27 de jul. de 2018

Pablito provoca demissão em massa no DNPM


Pablito provoca demissão em massa no DNPM

Ex-vereador foi indicado para a direção do órgão dentro do acordão que salvou Temer. Pediram demissão 21 servidores em cargo de confiança


Por Lucas Simões

Reprodução

Um grupo de 21 servidores em cargos de confiança no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM-MG) protocolou pedido de demissão conjunta em protesto contra Pablo César de Souza (PSDB), o Pablito, ex-vereador na capital, acusado em casos de corrupção, que assumiu a Superintendência Regional do órgão.
Em carta encaminhada ao diretor-geral do DNPM em Brasília e da Agência Nacional da Mineração (ANM), Victor Hugo Froner Bicca, e ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, os servidores alegam que “a nomeação de uma pessoa sem qualquer formação e experiência técnicas para um cargo de singular importância e complexidade, resta temerária ou no mínimo desconfortante”. Todos os servidores deixaram suas funções no dia 1º de novembro e, até o momento, os cargos estão vagos.
O engenheiro Fernando Alves Drummond de Oliveira, ex-chefe do Setor de Serviço de Controle de Títulos Minerais do DNPM-MG e um dos demissionários, diz que, apesar do cargo de superintendente do departamento ser de ampla nomeação, “é preciso respeitar alguns critérios”. “Não pode ser um aventureiro como esse senhor Pablo. Ele tem maus antecedentes, já foi condenado por improbidade administrativa, está na lista da Odebrecht. Ele tem todo o direito de se defender na Justiça, mas continua não sendo um técnico da mineração”, criticou Fernando.
O cargo de superintendente do DNPM-MG é o posto mais importante na área mineral de Minas Gerais. Justamente por isso, servidores denunciam que a nomeação de Pablito, político também próximo ao senador Aécio Neves (PSDB), teria sido parte dos acordos entre diferentes partidos para atender aliados de Michel Temer antes da votação da segunda denúncia criminal no Congresso, da qual o presidente saiu vitorioso, no dia 2 de novembro. A nomeação de Pablito foi publicada 16 dias antes da votação da denúncia, segundo consta no Diário Oficial de Minas Gerais de 17 de outubro.
“Para nós é muito claro o que está em jogo com o Pablito aqui. Ele tem ambições eleitorais e muito mais. Nosso receio é que o DNPM se transforme numa panela de políticos e que eles façam jogos e manobras para atender interesses de empresários e parlamentares, para fazer palanques e trampolins eleitoreiros. Isso não é certo, porque o DNPM é um departamento que deveria, entre outras coisas, fiscalizar e regular a atividade mineral no Estado. Não ser escada pessoal de políticos, principalmente os corruptos”, disse uma servidora que preferiu ter a identidade preservada.
Irregularidade
O ex-vereador Pablito esteve envolvido em pelo menos três acusações. Em 2012, o Ministério Público rejeitou suas contas de campanha a vereador pelo PSDB, nas quais contam gasto de R$ 568,6 mil, por uma série de irregularidades, entre elas despesas não informadas ou não contabilizadas. Apesar da denúncia, as contas de Pablito acabaram aprovadas com ressalvas pelo TRE.
Um ano depois, em 2013, ele se envolveu em nova polêmica ao ser acusado de fraudar reuniões na Câmara Municipal. Durante uma viagem de Pablito aos Estados Unidos, sua presença no Plenário da Câmara foi confirmada pelo menos três vezes no painel eletrônico, segundo denúncia do jornal Hoje em Dia. Mesmo assim, a Câmara Municipal arquivou a denúncia por falta de provas.
O nome de Pablito também aparece na planilha de doações ilegais de campanha da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, segundo delação do ex-executivo da empresa Benedicto Junior. Identificado como “calvo” na lista da empresa, Pablito teria recebido R$ 50 mil em 2010 para sua candidatura a deputado federal pelo PTC; e mais R$ 50 mil em 2012, quando foi eleito vereador em Belo Horizonte pelo PSDB. Segundo Benedicto Junior, os repasses foram para que Pablito defendesse projetos de concessões e privatizações.
Apesar disso, o ex-vereador não é investigado pela Operação Lava Jato porque a Procuradoria Geral da República (PGR) “não obteve informações suficientes para abertura de inquérito”. Em sua defesa, Pablito confirmou o recebimento de R$ 100 mil da Odebrecht, mas alegou que o dinheiro foi devidamente declarado.
A reportagem tentou contato com Pablito para comentar a demissão em massa dos servidores do DNPM-MG, mas não o localizou até o fechamento desta reportagem.
http://www.obeltrano.com.br/portfolio/pablito-provoca-demissao-em-massa-no-dnpm/
Veja a íntegra do documento:

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