23 de fev. de 2019

ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DOS POVOS -Editor - Transferida para 24 a 27 em Caracas-Venezuela

ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DOS POVOS

11 febrero, 2019  Por Martinho Junior 
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1- No dia 14 de fevereiro de 2019, em Caracas, capital da Venezuela, realizar-se-á a Assembleia Internacional dos Povos, para onde confluirão organizações sociais progressistas, anti imperialistas, internacionalistas e solidárias para com a Venezuela Socialista e Bolivariana, provenientes de todo o mundo.
Num momento como este, a solidariedade progressista que dos quatro cantos do mundo aflui a Caracas, reforçará o caudal energético dos que na primeira linha defendem a pátria de Simon Bolivar e de Hugo Chavez face à pirataria, ao saque e à barbaridade dum império incapaz de assumir a postura digna do multilateralismo com vista a alcançar-se um ambiente construtivo de paz internacional, justo, equânime, respeitador da riqueza cultural e ambiental, capaz de civilização!
Juntar a sua voz, juntar a sua acção, à voz e à acção dos povos bolivarianos, é dar sequência e consistência à trilha do movimento de libertação que um dia foi iniciado no Haiti com a revolução dos escravos afrodescendentes que foram alvo da maior opressão que alguma vez se poderia imaginar, uma revolução cujo paradigma, pelo seu exemplo, tanto contribuiu para projectar a luta contra o colonialismo na América Latina e em África, durante os séculos XIX, XX e XXI…
Em África, se bem que vencido o colonialismo e o “apartheid”, a hegemonia unipolar faz letra morta em relação à premente necessidade de autodeterminação do Sahara, como letra morta em relação às pressões neocoloniais que expandem seus tentáculos transnacionais, os tentáculos dum poder dominante opressivo e avassalador sobre os povos africanos desejosos de alcançar capacidades de desenvolvimento sustentável e o lugar de igualdade, fraternidade, tolerância e solidariedade que merecem entre todos os povos da Terra.
Em África tem-se a percepção dialética que o movimento de libertação cujo marco inicial foi a independência do Haiti a 1 de Janeiro de 1804, tem todas as razões para continuar, pois necessário é por um lado consolidar suas conquistas, por outro é premente alcançar-se a plataforma civilizacional possível e aberta a um mundo melhor, um mundo de paz, onde a humanidade seja respeitada e se respeite a Mãe Terra!
Por essas razões éticas e morais tenho, no quadro duma batalha de ideias global, advogado a causa dos povos do sul, em especial dos povos da América Latina e de África e num momento como este a causa dos povos bolivarianos, sobretudo da Venezuela Socialista e Bolivariana com a sua tão legítima aspiração à paz, ao aprofundamento da democracia (tornando-a participativa e protagónica, uma palavra nova em português que abre as portas do futuro), à luta contra o subdesenvolvimento de forma a acabar duma vez por todas com o pântano da opressão, da ignorância e da pobreza.

2- Fui convidado informalmente a ir à Venezuela, para assumir participação e protagonismo num momento como este e juntar-me a todos os que afluem a Caracas no âmbito da Assembleia Internacional dos Povos, o que com toda a sensível gratidão e respeito faço aqui constar.
Muitos afazeres todavia impediram-me essa peregrinação digna, mas considero que estou em consonância plena com esse internacionalismo solidário, anti imperialista, participativo e protagónico, mais do que em palavras, através de actos.
Em Luanda entidades progressistas compõem neste momento um núcleo que dá os primeiros passos e tende a partir para uma comissão instaladora duma futura associação que cubra urgentes iniciativas em prol da legítima amizade entre Angola e a Venezuela Socialista e Bolivariana, no quadro da trilha do movimento de libertação e sua justa luta em pleno século XXI.
Com a ética e com a moral dum combatente do movimento de libertação em África, ávido de paz, de aprofundamento da democracia e duma orientação progressista na direcção de desenvolvimento sustentável para todos os povos do sul, declaro resolutamente que passo a integrar esse núcleo e, com os camaradas que a ele se juntarem, estou na disposição de iniciar esforços colectivos para rapidamente ocupar um espaço vazio que jamais deveria ter alguma vez existido entre Angola e a Venezuela Socialista e Bolivariana!
Enalteço a iniciativa e o arranque desse núcleo clarividente, corajoso, internacionalista e solidário, por que uma vez mais ele expressa a consciência dos que adequam seus actos à necessidade de civilização num mundo onde os bárbaros a todo o transe semeiam caos, terrorismo, desagregação, tensões, conflitos, divisões e guerra, de que os povos do sul são preferenciais alvos e vítimas.
Os bárbaros pretendem, sob qualquer pretexto e utilizando seus imensos recursos, manter opressivo domínio sobre o resto da humanidade, a fim de com isso subverterem os relacionamentos internacionais, semearem a discórdia, promoverem caos, terrorismo e o saque das riquezas naturais e outras, inviabilizando a legítima aspiração ao desenvolvimento sustentável e à harmonia em prol da vida de todos os povos e seres do planeta!

