REPÚDUI DE PARLAMENTARESARGEENTINOSA PREENÇA DE SERGIO MORO EM SUA IDA AO PARLAMENTODO PAÍS,POR PRESSUOUE
27 de mar. de 2023
TENHO MAAIS DE 75 ANOS E NESE MEMSMO TEMPO OS SISTEMA DE DOMINIO DA HUMANUDADEM APOIADO NOS CHAMADOS REGINES POLITICOS, NAS RELIFIOES E NO AMPLO ESPECTRO MILIRAR, QUE FISAAM LUCCEOS SOBEW LUCRO, SPO SUFOCAM A HUMANUDADE, TUDO ISSO AZEITADO POR UM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO NUNDUAK QUENDEFEBDE OS INTERESSES DOS PODEROSOS. É PRECISO UMA NVA ORDEM MUNDIAL, DESCULPEM OS ERROSM NAS SE OS BILHÇOES CLOCADOS NAS INUSTRIAS BEKICAS SOBRE PARA A PESQUISA NA MEDIDINA, HOJE JA TERIA CURADO A DEGENERANÇAAO NACYLAR QUE ATINGE MILHARES DE PESSOAS
28 de nov. de 2022
lula foi referendado nas urnas e tambem recinhecido internabionalmwnte. . golpe é descartado mundialmente. 1964 é passado e enterrado.
a hora e de reconstruir fazendo do brasil voltar a ser uma economia dinamica e mais justa. extremismo sem chance.
quanto ao nercado ele tem a dimensao de 213 milhoes de brasileiras e brasileiros.
obs - devido a degeneraçao nacular emn ambos os olhos e por trabalhar só peço desculpas peloe erros e a inbonatancia;
espero voltar diariamente, mwmo para pequeno comentarui;
obrigadso peloa quase 8oo mil acessos.
sinto-me renascendo aos 75 anos
16 de nov. de 2022
14 de nov. de 2022
Democracia, sim! Guerras, jamais!
Eleitoras e eleitores brasileiros deram ao mundo uma lição democrática colocando de lado o totalitarismo, encerrado hoje um ciclo antidemocrático, ou seja, dando um cheque mate em perfis como os de Bolsonaro e o de Trump, além de outros totalitaristas espalhados pelo mundo com menor índole.
Mostramos ao mundo que temos capacidade e consciência para trazer novamente a democracia aos trilhos, visando assim retomada da mesma, da liberdade e que desejamos sobre tudo o fim a ódios RAM cores e trazendo paz e Liberdade ponto.
Coube, cabe e caberá sempre em todas as instâncias ao povo o discernimento de fazer de cada país uma autêntica e verdadeira democracia social, educacional, política, econômica cultural participativa e aberta ao diálogo, para que todos tenham vez e não só as elites, os comandantes e as comandantes do mercado, que são uma tremenda falácia dos banqueiros internacionais.
Também temos que acabar com a indústria da guerra produzida a mais de 70 anos pelo país que, entre aspas, se diz democrático e que põem no comando, há 70 anos, a prática da democracia da guerra, a democracia das armas e a democracia da morte para os povos em geral, além de visar somente o enriquecimento dos seus mercados e dos seus produtores.
O povo quer comida, quer tecnologia, mas aqui a tecnologia deve ser utilizada para nosso pais adensar a cultura e os conhecimentos. Desejamos muito a paz, a luta consciente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento humano, técnico, lógico e cultural, mas sempre em benefício da maioria e o fim ao FMI (Fundo da Miséria Internacional), fim às guerras, fim ao militarismo e paz, paz, paz e só paz.
1 de nov. de 2022
30 de mai. de 2021
Atos pelo "Fora Bolsonaro" chegaram a mais de 200 cidades e 14 países. - Editor - UM MORTICIDA NAO DEVE GOVERNAR O BRASIL. FORA, FAKE NEWS.
FORÇA POPULAR
Atos pelo "Fora Bolsonaro" chegaram a mais de 200 cidades e 14 países
Centenas de milhares foram às ruas, de máscaras, no maior protesto contra o governo durante a pandemia
Redação Rede Brasil Atual*
| 30 de Maio de 2021 às 10:15
Fotos de Giorgia Prates (Curitiba), Ricardo Stuckert (Brasília), Mídia Ninja (São Paulo), Luiz Damasceno (Porto Alegre) e Pedro Rocha (Rio) - Divulgação
As manifestações do #29M pelo “Fora Bolsonaro” foram gigantescas nas principais cidades do Brasil. “O presidente genocida também não acelera a vacinação porque ele tem medo disso aqui”, disse a atriz Maria Bopp, a Blogueirinha do Fim do Mundo, diante da imagem da Paulista tomada por mais de 80 mil pessoas no ato desse sábado (28), que pedia pelo fora Bolsonaro. “Se hoje foi assim, imagina com todo mundo vacinado.”
Neste sábado (29) ocorreram manifestações pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro em 213 cidade brasileiras dos 26 estados e do Distrito Federal, e 14 no mundo. Balanço divulgado no final do dia pelos organizadores estimou em 420 mil o número de pessoas que protestaram contra o descaso que já matou 461mil pessoas, contra a falta de vacinas para combater a covid-19, a fome, o desemprego, os ataques aos indígenas, aos negros, ao meio ambiente.
“Se o povo vai às ruas protestar em plena pandemia, é porque o governo e mais perigoso que o próprio vírus”, explicavam cartazes empunhados nos quatro cantos do Brasil. Quem não pode estar nas ruas, diante do receio da ser contagiado pelo coronavírus que assola as pessoas há mais de um ano, inundou as redes sociais da insatisfação com o governo omisso de Bolsonaro. A #29MForaBolsonaro contou com 202 mil participações apenas no Twitter, 1.828.048 postagens e 841 mil retuítes. No fim da tarde e no começo da noite, panelaços foram ouvidos em diversas cidades país afora.
O analista de dados Pedro Barciela aponta que a repercussão foi plural e obteve alto engajamento. “Essa diversidade presente hoje no campo antibolsonarista é o que permite que cada vez mais ele sensibilize outros usuários, converse com outros atores e interfira no debate público. A ideia aqui não é ‘furar a bolha’, mas sim dialogar com o maior número de bolhas possível”, tuitou.
Mobilização unificada
A mobilização do #29M contou com a participação de partidos de esquerda, sindicatos, entidades estudantis, quilombolas, indígenas, movimentos de trabalhadores do campo e entidades de torcidas. A avaliação é de que foi a maior mobilização nacional unificada desde 2017, durante os atos contra o ex-presidente Michel Temer.
“Os atos foram exitosos, do ponto de vista da mobilização. É claro que tem muito mais gente em torno da reivindicação da vacina, do auxílio emergencial de R$600,00. Hoje foi apenas uma amostra do que a sociedade vem reivindicando. Foi um esquenta depois de muito tempo longe das ruas, respeitando as medidas sanitárias, um marco do ponto de vista da mobilização no Brasil”, analisou Rud Rafael, da Frente Povo sem Medo e da Coordenação Nacional do MTST.
Em Brasília (DF), mais de 2 mil manifestantes seguiram em passeata pela Esplanada dos Ministérios ainda pela manhã. Em Belo Horizonte (MG), 18 mil pessoas participaram da mobilização. Em São Paulo (SP), o ato se concentrou na Avenida Paulista, no turno da tarde, e reuniu entre 80 e 100 mil pessoas, de acordo com os cálculos feitos pela organização do ato.
