
Proposta de Zema é insanidade, avalia professor da UFMG: “Depois que o vírus ‘viajar’, não teremos mais como contê-lo”; vídeo
por Conceição Lemes
Na quinta-feira passada, 9/04, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), participou de uma videoconferência com a XP Investimentos, na qual avaliou o fechamento do comércio nas cidades do estado devido ao novo coronavírus.
Ele defende o não fechamento total do comércio em cidades sem casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus. O negrito é nosso:
(…) aproximadamente 200 cidades para mais em Minas Gerais as atividades comerciais estão funcionando com alguma restrição pequena. Não estão fechadas como aqui na região metropolitana.São medidas que o prefeito resolveu adotar e nós temos observado que em muitas regiões, muitas cidades, os casos existentes ou até a ausência de casos não justificam um fechamento total do comércio.
Zema justifica assim:
Até porque nessa crise nós precisamos que o vírus viaje um pouco.Se nós impedirmos ele totalmente, ele acaba deixando algumas regiões sem estar infectadas, e a amanhã nós vamos ter uma onda gigantesca nesta região.Então o ideal é que ele se propague mas devagar.E ausência total de propagação é ruim.
“ A proposta do governador é uma insanidade”, avalia o médico infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Levará a um verdadeiro genocídio.”
”Se temos uma chance de conter o coronavírus, esta chance é agora”, prossegue.
“Depois que o ‘vírus viajar’, não teremos mais como contê-lo”, observa.
Com um agravante: não haverá leitos de UTI em número suficiente em Belo Horizonte – onde há uma rede do SUS bem estruturada — e muito menos no Norte e Nordeste do Estado.
“Se o coronavírus ‘viajar’ como quer o governador, precisaremos de 12 mil leitos de UTI e só temos 1.500″, alerta o professor da UFMG.
Ou seja, até dez pessoas disputando um leito.
“Caso insista nesta insanidade teremos uma catástrofe de proporções ainda piores do que a da Itália”, previne.
O governador Zema e o presidente Jair Bolsonaro não estão entendendo a gravidade da situação, já que o coronavírus é transmitido pelo ar e não dispomos de vacina nem de medicamentos contra ele.
Ambos têm que fazer uma escolha já.
“Ou seguimos o exemplo de Whuan, na China, onde tudo foi fechado e a epidemia controlada”, atenta. “Ou o de Milão, onde o prefeito suspendeu o isolamento no momento errado e teve de voltar depois das centenas de mortes desnecessárias.”
A propósito. Zema e sua família são donos do bilionário Grupo Zema, uma rede de varejo com 430 lojas no estado.
Será que o bolso dos Zema está pesando mais nas decisões do governador do que a sua responsabilidade com a vida dos mineiros?
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