3- Saúdo também o novo Embaixador da Venezuela Socialista e Bolivariana em Luanda, Sua Excelência Marlon Peña Labrador, que antes exerceu de forma profícua o cargo na irmã República de Moçambique, com quem espero que esse núcleo do qual passo a fazer parte nutra a maior solidariedade, aproximação e identidade em termos da amizade, capaz de vencer a distância imensa do Atlântico Sul.
Vencer o Atlântico Sul, voltando ao Gondwana da nossa identidade comum e na mesma trincheira de luta, é possível quando a gesta da consciência libertária se torna autêntica, conforme aconteceu com aqueles que, a partir da plataforma lúcida da revolução cubana deram sua ajuda solidária, internacionalista e justa aos povos africanos desejosos de libertação do colonialismo e do “apartheid”, de Argel ao Cabo da Boa Esperança, na segunda metade do século XX.
É evidente que nesse sentido os vendilhões do templo que inventaram a ementa da paz em Montevideu, abrindo caminho aos propósitos da Doutrina Monroe segundo os falcões da administração de Donald Trump, são incompatíveis com a linha que dá sequência ao movimento de libertação e como tal devem ser denunciados: União Europeia, França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda, Espanha, Portugal, Costa Rica, Equador e Uruguai.
Desses, França, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Holanda, os mais influentes membros da União Europeia, são respectivamente o 3º, 4º, 6º, 7º e 10º vendedores de armas à escala global e suas políticas estão vinculadas a isso, não à paz global.
Estão habituados a múltiplos processos de assimilação forçada ou em “soft power”, em pleno século XXI, a neutralizar vontades muitas das quais um dia até podem ter sido consequentes, por que são eles os detentores do domínio que promove um colonialismo sobretudo económico, financeiro, mediático e aberto aos parâmetros do seu próprio “soft power” avassalado ao poder da aristocracia financeira mundial e às veias putrefactas do petrodólar!
A guerra em função de sua pretensão hegemónica herdada desde os expedientes da escravatura, do colonialismo, do “apartheid” e até ao neocolonialismo que vigora na África do Oeste e no Sahel, o neocolonialismo da FrançAfrique reitora do Franco CFA, tem sido sempre a sua opção, por que continuam vinculados à barbárie do lucro a todo o preço, vinculados à vontade de, gerando discórdia, divisão e subversão até à maquiavélica promoção dos seus fantoches, ter mais facilmente acesso às riquezas de que se apropriam seguindo as velhas trilhas de corsários e piratas de outras épocas.
Foi assim com a Líbia em 2011, cujo símbolo nacional é a bandeira do fantoche rei Idris e é esse odor a enxofre que espalham na e à volta da Venezuela, bloqueando-a, sancionando-a, procurando-a vencer e ao seu povo com o multiplicar das privações, roubando o seu petróleo, as suas petroleiras e até o seu ouro, conforme o que está a fazer o Banco de Inglaterra!…
Além do mais e para que se faça constar, na altura decisiva da independência de Angola, na altura decisiva da batalha do Cuito Cuanavale, na altura decisiva em que se teve de neutralizar o promotor da guerra dos diamantes de sangue, eles sempre se mantiveram numa posição ambígua, cínica, hipócrita, no fundo distendendo seus expedientes de inteligência que acabou por providenciar a terapia post-choque própria do capitalismo neoliberal que se contempla em nossos dias, que está a levar a pátria de Agostinho Neto para uma profunda crise que começou precisamente como a injectada sobre a Venezuela: com a artificiosa queda abrupta dos preços do petróleo!
Se há aqueles que se deixam enredar por esse tipo de meandros desmascaráveis à velocidade da luz, os que se identificam com o movimento de libertação não sendo assimiláveis, só podem estar em estreita solidariedade para com a pátria de Simon Bolivar e Hugo Chavez e fieis à memória e aos ensinamentos de Agostinho Neto!
Em Angola, percebe-se com todas as evidências antropológicas, históricas e humanas, que não estar hoje com a Venezuela Socialista e Bolivariana, além de não se estar a honrar o passado e a nossa história, está-se a abrir caminho para, de negócio em negócio, mas cada vez com mais lucros a favor da aristocracia financeira mundial e mais pobreza imposta ao povo angolano, se perderem as alianças civilizacionais possíveis no sentido multilateral do termo.
Se assim for, quando um dia Angola sentir a necessidade de defender sua independência, sua soberania, sua identidade, muito provavelmente não terá quem quer que seja para solidariamente a ajudar e o neocolonialismo impante afrontará as mais legítimas aspirações em relação ao futuro do próprio povo angolano!