No Rio de Janeiro (RJ), o ato se concentrou na Avenida Presidente Vargas e reuniu uma multidão. Houve distribuição de 2 mil máscaras e álcool. Em diversos momentos, as lideranças relembravam a importância do distanciamento social.
“Foi um ato muito importante em defesa da vida de todos e todas brasileiras. Cada um com seu cartaz, feito em casa, protestando por vacina no braço, comida no prato, auxílio emergencial de 600 reais e fora genocida”, explicou Lígia Giovanella, uma das manifestantes cariocas.
No Sul do país, em Porto Alegre (RS), os atos se concentraram na parte da tarde e reuniram mais de 30 mil pessoas na capital gaúcha. Em Curitiba (PR), os manifestantes se concentraram na praça Santos Andrade e seguiram pelas ruas centrais da cidade. Ao todo, mais cinco mil pessoas participaram da mobilização.
No Ceará, houve mobilização em Fortaleza e também no interior, na cidade de Juazeiro do Norte. Na capital, os manifestantes se organizaram no período da tarde, na praça da Gentilândia e seguiram até a praça da Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Eles distribuíram kits de prevenção ao coronavírus, com máscaras PFF2 e álcool. Em Juazeiro do Norte, o ato foi pela manhã e foi dispersado poucas horas após o início por uma ação da Guarda Municipal e do Polícia Militar do Ceará.
“Estamos aqui, com todos os cuidados, porque tem gente demais morrendo, gente demais nos hospitais, tem gente demais passando fome por causa desse desgoverno e nós estamos aqui porque é muito importante mostrar nossa indignação”, disse a professora Magali Almeida, de Fortaleza.
Em Porto Velho (RO), uma carreata cortou a cidade entre a Zona Sul e Zona Norte. Já em Belém, no Pará , cerca de 3 mil pessoas ocuparam as ruas da cidade. A concentração foi na praça da República e depois o ato seguiu até o Largo de São Brás.
Fechou com chave de ouro
O ato em São Paulo foi o maior do país, com mais de 80 mil pessoas nas ruas. Da concentração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), por volta das 16h, os manifestantes marcharam pela Rua da Consolação e seguiram sentido à Praça Roosevelt, às 18h. Gritos, cartazes, bandeiras, adesivos pediam o impeachment de Jair Bolsonaro, a compra de mais vacinas e a ampliação do auxílio emergencial. Capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte também acabaram se surpreendendo com manifestações próximas de superar 10 mil participantes.
A maior manifestação contra Bolsonaro desde o início da pandemia ocupou vários quarteirões da avenida Paulista / Mídia Ninja
Antes do ato, o vão-livre do Masp estava fechado pela Polícia Militar de São Paulo, mas foi aberto pelos manifestantes, após uma forte chuva cair na Avenida Paulista. Totalmente pacífico, o protesto foi acompanhado pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).
A manifestação foi organizada pela Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, em conjunto das organizações estudantis, centrais sindicais e outros coletivos independentes. Ao longo do ato, representantes de partidos e movimentos sociais – como a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MTST), Guilherme Boulos – discursaram contra o governo Bolsonaro.
“Chegou a hora de dar um basta e tirarmos o Bolsonaro do governo. Não vamos mais esperar até 2022, enquanto o nosso povo morre. Chegou a hora de semear um projeto de esperança e hoje é só o começo. Viemos às ruas com responsabilidade e sem medo de lutar”, afirmou Boulos.
Responsabilidade
Diferente das manifestações pró-Bolsonaro, em que o uso de máscara não é respeitado, nos atos do #29MForaBolsonaro, Brasil afora, elas estavam em todos os rostos. Em algumas cidades, como em São Paulo, a UNE e o MTST organizaram tendas de distribuição de máscaras PFF2, álcool em gel. Também ofereciam instruções para evitar contaminações no protesto. Os organizadores instruíam as pessoas a trocar máscaras de pano por modelos mais seguros, como a PFF2.
“No Brasil que tem um presidente que nega a vacina, e é um genocida, o povo tem de ir às ruas, porque ficar em casa também está matando”, disse a militante e defensora de direitos humanos Preta Ferreira, ao Mídia Ninja.
*Com a redação de Brasil de Fato
Sucesso de público, atos ‘Fora Bolsonaro’ aumentam pressão sobre Arthur Lira - Editor - O GENOCIDIO DE BOLSONARO NAO E SO NA SAUDE, E EN TUDO. DA IMAGEM DO BRASIL. DA NATUREZA, DOS ÍNDIOS E POR AI VAI. O SISTEMA SEGURA, POIS TODOS GANHAM. O SISTEMA E MAIIOR QUE O POVO BRASILEIRO ....
Sucesso de público, atos ‘Fora Bolsonaro’ aumentam pressão sobre Arthur Lira
Para o jornalista Aquiles Lins, editor do 247, um dos principais ingredientes para o impeachment já não falta mais: o povo na rua. “O custo político de apoiar Bolsonaro vai aumentar progressivamente daqui para frente, à medida em que novos atos aconteçam”, afirma
30 de maio de 2021, 09:55 h Atualizado em 30 de maio de 2021, 18:20
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(Foto: Reprodução)
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Por Aquiles Lins
As manifestações desse sábado (29) contra Jair Bolsonaro já podem ser consideradas históricas. De máscara, álcool em geral e em grande parte com distanciamento para evitar o contágio da Covid, brasileiros e brasileiras, em sua maioria jovens, saíram às ruas de maneira pacífica, mas assertiva.
Em 213 cidades brasileiras e outras 17 no exterior, o recado foi dado, especialmente ao Congresso Nacional. O povo não suporta mais viver sob este genocídio em curso, que já matou quase meio milhão de pessoas, e exigiu a saída de Bolsonaro, a intensificação da vacinação, o retorno do auxílio emergencial de R$ 600 e o fim da pauta de desmonte do estado.
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que está sentado sobre 130 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro, tem dito que não é o presidente da Casa que pauta o impeachment, mas o próprio processo se impõe pela junção de alguns fatores, essencialmente políticos, como a perda de apoio político, deterioração do quadro econômico e intensas manifestações populares.
Pois bem, o ingrediente povo na rua, que andava em falta, agora não falta mais na ‘receita’ do impeachment. E pelas imagens impressionantes das manifestações, como a da Avenida Paulista tomada de pessoas, este componente deverá ter efeitos sobre o apoio político a Bolsonaro na Câmara.
Confira como ficou a Paulista na tarde desse sábado:
“Ah, mas hoje Bolsonaro tem a maioria da Câmara, comprou os deputados com o Bolsolão e seu orçamento paralelo”, dirá um leitor atento, não sem razão. No entanto, a política não é um monolito, é fluida, está em disputa constante. Os parlamentares que hoje apoiam Bolsonaro deverão sentir nas suas bases eleitorais a insatisfação do povo, que está sem trabalho, sem comida, sem emprego nem perspectivas. Com isso, o custo político de apoiar Bolsonaro vai aumentar progressivamente daqui para frente, à medida em que novos atos aconteçam.
por taboolaLinks promovidos
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Quanto mais manifestações - ressalte-se, respeitando protocolos sanitários contra a Covid-19, mais desgastado ficará o governo e sua base de apoio, e cada vez menos parlamentares estão dispostos a afundar no mesmo barco genocida de Bolsonaro. Isso inclui obviamente o deputado Arthur Lira.
O genocida vai cair.
O genocida vai cair.
