33 grandes filmes brasileiros que estão no YouTube
O diretor Ewerton Belico fez, a convite de O BELTRANO, uma seleção de 33 filmes que estão disponíveis para assistir de graça na internet. Uma verdadeira aula de cinema nacional
Por Rafael Mendonça
Publicado em 23/07/2018
Publicado em 23/07/2018
O diretor, programador e crítico Ewerton Belico topou o desafio de fazer uma lista dos filmes brasileiros que ele gosta e estão disponíveis para ver no YouTube. Tem d tudo um pouco e a lista é uma aula de cinema brasileiro.
Belico dirigiu ainda o filme Baixo Centro, vencedor do Mostra Aurora na Mostra de Cinema de Tiradentes, o filme ainda cumpre a rotina dos festivais e muito em breve estará nas salas de cinema do Brasil. Aproveitem as dicas e os comentários do diretor.
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Por Ewerton Belico
As cópias oscilam em qualidade absurdamente, retrato da ausência de políticas de preservação de longo-prazo, e de que vários desses filmes chegaram à plataforma de streaming pelas mãos de heróis que digitalizaram velhas cópias em VHS.
Como todos sabemos, pela internet tudo que é sólido desmancha no ar, e então o que está disponível hoje, amanhã desaparece, seja pela desinformação de diretores que ainda não compreenderam que a distribuição de direitos mudou, ou ainda porque o mercado exige frequentemente exclusividade e ineditismo incompatíveis com a democratização da exibição (alô alô Ancine, bora regulamentar uma pontuação possível pelo número de views), ou ainda porque essas criaturas maravilhosas, os herdeiros (com raras exceções), conspiram continuamente contra a difusão de grandes filmes de nossa cinematografia.
Sempre necessário lembrar iniciativas raras, como a de Gustavo Raulino e Otávio Savietto, que disponibilizaram toda produção de seu pai, o grandíssimo Aloysio Raulino, em um canal de youtube (https://www.youtube.com/channel/UCfT3Tw_u_9lzBR9Q6rfCUNg), ou ainda a Filmes de Plástico, que fez o upload do conjunto da produção em metragem curta da produtora (http://www.filmesdeplastico.com.br/categoria/hoje/ ou https://www.youtube.com/channel/UC4YVCk-5sqsc-ZxCJY8mqNg)
- Também somos irmãos, José Carlos Burle, 1949, Filme antirracista fundamental. Dois irmãos, ambos negros, advogados. Um deles, advogado; o outro, Grande Otelo, envolve-se com a criminalidade. Ao fundo, nossa horrenda hierarquia racial. https://www.youtube.com/watch?v=uRIv2ejeYb4&t=388s
- Tudo Azul, Moacyr Fenelon, 1951. Comédia musical amargurada,último dos filmes de Moacyr Fenelon, fundador da companhia cinematográfica Atlântida, dos grandes nomes da chanchada brasileira, em um filme perdido por décadas.
- O Quinto Poder, Alberto Pieralisi, 1962. Raro filme de ficção científica brasileiro, perdido por décadas e relançado recentemente, das grandes alegorias políticas do Brasil em transe que precede ao golpe. https://www.youtube.com/watch?v=amcp7zgJHyw&t=3s
- A entrevista, Helena Solberg, 1966. Registro histórico fundamental sobre os papéis de gênero no Brasil, da mão de uma das grandes cineastas políticas que o Brasil já produziu. https://www.youtube.com/watch?v=rjbpndjj6Bo&t=4s
- Nelson Cavaquinho, Leon Hirszman, 1969. Nelson Cavaquinho + Leon Hirszman: Precisa falar mais alguma coisa? https://www.youtube.com/watch?v=6VTH_T00gnY&t=2s
- Sem essa Aranha, Rogério Sganzerla, 1970. Em meio a prosperidade autoritária, uma chanchada político-apocalíptico-psicodélica. “Nunca houve dia melhor que a véspera do fim do mundo”: Sganzerla-Zé Bonitinho-Aranha sempre o souberam. https://www.youtube.com/watch?v=QOO9Nwu0iOY&t=67s
- Hitler III Mundo, José Agrippino de Paula, 1970. Como dar forma a imaginação de um fascismo tropical? José Agrippino sabia. https://www.youtube.com/watch?v=Re8D0LD7U-0&t=35s
- Um Homem sem importância, Alberto Salvá, 1971. Quando mais ninguém conta daqueles que comem da banda podre, Salvá (e Vianinha), mostravam o dia de Flávio, desempregado e abandonado em meio ao milagre econômico. https://www.youtube.com/watch?v=FSmw8SQV0B0
- André, a cara e a coragem, Xavier de Oliveira, 1971. A cidade, o território dos despossuídos. E André, vindo de Carangola, enfrenta o mundo sozinho com as mãos vazias. https://www.youtube.com/watch?v=5A5WwvnZv_Y&t=25s
- Teremos Infância, Aloysio Raulino, 1971. Passado e presente, e a infância como signo da injustiça no mundo. https://www.youtube.com/watch?v=xPFCXW02odo&t=11s
- Amor, carnaval e sonhos, Paulo Cesar Saraceni, 1972. O trágico,o carnaval, a cosmologia afrobrasileira, tudo junto na superação da opressão pelo desejo. https://www.youtube.com/watch?v=sJM7IMc3vOc
- Rei do Baralho, Julio Bressane, 1973. A chanchada (e o Brasil) como destinação de todo cinema (e com o força que o corrompe).https://www.youtube.com/watch?v=QArmZ62jldA&t=40s
