22 de jun. de 2020

Quebra de banco, roubo de avião: Fakhoury, suspeito de financiar gabinete do ódio, é de uma família do barulho. Por Zambarda

Quebra de banco, roubo de avião: Fakhoury, suspeito de financiar gabinete do ódio, é de uma família do barulho. Por Zambarda

 

Otávio Oscar Fakhoury, filho do banqueiro Oscar Fakhoury. Foto: Reprodução/CNN Brasil/YouTube
Em uma live transmitida pelo DCM TV em 8 de junho, Heloisa de Carvalho, filha primogênita de Olavo de Carvalho e a responsável por denunciar a localização de Queiroz antes de sua prisão em Atibaia, disse o seguinte sobre seu pai:
“O que ele sabe é se aproximar de gente poderosa. Ele gosta de se cercar de gente poderosa. Por isso reclama agora do Bolsonaro, quando ele deixa de ajudar. Eu já vi cenas assim antes”, disse ela, sobre um vídeo recente do guru surtado por falta de ajuda financeira e judicial.
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No dia 16 de junho de 2020, o DCM noticiou que Otávio Fakhoury, investidor ligado ao mercado financeiro e imobiliário, é financiador das milícias digitais bolsonaristas conectado a Olavo. Naquela terça-feira, ele recebeu a visita da Policia Federal durante busca e apreensão determinada pelo Ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Otávio Fakhoury no Twitter: Ameaçou abandonar Bolsonaro na queda de Weintraub, mas segue com ele. Foto: Reprodução
Fakhoury, que mantém o site de extrema direita chamado Crítica Nacional, chegou a ameaçar um rompimento com Jair Bolsonaro se o ministro da Educação Abraham Weintraub fosse demitido — ele foi, fugiu do Brasil e, até agora, não há sinais de retaliação.
Em seu perfil de Twitter, onde Otávio Fakhoury esconde o rosto no avatar, @oofaka, continua retuitando perfis extremistas e repercutindo bolsonaristas mesmo com a queda de Weintraub.
Novas fontes contaram ao Diário do Centro do Mundo que o passado “Faka” é bem mais nebuloso do que aparenta nas redes sociais.
Herdeiro de um banco falido, o “Merdesco”, um dos maiores estouros da história do mercado financeiro
Falência do Merdesco na Istoé Dinheiro. Foto: Reprodução
Uma de nossas fontes descreve Fakhoury como um “vaidoso” que se exibia em uma foto sorridente em Wall Street, da época em que trabalhou no Lehman Brothers, o banco americano da crise global de 2008 que deixou um rombo de bilhões de dólares. Otávio Fakhoury conhece de perto a história de colapso financeiro e teve um exemplo bem próximo.
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O aplicado discípulo de Olavo de Carvalho acompanhou, exatamente uma década antes, em maio de 1998, como o Banco Central do Brasil liquidou o BMD, Banco Mercantil de Descontos.
O apelido da instituição era “Merdesco”, assim como o Bradesco é o Banco Brasileiro de Descontos.
Esse colapso se deu por graves irregularidades, incluindo crise de liquidez, suspeitas em operações financeiras que envolveram prefeituras municipais, além de desequilíbrio em suas contas com grave risco aos clientes e credores. Essas foram as razões da quebra elencadas pelo BC, nos conta a fonte.
Uma notícia da Folha de S.Paulo informou que a liquidação foi encerrada em 2011.
Era um banco de pequenas dimensões com 30 agências no estado de São Paulo, em Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília. O dono e presidente do Merdesco era Oscar Fakhoury, pai de Otávio e já falecido. A família Zarzur, da mãe de Otávio, também era grande acionista.
Mesmo sendo pequeno, o Merdesco era um banco agressivo, atuante e com quase 58 mil clientes. Muitos deles – os que detinham os maiores depósitos e aplicações – jamais viram a cor de seu dinheiro no processo de liquidação. 
Casos emblemáticos foram o de uma das maiores agências de publicidade do país, que mantinha suas reservas na instituição dos Fakhoury e Zarzur, pelo simples e prosaico motivo de que do outro lado da Avenida Europa, esquina com a Avenida Faria Lima, havia uma agência do banco. Um dos mais conhecidos empresários paulistanos da gastronomia, Fabrizio Fasano, amargou imenso prejuízo com a quebra do tamborete da família do bolsonarista Otávio.
Nossas fontes afirmam que, mesmo com o Merdesco em decadência, o estilo de vida das famílias Fakhoury e Zarzur era de ostentação. A discrição nunca foi o forte deles: andavam com carros importados, viviam em casas de alto luxo, férias em paraísos da elite europeia e americana, além de presença constante nos bares e restaurantes de luxo de São Paulo.