Perfil do Colunista 247
Aquiles Linsbrasil 246
Aquiles Lins é editor-executivo do Brasil 247 e apresentador do programa O Dia em 20 Minutos, da TV 247. É jornalista e mestre em Ciência Políti
26 de mai. de 2021
Forças Armadas negaram a civis leitos disponíveis em hospitais militares, mostram documentos da CPI da Covid - Fditor - LAMENTÁVEL. SEGREGACIONISTA. AÁRTHTEID INFUNDADO. ;
Forças Armadas negaram a civis leitos disponíveis em hospitais militares, mostram documentos da CPI da Covid
A CPI da Covid tem em seu poder documentos que mostram que solicitações foram feitas por Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Amazonas e pelo município de Xanxerê, em Santa Catarina
26 de maio de 2021, 04:01 h Atualizado em 26 de maio de 2021, 04:01
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TCU determinou que Hospitais das Forças Armadas retirem sigilos sobre dados da pandemia
TCU determinou que Hospitais das Forças Armadas retirem sigilos sobre dados da pandemia (Foto: Divulgação)
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247 - As Forças Armadas negaram a estados e municípios o compartilhamento de leitos de enfermaria e de UTI com civis, apesar de haver vagas disponíveis em hospitais militares, segundo informações de documento enviado pelo Ministério da Defesa à CPI da Covid no Senado.
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As solicitações foram feitas por Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Amazonas e pelo município de Xanxerê, em Santa Catarina.
No documento enviado à CPI, o Ministério da Defesa argumenta que houve a impossibilidade de atender ao fornecimento de leitos porque a demanda do sistema de saúde militar era elevada, informa reportagem da Folha de S.Paulhttps://www.brasil247.com/cpicovid/forcas-armadas-negaram-a-civis-leitos-disponiveis-em-hospitais-militares-mostram-documentos-da-cpi-da-cHS
23 de mai. de 2021
50 anos do Chile de Salvador Allende. - Editor - O POVO CHILENO DÁ UM BASTA NO 11 DE SETEMBRO, QUE DERRUBOU, COM AJUDA INTERNACIONAL. O LEGÍTIMO PRESIDENTE CHILENO ELEITO POR SEU POVO DEMOCRÁTICAMENTE, A SOBERANA POPULAR É MAIOR QUE O INTERSSE ECONOMICO INTERNACIONAL.. O POVO TROUXE DE VOLTA A SOBERANIA NACIONAL.. ALLENDE RENASCE NO VOTO POPULAR.
ht50 anos do Chile de Salvador Allende
Carolina Amaral de Aguiar e Ignacio Del Valle Dáviladisse:
4 de novembro de 2020
50 anos do Chile de Salvador Allende
15
Candidato da Unidade Popular, Salvador Allende foi eleito há 50 anos, em 4 de novembro de 1970 (Foto: Reprodução)
Nos últimos dia o Chile esteve entre os temas políticos mais comentados mundialmente por conta da aprovação, via plebiscito, de um processo que colocará fim à Constituição de 1980. Esta última, provavelmente, é um dos vestígios mais sólidos remanescentes da ditadura de Augusto Pinochet. Por capricho da História, ao mesmo tempo em que põe fim ao legado institucional do ditador, o Chile celebra também os 50 anos da posse de Salvador Allende, ocorrida em 4 de novembro de 1970.
Candidato da Unidade Popular, aliança de esquerda que incluía os partidos Socialista e Comunista, Allende foi responsável por renovar as esperanças das esquerdas mundiais ao mostrar que era possível unir socialismo e democracia, reativando esse campo político após as desilusões com a União Soviética ante os crimes de Stálin revelados no XX Congresso do Partido Comunista (1956) e a invasão da Tchecoslováquia (1968). Com o êxito da Unidade Popular, a América Latina se tornava, como ocorrera em 1959 com a Revolução Cubana, um laboratório político.
O impacto dessa vitória fora das fronteiras chilenas motivou o historiador francês Olivier Compagnon a utilizar a noção de “evento-mundo” para descrever os holofotes recebidos tanto pelo êxito desse governo como por sua trágica derrocada, três anos depois. Em 1973, o Chile voltava aos noticiários políticos internacionais, que veiculavam as imagens do palácio presidencial em chamas e a informação sobre o suicídio do presidente. O golpe de Estado transformava em ruínas os sonhos de políticos, intelectuais e artistas convulsionados por esse projeto. Na ocasião, o então secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Enrico Berlinguer, publicou um célebre artigo no qual descrevia os acontecimentos chilenos como um trauma para todos aqueles que defendiam a democracia.
De modo menos simbólico e
mais corpóreo, o fim de Allende
era também uma nova derrota
para muitos brasileiros que
buscaram exílio durante a
Unidade Popular.
Políticos da esquerda francesa, que trabalhava por uma aliança nos moldes da Unidade Popular em torno da candidatura presidencial de François Mitterrand, visitaram o Chile. O socialista Claude Estier, em 1970, esteve no país latino-americano, para o qual retornou no ano seguinte acompanhado de Gaston Defferre e do próprio Mitterrand – quem, aliás, era frequentemente chamado pela imprensa francesa dessa época de “o Allende francês”.
Entre os líderes mundiais que prestigiaram Allende, muitos viam em sua figura um modo de se projetar positivamente para setores progressistas de seus países. O presidente do México, Luis Echeverría Álvarez, que visitou o Chile em abril de 1972 durante a III Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, buscava afastar-se do histórico negativo de ter sido Ministro do Interior em 1968, quando ocorreu o Massacre de Tlatelolco. A visita mais complexa foi a de Fidel Castro, que permaneceu um mês no Chile em novembro de 1971, adotando uma postura de apoio ao “irmão” socialista do Sul sem, no entanto, perder a oportunidade de questionar acidamente os limites da chamada “via pacífica ao socialismo”.
No campo da cultura, o Chile da Unidade Popular também atraiu intelectuais, artistas e cineastas de várias partes do mundo. O intercâmbio com latino-americanos foi intenso. O documentarista cubano Santiago Álvarez, por exemplo, esteve duas vezes no país (em 1970 e 1971). Em relação aos europeus, os cineastas Costa-Gavras e Chris Marker viajaram juntos para lá em 1972, onde Gavras rodou o filme Estado de sítio.
Ainda no meio do cinema, nesse mesmo ano, os chilenos receberam a visita do crítico da Cahiers du Cinéma Pierre Kast, do produtor italiano Renzo Rosselini, do compositor grego Mikis Theodorakis, do cineasta húngaro Miklós Jancsó, entre muitos outros. O prestigiado fotógrafo francês Raymond Depardon registrou com maestria a atmosfera dos anos de Allende numa série de fotos tiradas em sua visita em 1971, que se converteram em documentos visuais das agitações políticas que tomaram as ruas do país.
Intercâmbios entre Chile e Brasil
As relações culturais entre o Chile e o Brasil foram particularmente intensas a partir de meados dos anos 1960. O golpe de Estado de 1964 levou muitos intelectuais brasileiros a se exilarem em território chileno, que era também a sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Nessa época, o governo desenvolvimentista do democrata-cristão Eduardo Frei empreendia uma série de reformas voltadas à educação e à propriedade agrária.
No final dos anos 1960 e no começo dos 1970 viveram no país andino personalidades diversas como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, César Maia – seu filho, Rodrigo Maia, nasceu em Santiago –, Paulo Freire, Thiago de Mello, entre outros. Em muitos casos, esses brasileiros tiveram uma participação ativa na vida intelectual e política chilena. FHC foi professor da Universidade do Chile. Paulo Freire trabalhou para a reforma agrária de Frei e escreveu, no Chile, seu primeiro livro. O poeta Thiago de Mello, por sua vez, desenvolveu uma relação estreita com Pablo Neruda e Violeta Parra chegou a representa-lo em seus famosos trabalhos em tear.
