulas de dinheiro) - E por que revirou gavetas; o que buscava? (Pode ter tentado buscar dinheiro) - Qual o teor dos papéis desaparecidos e a quem as informações contidas neles interessavam? (Não consigo pensar em atenuantes) Todas são perguntas sem resposta, ao menos enquanto o inquérito policial ainda não termina. Mas a que mais me interessa, sem dúvida, é a primeira. Porque, se for um caso de furto comum, o "Novo Jornal" foi vítima de ladrões com gostos e interesses muito incomuns. Mas, se for caso de furto de informações, o "Novo Jornal" pode ter sido vítima de uma intimidação ao exercício do jornalismo, corriqueira nos anos da ditadura militar, mas nem tanto em um regime democrático como o nosso. Na calada da noite, sem mandato de busca e apreensão, nem mesmo o processo contra o "Novo Jornal" que hoje corre em segredo de justiça poderia justificar esse ato de vandalismo. E, então, ficamos com a dúvida mais surpreendente desde o começo do caso "Novo Jornal": quem seriam esses ladrões? |
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