Luanda, 11 de Fevereiro de 2019.

https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/02/11/assembleia-internacional-dos-povos/

Representantes de 85 países chegam a Caracas para a Assembleia dos Povos

Atividade reúne mais de 500 representantes na capital venezuelana de 24 a 27 de fevereiro

Brasil de Fato | Caracas – Venezuela 
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Delegações de 85 países estão na Venezuela para a Assembleia Internacional dos Povos / José Eduardo Bernardes
Neste sábado (23), delegações de 85 países começaram a chegar à capital venezuelana, Caracas, onde participarão da Assembleia Internacional dos Povos (AIP), que acontece entre os dias 24 e 27 de fevereiro. Em coletiva de imprensa, os membros do comitê articulador do evento ofereceram detalhes sobre a organização. 
João Pedro Stedile, dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e articulador da Via Campesina Internacional, afirmou que a data escolhida para realização do evento simboliza a solidariedade à Venezuela, alvo de ataques de governos vizinhos e dos Estados Unidos. 
“Estamos aqui, a comissão coordenadora da Assembleia Internacional dos Povos. Levamos dois anos nos preparando e marcamos justamente a Assembleia para ser realizada aqui em Caracas, nesta data, como uma forma de solidariedade de todas as organizações do mundo ao governo de Nicolás Maduro e ao povo da Venezuela”, salientou Stedile.
Luta em defesa da vida
A representante da Espanha, Marga Ferré, afirmou que, embora governos europeus tenham defendido abertamente uma intervenção na Venezuela, esta não é a posição majoritária dos cidadãos desses países – que rejeitam a violência como forma de solução de conflitos. 
“Os povos da Europa não querem uma intervenção militar, e parte do que vamos debater aqui nestes dias é como construir uma agenda de solidariedade com a Venezuela e trabalhá-la também na Europa. Para dizer algo que acreditamos profundamente: cada povo tem o direito de ser governado como queira”, ressaltou. 
Já a representante dos Estados Unidos, Claudia Cruz, integrante do Projeto Educação Popular no país, classificou como “imoral” a posição do governo de Donald Trump e apresentou contradições no discurso sobre a “crise humanitária” no país latino-americano. 
“É uma vergonha, é criminoso, é imoral que os Estados Unidos, um país onde vivem 140 milhões de pessoas pobres, onde há seis milhões de pessoas que convivem diariamente com a fome, venha a dizer que na Venezuela há uma crise humanitária. Venezuela tem a resistência e a defesa de uma revolução que permitiu redistribuir as riquezas aos mais pobres, aos despossuídos. Venezuela não tem uma crise humanitária. Na Venezuela, há uma luta em defesa da vida. Os Estados Unidos não podem dizer isso. A Venezuela é um exemplo da luta pela dignidade de todos os povos do mundo, e por isso estamos aqui”, disse. 
A Assembleia Internacional dos Povos acontece no momento em que o governo da Venezuela vem sendo pressionado por outros governos da região, sobretudo da Colômbia, do Peru e do Brasil, além da administração de Donald Trump. Dezenas de chefes de Estado reconheceram o autoproclamado presidente interino da Venezuela, deputado Juan Guaidó e, por meio dele, tentam ingressar com uma suposta ajuda humanitária ao país. O governo de Nicolás Maduro, reeleito em maio de 2018 para una nova gestão de seis anos, rejeita a entrada dos insumos por desconfiar do conteúdo e por interpretá-lo como um "cavalo de Troia", que abriria caminho para intervenção militar estrangeira.
Neste domingo (24), como parte da abertura da Assembleia, será realizado um “show pela paz” na capital venezuelana, Caracas. 
https://www.brasildefato.com.br/2019/02/23/representantes-de-85-paises-chegam-a-caracas-para-assembleia-dos-povos/
Edição: Daniel Giovanaz
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