Trabalhadores chilenos marcham em apoio a Salvador Allende em 1964
Trabalhadores chilenos marcham em apoio a Salvador Allende em 1964 (Foto: Domínio Público)
Com a chegada da Unidade Popular ao poder, esses intercâmbios se intensificaram. Intelectuais como Mario Pedrosa e Ferreira Gullar viveram no país andino durante esse governo. Pedrosa esteve à frente da criação do Museu de Solidariedade ao Chile, iniciativa nascida durante um encontro em Santiago que contou com a presença dos também críticos de arte José María Moreno Galván e Giulio Carlo Argan. Inaugurado oficialmente em 1972, tratava-se de um museu colaborativo constituído por obras doadas por artistas de todo o mundo que se declaravam solidários à causa socialista chilena. Após o golpe, Pedrosa seguiu com o projeto, que passou a se chamar Museu da Resistência Salvador Allende, organizando mostras em distintos países.
O campo do cinema é particularmente interessante para pensar nos intercâmbios entre Brasil e Chile naquela época. Affonso Beato – diretor de fotografia de Glauber Rocha e, anos depois, de Walter Salles e Pedro Almodóvar – trabalhou com o diretor chileno Miguel Littin no longa-metragem A terra prometida (1973), um dos principais filmes chilenos da época. O próprio Glauber chegou a passar no Chile uma temporada, em 1971, onde desenvolveu o projeto de um filme não-realizado. Sua residência, a poucos metros do Palácio de La Moneda, foi o Hotel Carreira, que Glauber descreveu como um “centro do contrabando de dólares e de agentes da CIA”. Em setembro de 1973, desde esse mesmo lugar, as câmeras estrangeiras filmaram as impressionantes imagens do bombardeio do palácio presidencial.
Em 13 de janeiro de 1971, o governo de Allende recebeu 70 presos políticos brasileiros trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher. Entre eles, estava o diretor Luiz Alberto Barreto Leite Sanz, que filmou no Chile, junto ao cineasta Pedro Chaskel, o documentário Não é hora de chorar (1971). Trata-se de uma impactante denúncia sobre a tortura cometida pela ditadura brasileira. No Chile também se filmou, no mesmo ano e com mesmo grupo de exilados, Brasil: um relatório de tortura, dos norte-americanos Haskell Wexler e Saul Landau. Nos dois documentários, que estão entre os poucos produtos audiovisuais da época que trataram da tortura no Brasil, os ex-prisioneiros narram e reencenam as violências sofridas. Entre os entrevistados dos dois filmes, estavam Frei Tito, Jean Marc Von Der Weid (ex-presidente da UNE) e Maria Auxiliadora Lara Barcelos.
Todo esse processo de intercâmbios
se encerrou bruscamente com o
golpe de Estado de 11 de setembro de
1973, que deu início à ditadura de
Augusto Pinochet.
No caso de muitos brasileiros, o golpe os obrigou a sair no Chile, iniciando um segundo e doloroso exílio. “Tinha que sair daquele maldito país antes que fosse tarde demais”, escreveu Ferreira Gullar em seu livro Rabo de foguete (1998). A porta da casa do poeta foi pichada com a palavra “comunista” no mesmo dia em que morria Allende, sintetizando o perigo que tanto ele como outros milhares de chilenos e estrangeiros começavam a correr no Chile.
A queda de Allende foi também um marco na trajetória dessa intelectualidade brasileira. Muitos acabaram desiludidos da política; outros ganharam um protagonismo ainda maior, mas se afastaram bastante dos projetos revolucionários ou reformistas; somente uma minoria continuou defendendo os ideais da Unidade Popular. A necessidade de um segundo ou terceiro exílio foi um fardo insustentável para alguns, como ocorreu com Maria Auxiliadora, que se suicidaria três anos depois em Berlim Ocidental. Dora, como era chamada, é uma das personagens centrais do documentário Retratos de identificação (2014), de Anita Leandro.
Após 11 de setembro de 1973, outros ventos sopraram no Chile, mais violentos e autoritários. No entanto, curiosamente, o país voltou a ser laboratório político e econômico que despertaria atenção internacional. O novo projeto era radicalmente distinto das ideias da CEPAL e totalmente oposto à via democrática ao socialismo representada por Allende. Chegou ao Chile pelas mãos de economistas ali nascidos, mas formados na Universidade de Chicago, que logo encontraram cargos importantes na ditadura. Esse novo projeto, a cargo dos “Chicago boys”, é o neoliberalismo.
Carolina Amaral de Aguiar é professora de História da América na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Doutora em História Social pela USP.
Ignacio Del Valle Dávila, chileno radicado no Brasil, é professor de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA) e professor da Pós-graduação em Multimeios da UNICAMP. Doutor em Cinema pela Universidade de Toulouse.
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https://revistacult.uol.com.br/home/50-anos-do-chile-de-salvador-allende/
DEIXE O S
Mulheres, jovens, mapuches, aposentados: o Chile foi sacudido de baixo para cima - Editor - NO VOTO O POVO CHILENO DESTRONA O GENERAL CARRASCO E DITADOR AUGUSTO PINOCHET E OS CHICAGOS BOYS E RECUPERA A SOBERANIA POPULAR,
Mulheres, jovens, mapuches, aposentados: o Chile foi sacudido de baixo para cima
Depois da maior eleição desde a retomada da democracia, no plebiscito de domingo, Constituinte testará força do Chile para enterrar legado de Pinochet
Por Paulo Donizetti de Souza | RBA
Publicado 30/10/2020 - 07h34
Reprodução/Twitter
O movimento feminista chileno foi um dos principais atores sociais na rebelião que levou à paridade de gênero na Constituinte
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São Paulo – O plebiscito do último dia 25 no Chile não foi uma votação qualquer, e tem muitas razões para ser celebrado como uma vitória maiúscula. Primeiro, porque num país em que o voto é facultativo desde 2012, o plebiscito levou às urnas, em plena pandemia, mais da metade, 51%, dos quase 15 milhões de chilenos aptos a votar. Isso significa dizer que mais gente foi votar a favor de se construir uma nova Constituição do que as que elegeram o atual presidente da República, Sebastián Piñera.
Para se ter ideia, Piñera obteve 3,8 milhões de votos no segundo turno, em 2017. Ao passo que no domingo passado 5,9 milhões de chilenos disseram não à atual Constituição, redigida sob a ditadura de Augusto Pinochet em 1980. Foi a votação com a maior presença de eleitores desde o retorno à democracia. E o resultado – 79% de “aprovo” para uma nova Constituição – foi contundente.
“O resultado mostra que o povo chileno tem uma disposição fervorosa de superação do legado de Pinochet. Isso é o mais importante”, afirma a historiadora Joana Salém. Doutoranda em História Econômica na Universidade de São Paulo (USP), com tese sobre o Chile, e estudiosa da América Latina, Joana relata, em entrevista à RBA, outros importantes motivos para que o resultado do plebiscito chileno seja amplamente comemorado. Entre eles, o fato de o plebiscito ter vindo de uma mobilização social sem precedentes na história recente do Chile, que explodiu nas ruas do país há um ano. “O povo começou essa história. Não houve uma vanguarda partidária que puxou o processo. A classe política tradicional foi obrigada a aderir. O processo de luta popular foi iniciado de baixo pra cima.”