- Alma no Olho, Zózimo Bulbul, 1973. Séculos de história afro-atlântica, concentrados na força de um corpo. https://www.youtube.com/watch?v=RTQlaxiokBA&t=33s
- Compasso de Espera, Antunes Filho, 1973. Único longa dirigido pelo grande diretor de teatro Antunes Filho, em um trama rarafeita e soturna sobre as contradições de um intelectual negro no Brasil, genialmente interpretado por Zózimo Bulbul. https://www.youtube.com/watch?v=Gjns-TgMQCU&t=5s
- Triste Trópico, Arthur Omar, 1974. Filme colagem, síntese disjuntiva de vanguarda e provincianismo, invenção em que a interpretação do Brasil se põe ao lado de sua própria paródia https://www.youtube.com/watch?v=OVDhPgRDtPM&t=537s
- Di, Glauber Rocha, 1977. Pois só Glauber podia vencer a morte. https://www.youtube.com/watch?v=mTaPy0VkK8g&t=10s
- Ladrões de Cinema, Fernando Coni Campos, 1977. A histórias e o cinema tomados pelas mãos do pobre. E o carnaval como reinvenção da vida. https://www.youtube.com/watch?v=3YHs_ebV2JQ
- Wilsinho Galiléia, João Batista de Andrade, 1978. A trajetória explosiva de Wilsinho Galiléia, entre a denúncia, a entrevista e a ficção, pelas mãos de João Batista, em um filme prenhe de imaginação e comoção. https://www.youtube.com/watch?v=zue0PR_ndoI
- Na boca do mundo, Antônio Pitanga, 1978. Porque o gênio Pitanga não é apenas ator: aí, miserabilidade, desejo e sonho de uma vida melhor explodem juntos. https://www.youtube.com/watch?v=dBWj4l0zJuY
- O País de São Saruê, Vladimir de Carvalho, 1970-1979. A opressão e a miséria interpretadas e reconstruídas por uma densa poética da relação do homem com a terra. https://www.youtube.com/watch?v=yBYHhBhr15U&t=60s
- Os imorais, Geraldo Vietri, 1979.Duríssimo ( e belíssimo ) filme sobre uma paixão gay carregada de contradições, filmada em uma São Paulo cinzenta e desigual. https://www.youtube.com/watch?v=AkJrC41tSBM&t=4530s
- Império do Desejo, Carlos Reichenbach, 1980. O curto-circuito do desbunde, o arrivismo, a militância política, o feminismo. Os estilhaços da experiência da década anterior encontra sua síntese de contrários. https://www.youtube.com/watch?v=Sfl91SztlgY&t=73s
- Gosto do pecado, Cláudio Cunha, 1980. Toda breguice de nossa classe média, toda violência e fragilidade de uma geração de homens perdida em meio às mudanças aceleradas de seu mundo, em um folhetim perturbador. https://www.youtube.com/watch?v=0w_9v-ChC8Y&t=65s
- Tchau, amor, Jean Garrett, 1982. Decadência, amor e morte, nas mãos do grande poeta do amour fou na Boca do Lixo. https://www.youtube.com/watch?v=QAgviwRW1Sc&t=818s
- Conversas no Maranhão, Andrea Tonacci, 1983. Tonacci mais uma vez mostrando como a renovação do olhar, a palavra em ato e o engajamento político marcham juntos, nessa monumental conversa-carta- filme com os Timbira.https://www.youtube.com/watch?v=YEoHgd6rx9w&t=55s
- Jubiabá, Nelson Pereira dos Santos, 1986. Jubiabá é o imperador das ruas. https://www.youtube.com/watch?v=PE0Ac6Y8wOo&t=114s
- Sonho de Valsa, Ana Carolina, 1987. A solidão como ponto de partida para esse impressionante filme-fluxo de consciência, no qual as relações com o desejo livre, o corpo e os homens são instrumentos para a construção de si e reavaliação de uma geração. https://www.youtube.com/watch?v=zdRdYFWtwCE&index=8&list=PLIPzY18-6TZVsl4zsgV4amgKdkcjo5iz0&t=0s
- Kyrie, ou o início do caos, Deborah Waldman, 1998. O pesadelo das grandes cidades, em um filme forte como um sonho ruim. https://www.youtube.com/watch?v=abWTXkcZUfc
- Santo Forte, Eduardo Coutinho, 1999. Porque a verdadeira retomada do cinema brasileira começa aqui: Coutinho, o mestre da arte da conversa, escuta e dá forma a como os pobre constróem de sua vida, a imaginação. Altamente recomendável pra nossa classe média, absolutamente ignorante sobre como religiosidade popular molda o mundo em que vivemos. https://www.youtube.com/watch?v=bf9-GiJfwog&t=23s
- Prisioneiro da Grade de Ferro, Paulo Sacramento, 2003. O Carandiru visto por dentro, em um mosaico de pontos de vistas dos prisioneiros orquestrada pelo grande Paulo Sacramento. https://www.youtube.com/watch?v=dlIv7Pg5Ud0
- Os Residentes, Tiago Mata Machado, 2010. Filme-bólide do brother TMM, ainda pouco visto e compreendido. Pra quem quiser ver a gênese, contradições e morte (e renascimento) de ímpeto autonomista que atravessa hoje as políticas da juventude brasileira, aqui profetizadas por Tiago. https://www.youtube.com/watch?v=ibA5hHWtS50&t=12s
- Fantasmas, André Novais, 2010. Imaginação periférica, imagem, desejo e obsessão pelas mãos de Andrezera. https://www.youtube.com/watch?v=Z8x4JQB32xU
- Bicicletas de Nhanderú, Ariel Ortega e Patricia Ferreira, 2011. Pois ninguém interroga hoje com mais força a sociedade nacional hoje que a espiritualidade guarani. https://www.youtube.com/watch?v=edKtJmY65wM
- http://www.obeltrano.com.br/portfolio/33-grandes-filmes-brasileiros-que-estao-no-youtube/
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