O sequestro de um jato e uma surra em um restaurante
Uma das fontes dá um relato precioso:
“Foi num desses restaurantes, o já extinto Bice, elegante franquia internacional mantida pela socialite Yara Baumgart (ex-mulher do sócio do Shopping Center Norte), que o pai de Otávio foi alvo de um dos escândalos que antecederam a degola do Merdesco pelo Banco Central. A história, um tanto quanto sórdida, dá a medida dos métodos utilizados desde sempre pela família do financiador das milícias digitais do bolsonarismo”.
“Um dos maiores moinhos de trigo do Brasil havia realizado uma operação com o banco e a quitou. A garantia foi um jato Gulfstream, prefixo PT-AAC, que estava, portanto, liberada de qualquer alienação fiduciária. Apesar disso, o piloto do moinho, um certo comandante Pinho, teria sido corrompido pelo Merdesco e, em plena madrugada, voou com o Gulfstream para os Estados Unidos, onde o jato foi vendido para uma empresa de geração de energia elétrica”.
Jato Gulfstream G-III. O dos Fakhoury é um PT-AAC. Foto: Reprodução
A fonte, que pediu anonimato, nos explica que esse episódio gerou processos em várias frentes, tanto contra o banco quanto o piloto. Isso repercutiu nos bastidores dos meios financeiro, social e no próprio Banco Central. 
A pessoa continua com sua história:
“Foi no Bice, na elegante Rua Groenlândia, onde um dos acionistas do moinho encontrou-se com o presidente do Merdesco, que a revanche se deu. Ele disse: ‘levante-se para apanhar como homem!’. E diante de um restaurante lotado pela estarrecida fina flor do soçaite paulistano, o banqueiro Oscar Fakhoury, às vésperas de perder o seu banco e ter todo o seu fabuloso patrimônio indisponível, levou memorável surra aplicada com um cinturão de couro por conta do incrível sequestro de um jato”.
Segundo a fonte, considerando esse passado, o discurso moralista do filho Otávio Fakhoury é “mais falso que uma nota de três dólares”. Mesmo com o banco de sua família liquidado pelas autoridades monetárias, gerando prejuízos enormes e deixando um rastro de escândalos e inquéritos administrativos e policiais, Otávio e alguns parentes não desistiram de se lucrar com a massa falida do Merdesco. 
E em 2001, na 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, no voto do desembargador Paulo Alcides, acompanhado pela unanimidade de seus pares, fulminou a pretensão de Otávio em manter as participações societárias nas empresas Epof e GARDA “para que tal patrimônio possa responder pelos prejuízos causados aos credores do BMD”. Isso valeu naquela época, pois hoje o herdeiro do ex-banqueiro Oscar Fakhoury está na Epof.
E não se teve mais notícia sobre o avião Gulfstream prefixo PT-AAC.
O ataque do Crítica Nacional
Otávio Fakhoury e Bolsonaro antes da eleição. Foto: Reprodução
O DCM entrou em contato com Otávio Oscar Fakhoury através do site Crítica Nacional. Enviamos as seguintes perguntas:
– O senhor Fakhoury admite que financiou campanhas de parlamentares do PSL e que tem proximidade com a família Bolsonaro. Além do site Crítica Nacional, o senhor Fakhoury ou o Movimento Avança Brasil ajudou ou ajuda o jornal Brasil Sem Medo de Olavo de Carvalho? De que forma?
– O senhor Fakhoury financiou o site Terça Livre após a operação da PF autorizada pelo STF?
– O que o senhor Fakhoury acha sobre os recentes desentendimentos entre Olavo de Carvalho, o presidente Bolsonaro e empresários simpáticos ao bolsonarismo?
– Como o senhor acredita que está sendo encaminhada a CPMI das Fake News?
– Como o senhor acredita que está sendo encaminhado o inquérito da Polícia Federal autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes sobre ataques ao STF?
Ao invés de nos responder, Fakhoury resolveu utilizar seu sócio no Crítica Nacional, Paulo Eneas, e chamar o Diário do Centro do Mundo de “tabloide esquerdista”, sem responder nenhuma das perguntas apresentadas, que são de interesse público. 
O mesmo site de extrema direita também fez insinuações mentirosas tentando ligar o repórter ao técnico de TI e ativista Luciano Ayan e ao o deputado Alexandre Frota. Os dois não foram sequer mencionados nos dois textos sobre Otávio Oscar Fakhoury.

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