Plebiscito do Chile foi só o começo
Mais do que aprovar uma Convenção Constituinte, a ser eleita em 11 de abril de 2021, o plebiscito do Chile decidiu por uma paridade histórica: metade da composição parlamentar será formada por mulheres, e metade por homens. Além de haver uma cota para as populações indígenas. Além disso, o plebiscito decidiu que o Chile elegerá integralmente seus representantes para a tarefa constituinte. Assim, derrotou-se uma proposta que previa manter metade dos atuais congressistas, e que apenas metade das vagas fosse oferecida aos novos eleitos.
Joana Salém cita o protagonismo dos movimentos de mulheres, estudantes, juventude, mapuches, trabalhadores vítimas do sistema de aposentadorias privadas – “um escândalo” – no processo de reconstrução de uma nova ordem democrática. “Que possa gerar, talvez, canais mais verdadeiros de representatividade”, diz. Ela critica, porém, os acordos firmados por setores da centro-esquerda desde o fim da ditadura, em 1990. E alerta que o quórum de dois terços para aprovar as novas leis a partir do ano que vem, estabelecido por um acordo do qual a centro-esquerda participou em novembro do ano passado, pode frustrar os movimentos que conquistaram a Constituinte. Isso porque, como observa a historiadora, “com apenas um terço dos votos a direita pinochetista poderá bloquear qualquer mudança substantiva antineoliberal da Convenção Constituinte”.
“É possível criar uma maioria de mais de dois terços, uma maioria antineoliberal? Digamos que não é impossível”, afirma. E ressalva: “Digamos que o 25 de outubro foi só o começo de um processo de superação do legado pinochetista. E que os chilenos ainda terão muitos desafios e obstáculos”.
Confira a entrevista
Podemos dizer que mulheres, juventude e periferias concentraram a força das viradas vistas nos últimos dias no continente, na Bolívia e Chile?
O fato de esses sujeitos – mulheres, juventude e periferias – estarem ativos nesses dois países em busca de uma nova hegemonia não significa que exista termos de comparação o suficiente. Isso porque, em primeiro lugar, o Chile não viveu uma onda progressista como viveu a Bolívia. No ciclo em que está a Bolívia de Evo Morales, de 2005 a 2019, o Chile foi governado alternadamente pela centro-esquerda neoliberal, com Michelle Bachelet, e pela direita neoliberal, com Sebastián Piñera. No Chile, centro-esquerda e direita fizeram uma pacto de preservação da Constituição do Pinochet, de 1980. Então, o que ocorre hoje no Chile é uma insurreição popular com poucos canais de representatividade político-partidária.
Desde o ano passado, existe uma insatisfação evidente nas ruas, e uma indignação crescente de pessoas que não aguentam mais tantas injustiças e desigualdades. Esse neoliberalismo sem freios representado pela Constituição pinochetista, em que tudo é pago, tudo é mercadoria, a água é completamente privatizada no Chile. A educação endivida os estudantes, porque a universidade pública é paga. A saúde também é extremamente mercantilizada. Os chilenos estão muito endividados.
A “sentença” de que o Chile – laboratório do neoliberalismo – será a “tumba” do modelo que empobreceu, ganhou as ruas em 2019 e foi alvo do plebiscito (Reprodução: Twitter)
“O neoliberalismo profundo, radical, da Constituição chilena de 1980 causou insatisfação dos de baixo contra os de cima. E foi isso aí que a gente viu acontecer agora, no plebiscito do dia 25 de outubro”
Os efeitos da selvageria do pensamento neoliberal teriam passado a ser sentidos na carne por mais gente?
Esse neoliberalismo profundo, radical, da Constituição de 1980, causou uma insatisfação popular dos de baixo contra os de cima. E foi isso aí que a gente viu acontecer agora, no plebiscito chileno do dia 25 de outubro. Uma insatisfação social enorme, organizada nas bases, nos movimentos sociais.
E o que acontece na Bolívia já é bem diferente. Porque a Bolívia teve uma participação vibrante, vanguardista, na onda progressista sul-americana. Por exemplo, foi um dos países que contribuiu com a formulação do Estado plurinacional, que é hoje um conceito que o Chile almeja para sua nova Constituição. Então, a Bolívia, de certa maneira, se adiantou na compreensão sobre coexistência dos povos indígenas originários junto com uma sociedade baseada nos valores dos colonizadores, digamos assim. Então, a necessidade de uma plurinacionalidade na Bolívia se expressa também em legislações que defendem a autonomia territorial desses povos originários. Que, inclusive, podem ter seus próprios regimes políticos e, enfim, uma série de outros dispositivos constitucionais que foram criados em 2009 na Bolívia, a partir do governo do Evo Morales.
Isso não quer dizer que o governo do Evo Morales não teve contradição, pois foi um governo que viu rupturas importantes dos movimentos indígenas, contrários a algumas ações. Por exemplo, a construção de rodovias, obras de infraestrutura. Esse paradigma neodesenvolvimentista, extrativista, que deixou insatisfeitos setores importantes de base de apoio do Evo. E essa insatisfação foi um dos fatores que permitiu o enfraquecimento político do Evo. E criou, portanto, condições para que a extrema direita se aproveitasse em 2019 e desferisse esse golpe de Estado.
“79% dos chilenos rejeitam o que foi a ditadura do Pinochet e suas heranças. É simbólico que isso tenha sido tão esmagador, deixando as direitas políticas tão encurraladas e tão minoritárias”
Joana Salém faz pesquisa de doutorado em História Econômica com foco no Chile e afirma que plebiscito foi conquista das ruas
O que você destaca de mais importante no resultado da votação de domingo?
Acho que o mais importante do resultado da votação de domingo no Chile foi a expressiva maioria. Foi um verdadeiro plebiscito contra Pinochet. É possível dizer que 79% dos chilenos rejeitam o que foi a ditadura do Pinochet e a suas heranças, enquanto 21% ainda apoiam. Então, é muito simbólico que isso tenha sido tão esmagador. Que tenha deixado as direitas políticas tão encurraladas, e tão minoritárias.
Outro aspecto importante foi a participação popular na eleição. A eleição de Piñera, em 2017, teve 47% do eleitorado (no 1º turno), dentro de um conceito de voto facultativo. Isso significa que 53% dos eleitores chilenos não participaram da eleição que escolheu o atual presidente. É muito pouca legitimidade. Ao passo que agora, no plebiscito, com voto também facultativo, quase 51% dos chilenos participaram.
Milhões de pessoas que foram participar do plebiscito não votaram na eleição de Piñera. Porque não se reconhecem representadas no sistema eleitoral e nesses partidos que concorreram. E ao participar do plebiscito, indicam que acreditam na possibilidade de uma reorganização muito profunda da institucionalidade e do sistema político do país. Que possa gerar, talvez, canais mais verdadeiros de representatividade. Então, é um resultado que mostra que o povo chileno, na sua maioria, tem uma disposição fervorosa de superação do legado de Pinochet. Isso é o mais importante.
“Os idosos são sujeito social super ativo do país. E quanto mais trabalhadores se aposentam pelo sistema do Pinochet – o sistema privado das AFPs –, mais o movimento cresce”
plebiscito chile
“Aposentadoria de fome”. Idosos são sujeito social ativo da reação que levou ao plebiscito no Chile (Foto: Gamba.CL/Via IHU)
Quais as principais marcas desse crescimento da adesão popular ao desejo de transformações no Chile?
Acho que “adesão popular” não é a melhor expressão para explicar o que aconteceu no Chile. Ao contrário, foi o povo que começou essa história. Se teve alguma adesão, foi dos setores da classe política que foram obrigados a aderir a posteriori ao processo de luta popular – iniciado de baixo pra cima. Isso é muito importante, pois não houve uma vanguarda partidária que conduziu essa proposta e que puxou o processo.
Foi um processo social, construído nos últimos 20 anos, desde que o movimento estudantil emergiu no Chile como sujeito político desestabilizador da hegemonia neoliberal. Primeiro em 2006, depois 2011 novamente, com mobilizações de massa que tornaram o tema da educação inescapável para os governos neoliberais. A gratuidade da educação, a necessidade de considerar a educação como um direito, não como uma mercadoria.
Além disso, o movimento No Más AFP (Não Mais às Administradoras de Fundos de Pensão privadas, controladas por bancos), dos aposentados contra a previdência 100% privatizada no Chile, é um movimento popular muito relevante e expressivo. Os idosos participam das marchas, e são sujeito social ativo do país também. E quanto mais trabalhadores foram se aposentando no sistema do Pinochet – o José Piñera, irmão do atual presidente, foi quem criou o sistema privado da AFPs –, mais o movimento cresce. Isso porque mais pessoas ficam revoltadas com as condições em que estão vivendo na velhice, passando por muitas penúrias. A ponto de ter de trabalhar até morrer. Então, realmente é um escândalo o sistema previdenciário chileno.
“É preciso lembrar a performance artística das meninas chilenas – Un Violador en Tu Camino – reproduzida e reinventada em mais de 50 países. Elas foram fortalecidas por essa proposta comunicativa artística”
plebiscito chile
Ensaio no México, uma das reproduções pelo mundo da performance das mulheres chilenas, protagonistas do caminho do plebiscito no Chile (Foto: Wotancito/Wikimidia/CC)
Os povos Mapuche também, desde os anos 1990 – na verdade desde o século 19 –, lutam pela sua autonomia territorial. E esses povos têm se organizado e denunciado a violência dos carabineiros contra eles, contra seus territórios, a violação de seus direitos. Esses indígenas também estão lutando faz tempo, e se incorporaram em 2019 à luta pela Constituinte. Isso pra ficar só em três setores: estudantes, aposentados e indígenas.
As mulheres no Chile também têm se organizado de maneira expressiva. O movimento feminista chileno é muito plural na luta contra violência contra as mulheres. Tem denunciado muitos casos de assédio, tem fomentado essa transformação cultural pela qual a América Latina tem vivido. É sempre importante lembrar a importância simbólica daquela performance artística que aquelas meninas chilenas fizeram e que rodou o mundo – Un Violador en Tu Camino. E que foi reproduzida e reinventada em mais de 50 países. Então, o movimento feminista mundial se expressou com solidariedade ao movimento das meninas chilenas. Portanto, elas foram fortalecidas por essa proposta comunicativa artística.
Linguagem, métodos e signos utilizados pelos movimentos de resistência foram mais eficientes do que os discursos tradicionais?
Na realidade, se fosse fazer uma síntese de tudo isso, 2019 foi a convergência de uma série de movimentos populares, sociais, que têm sido construídos de baixo pra cima. E que pressionaram as classes políticas, inclusive a esquerda e centro-esquerda, para uma agenda mais substantiva de mudanças. E que seja orientada por um horizonte mais popular de direitos sociais e de liberdade política. Ainda existe muita repressão do Chile. E perseguições que aconteceram desde o ano passado principalmente, a partir da mobilização do estalido social. Então a síntese seria essa.
“As esquerdas partidárias tiveram de correr atrás do movimento social do Chile, que estava muito à frente nas demandas pelo plebiscito e por uma mudança substantiva e uma democracia verdadeira, que enterre de vez o legado de Pinochet”
plebiscito chile
Movimento sociais impulsionaram as estruturas políticas tradicionais a ouvir os clamores pela Constituinte (Foto: Prensa Opal/Via BdF)
As esquerdas partidárias no Chile estão bastante fragilizadas e fragmentadas. Na verdade, é um paradoxo, porque as esquerdas sociais estão muito fortalecidas, enquanto as esquerdas partidárias ficaram muito fragmentadas. Porque parte dessas esquerdas partidárias assinou um acordo com o Piñera e com as direitas no ano passado, impondo algumas condições ao processo itinerário constitucional, que não tinham sido combinadas nem com a esquerda social, nem com as pessoas que estavam na rua sofrendo a repressão. Então, essas esquerdas partidárias que assinaram um acordo do dia 15 de novembro do ano passado são muito mal vistas pelos movimentos sociais. E um outro setor da esquerda, que não assinou um acordo, tem ainda um pouco mais de credibilidade perante a população, digamos assim.
Sobre as linguagens e os métodos e os signos, nesse mesmo sentido, destaca-se a criatividade popular. A criatividade da juventude. A criatividade do movimento feminista. A estética do protesto criada pelos próprios manifestantes das ruas. É mais tudo isso do que uma questão sobre o discurso da esquerda. Acho que nesse processo as esquerdas partidárias tiveram de correr atrás do movimento social, que estava muito à frente em suas demandas por uma mudança real, substantiva, por uma democracia verdadeira, que deixe para trás e enterre de uma vez por todas o legado de Pinochet.
Com mídia comercial e instituições formais atuando de certa forma coesas em meio à onda de rebeldia, existiria algum risco de, na correlação de forças, essa gana de transformação ser frustrada por uma Constituinte conservadora?
Joana: O Chile ainda tem muitos desafios pela frente
“Os movimentos sociais estão indignados, pois com apenas um terço dos votos a direita pinochetista poderá bloquear qualquer mudança substantiva antineoliberal da Convenção Constituinte”
Esta pergunta é muito importante. Porque a resposta é sim. É possível que as forças tradicionais da direita e da centro-esquerda consigam minimizar as mudanças da nova Constituição. E quando eu falo em centro-esquerda me refiro ao Partido Socialista, que governou o país em diversas oportunidades e compactuou com a Constituição do Pinochet. No governo da Michelle Bachelet houve um pequeno esforço de mudança da Constituição, mas foi mais teatral, cênico, e não substantivo. Então, sim, existe uma grande possibilidade de que as forças tradicionais da política chilena capturem de volta esse processo de mudança para si para que se construa um pacto os conservadores.
E o principal problema relacionado a isso é o quórum de dois terços que foi aprovado no acordo de 15 de novembro do ano passado. Desse acordo, assinado por forças de esquerda e de direita, e pelo presidente Piñera também, dois pontos foram muito criticados. O primeiro foi o quórum de dois terços. Porque uma Convenção Constituinte vai ser composta por parlamentares eleitos para este fim, mas a aprovação de uma nova Constituição dependerá da aprovação de dois terços do quórum desses novos parlamentares. Isso é uma herança da ditadura, porque a Constituição de 1980 estava também blindada por um quórum de dois terços que impedia a sua reforma dentro da lei. É como se fosse um sistema fechado sobre si mesmo que se reproduz agora na nova Constituinte que vai ser eleita em abril.
É um problema enorme para o qual as esquerdas sociais e os movimentos estão atentos, e indignados. Questionam a legitimidade desse acordo e vão pressionar para que seja diferente. Porque senão a direita, com apenas um terço dos votos, consegue bloquear todo tipo de mudança substantiva antineoliberal que a Convenção Constituinte possa propor.
“Para se criar uma maioria política que seja representativa da maioria social, muita luta ainda precisa acontecer. Digamos que o plebiscito de 25 de outubro foi só o começo de um processo de superação do legado pinochetista no Chile”
O segundo problema do acordo do ano passado é a questão dos direitos humanos. O presidente Sebastián Piñera não foi responsabilizado pelos abusos e pelas violações que aconteceram, e que foram contabilizados pelo Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile. Foram milhares de prisões, milhares de feridos por carabineiros, dezenas de mortos. Eles escandalosamente atiravam na altura do rosto das pessoas. Por isso, mais de 400 perderam a visão. Então, esse foi outro problema que o acordo do ano passado não contemplou. Nenhum tipo de justiça para as vítimas dessas violações praticadas pelo governo Piñera.
Olhando mais para frente existe o seguinte calendário: no dia 11 de abril de 2021 vão ocorrer as eleições dos parlamentares que vão atuar na Convenção Constitucional. É possível criar uma maioria de mais de dois terços, uma maioria antineoliberal? Digamos que não é impossível, considerando os 79% que disseram “apruebo” a esta nova Constituição. Mas é difícil, porque as máquinas eleitorais da direita são muito poderosas. E a centro-esquerda, que também voltou o “apruebo”, por exemplo o Partido Socialista, também tem base social e, de certa maneira, uma máquina eleitoral poderosa. Mas não são uma força política confiável, porque o PS foi cúmplice da Constituição pinochetista desde os anos 90.
Ou seja, para se criar uma maioria política que seja representativa dessa maioria social, muita luta ainda precisa acontecer. Para que essas esquerdas sociais, esses movimentos, consigam se organizar de maneira representativa, em partidos e em candidaturas independentes, que vão expressar canais de representação verdadeiros dos anseios populares. Digamos que o 25 de outubro foi só o começo de um processo de superação do legado pinochetista. E que os chilenos ainda terão muitos desafios e obstáculos.
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I Independentes e paridade de gênero colocam constituinte chilena na vanguarda. - Editor - UMA ENORME VITÓRIA DO POVO RUMO A DEMOCRACIA POPULAR E PARTICIPATIVA
Independentes e paridade de gênero colocam constituinte chilena na vanguarda
Historiadora Joana Salém vê experiência inovadora da esquerda para o século 21 e, ao mesmo tempo, destaca que nunca uma Carta Magna foi redigida com peso igual entre homens e mulheres
Por André Rossi
Publicado 23/05/2021 - 15h24
Carlos Figueroa / wikimedia
"centro político da convenção constitucional pende para a esquerda"
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São Paulo – A expressiva eleição dos chamados independentes de esquerda, candidatos desse espectro político sem vinculação partidária, e a paridade de gênero foram as grandes marcas das eleições no Chile que escolheram os 155 representantes do povo para redigir uma nova Constituição. A historiadora Joana Salém aponta os dois fenômenos como de vanguarda. Sobre o primeiro, diz ser “uma experiência muito inovadora do que a gente pode chamar de esquerda do século 21”. Já o segundo é inédito, pois “nenhuma Constituição da história mundial foi aprovada com 50% de homens de 50% de mulheres”.
Os independentes “são esquerdas mais diversas, plurais, multidimencionais, heterogênias e, principalmente, horizontais. A esquerda tem uma tradição do século 20 bastante vertical e centralizadora. E acho que no século 21 há uma grande mudança na formatação dos valores, voltados para a diversidade e horizontalidade”, acrescenta a doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo e professora da Faculdade Cásper Líbero.
Ao contrário do que possa transparecer, Joana Salém entende a ascensão dos independentes como um aprofundamento da politização da sociedade chilena, indo muito além dos partidos. “Não é antipolítica, é a expressão de uma importante politização da sociedade e uma importante vinculação das militâncias independentes a seus territórios, localidades, agendas ecológicas, feministas, da educação, saúde, contra o neoliberalismo. O Chile está mais politizado do que nunca.”
Autorepresentação
Os independentes de esquerda estão distribuídos em diversas áreas, inclusive nas coalizões partidárias. Dentro do bloco Lista del Apruebo, por exemplo, há independentes internos, assim como dentro do Apruebo Dignidad. Além disso, existem as listas 100% independentes, formada exclusivamente por quem não se identificou com a configuração partidária de esquerda chilena. São principalmente duas: a Lista de Pueblo, formada por militantes de movimentos sociais, e a Lista dos Independentes por la Neuva Constitución, mais associada a base social ligada ao partido socialista.
“O fenômeno dos independentes está muito relacionado com uma força de autorrepresentação dos movimentos sociais”, diz a historiadora, citando alguns, como o feminista 8M, ecológicos e estudantis. “E também lideranças comunitárias, mais locais e territoriais, que foram sendo criadas nos últimos anos, principalmente do estalido social para cá.” Com isso, “o centro político da convenção constitucional pende para a esquerda”.
Divisão de forças
Porém, essa tendência à esquerda não garante o controle total da redação da nova Carta Magna. Joana Salém explica que, apesar da grande derrota da direita, elegendo apenas um quarto das cadeiras e, portanto, sem o um terço necessário para bloquear mudanças, a esquerda inteira, partidária e independente, também não chegou aos dois terços para garantir sozinha a aprovação de suas ideias. Sendo assim, será preciso contar com o apoio do centro político. “A esquerda vai precisar dessa articulação.”
:: Mulheres, jovens, mapuches, aposentados: o Chile foi sacudido de baixo para cima
Mesmo com essa pitada de incerteza a respeito do tamanho das mudanças, dá para dizer que a Constituição que nascerá pouco ou nada terá da atual. Afinal, a direita tradicional não conseguiu se garantir “em um cenário em que quem criou as regras do jogo foi a direita. Eles estavam seguros que iam conseguir um terço suficiente para bloquear o avanço das agendas contrárias ao neoliberalismo. A direita chilena está bastante derrotada e quando a direita é derrotada, o neoliberalismo latino-americano também sobre um golpe justamente porque foi ali que tudo começou.”
“Un violador en tu camino”
Outra marca na eleição da assembleia constituinte chilena é a paridade de gênero. Joana Salém lembra que a divisão igualitária das cadeiras está em um contexto da luta feminista imortalizada no estalido social pela performance criada pelo coletivo Las Tesis. “Foi provavelmente um dos acontecimentos mais impressionantes da mundialização da luta feminista a partir de um contexto local. Em mais de 20 países mulheres se organizaram para repetir a performance, que chama Um Violador em tu Camino, ou “Um Estuprador em seu Caminho “. A proposta da performance era a denúncia da violência masculina e estatal, identificando o Estado com o patriarcado. A ideia de que o Estado é um macho que viola os direitos das mulheres de uma forma muito particular e cruel.
Agora, a partir da paridade, abre-se a possibilidade para uma proposição estrutural do feminismo sobre a compreensão do Estado e da sociedade. “O feminismo não é mais visto como uma caixinha onde estão algumas lutas. É visto com uma perspectiva totalizante da nova sociedade que está por ser construída”, analisa. “Esse é um dado muito relevante que anima as feministas de diferentes partes da América Latina. E o Chile, nesse aspecto, inspira, configura uma certa vanguarda feminista. Agora vamos ver as consequências de uma constituição redatada com 50% de mulheres. Também veremos como isso vai alterar as configurações políticas, a compreensão do Estado, a compreensão da sociedade.”
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Covid-19: Como a variante do Brasil se apoderou da América do S - Editor - O PRESIDENTE FAKE NEWS DO BRASIL CONTINUA EM SEUS PÉRIPLOS, COM AGLOMERAÇÕES, AMPLIANDO AS PROVAVEIS MORTES POR COVID 19. NESTE DOMINGO ATÉ O EX MINISTRO DA SAÚDE PAZZUELLO FOI AO RIO DE JANEIRO.
Covid-19: Como a variante do Brasil se apoderou da América do Sul
BMJ 2021 ; 373 doi: https://doi.org/10.1136/bmj.n1227 (publicado em 20 de maio de 2021)
Cite isso como: BMJ 2021; 373: n1227
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Luke Taylor , jornalista freelance
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O Brasil há muito é um pária na pandemia, mas as consequências de seu fracasso em controlar a SARS-CoV-2 estão se manifestando em toda a América Latina, escreve Luke Taylor
Quando a pandemia do Brasil saiu do controle em março de 2021, os líderes da América do Sul se esforçaram para limitar as consequências regionais. Da Colômbia ao Uruguai, os voos foram paralisados, as fronteiras terrestres foram fechadas e os torneios esportivos regionais foram cancelados em um esforço para impedir a propagação da variante P.1 mais transmissível que havia levado um dos sistemas de saúde mais fortes da região à beira do colapso . 1
No entanto, essas ações não impediram a propagação de P.1, com a variante explorando as condições favoráveis criadas por recentes relaxamentos das medidas de saúde.
Países como Chile e Uruguai, antes considerados modelos de como administrar a pandemia com eficácia, perderam o controle sobre ela. O Uruguai registrou o menor número de casos per capita na América do Sul em 2020, como resultado de testes generalizados, rastreamento rápido de contatos e forte adesão do público ao distanciamento social ( fig. 1 ). 2 Mas em 22 de abril de 2021 registrou 22,17 mortes diárias por 100.000 pessoas, a taxa mais alta da região ( fig 2 ).
Figura 1
Figura 1
Números de covid-19 casos em seis países da América do Sul, março de 2020 a maio de 2021
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Figura 2
Figura 2
Números de covid-19 mortes em seis países da América do Sul, março de 2020 a maio de 2021
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Outros, como a Colômbia, onde as unidades de terapia intensiva foram ampliadas durante a pandemia para evitar seu colapso, agora estão vendo seus leitos atingirem sua capacidade máxima. As principais cidades impuseram bloqueios rígidos à medida que as mortes diárias atingiam níveis recordes.
“A distribuição da vacina não é rápida o suficiente para neutralizar a variante mais contagiosa e aparentemente mortal”, diz Michael Touchton, do Observatório para a Contenção de Covid-19 da Universidade de Miami nas Américas. “Há um caminho muito difícil pela frente para a América Latina.”
Brasil: origem da crise
Cerca de 400.000 brasileiros já morreram de covid-19—13% das covid-19 mortes e mais do que toda a epidemia de AIDS no país.
Epidemiologistas afirmam que a pobreza, a moradia multigeracional e o trabalho informal têm dificultado a resposta da saúde pública, assim como em toda a América do Sul. Mas uma grande parte da culpa é colocada diretamente no presidente franco do Brasil, Jair Bolsonaro, que continua a minimizar a ameaça do vírus, promover curas não comprovadas e recusar bloqueios nacionais, que ele diz prejudicar a economia. Um inquérito parlamentar que poderia levar ao impeachment de Bolsonaro foi aberto em 27 de abril para investigar o papel de seu governo na crise de saúde pública. 3
“Não pudemos salvar vidas nem a economia ... Foi uma derrota dupla e desastrosa para o Brasil”, diz Jesem Orellana, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Especialistas em saúde pública dizem que a resposta sem brilho permitiu que o vírus se propagasse de forma violenta, o que causou mortes desnecessárias e o colapso de hospitais. Isso, por sua vez, permitiu que novas variantes mais perigosas do coronavírus evoluíssem e se propagassem por todo o país.
“Sabíamos a direção que o Brasil estava tomando, mas nenhum de nós sabia que poderia ficar tão ruim”, diz Natalia Pasternak, microbiologista e presidente do Instituto Question of Science de São Paulo. Mais da metade das mortes covid-19 do país foram registradas na terceira onda da pandemia, alimentada pela variante P.1, que se acredita ter surgido na cidade amazônica de Manaus, Brasil, em novembro de 2020. 4 Estudos sugerem que é 1,7 a 2,4 vezes mais transmissível do que as variantes anteriores e melhor em escapar da imunidade da infecção. 5
O presidente venezuelano Nicolas Maduro rotulou o Brasil de "a pior ameaça do mundo em termos de coronavírus" em 21 de março e criticou Bolsonaro por sua "atitude irresponsável". 6 O próprio Maduro enfrentou críticas - previa-se que o sistema de saúde da Venezuela cederia rapidamente sob a pressão da pandemia devido ao colapso econômico do país. Mas, ironicamente, isso pode ter ajudado, dizem os especialistas, já que a falta de gasolina reduziu a mobilidade e, portanto, a transmissão do vírus.
O governo da Venezuela relaxou os bloqueios em dezembro, mas novas infecções subsequentemente aumentaram. Julio Castro, especialista em doenças infecciosas em Caracas, acredita que a flexibilização das restrições foi o principal motor da transmissão. Ele hesitou em atribuir aumentos recentes de casos à variante P.1, mas diz que seu impacto ficou mais claro nas últimas semanas: “A maior parte da transmissão parece ser da variante P.1 brasileira e está crescendo”.
Para evitar que o P.1 e mais de 90 outras variantes em circulação no Brasil se propagassem, seus vizinhos tentaram se isolar dele. Argentina, Colômbia e Peru proibiram voos do pária regional, e a maioria dos países que ocupam a fronteira terrestre mais longa da região os desligaram. As equipes esportivas brasileiras tiveram que se retirar das competições regionais, pois não tinham permissão para pousar na Colômbia, apesar de o Brasil ter uma bolha de viagens em vigor.
A Colômbia priorizou sua região amazônica para o escasso fornecimento de vacinas para que pudesse criar o que seu ministério da saúde chamou de “barreira epidemiológica” na fronteira com o Brasil para evitar que o P.1 passe pela fronteira. Isso pode ter diminuído a transmissão lá, mas não impediu a disseminação da nova linhagem para Bogotá e além.
Impacto variante
“Não há dúvida sobre isso, as novas variantes devem estar desempenhando um papel importante [no aumento recente de casos]”, diz Diego Rosselli, epidemiologista da Universidade Javeriana de Bogotá. Os pesquisadores sabem que novas variantes estão se espalhando rapidamente, mas não são capazes de quantificar seu impacto devido à falta de sequenciamento genômico, diz Rosselli. No primeiro ano da pandemia, a Colômbia executou 600 sequências genômicas - o mesmo número feito em Londres em um único dia.
Na capital peruana de Lima, 40% dos vírus sequenciados em 24 de março foram P.1. Em 5 de abril, foi detectado em quase todas as regiões do país, de acordo com o Ministério da Saúde do Peru. “É razoável esperar que [P.1] tenha contribuído para a rápida disseminação do vírus”, disse Jean-Baptiste Marion, chefe da missão Médicos Sem Fronteiras no Peru.
Notavelmente, nos últimos meses, os doentes no Peru tornaram-se mais jovens, uma tendência também observada no Brasil e na Colômbia. 7 Cientistas de toda a América do Sul estão tentando estabelecer o porquê. As teorias variam desde o efeito indireto de distanciamento social relaxado, sistemas de saúde em colapso, vacinação de idosos direcionando infecções para os jovens e, é claro, P.1.
Outras variantes, como P.2 (também identificada pela primeira vez no Brasil) e B.1.1.7 (a variante “Kent” encontrada pela primeira vez no Reino Unido), foram detectadas na América do Sul. Especialistas dizem que eles estão se espalhando menos rapidamente do que P.1, sugerindo que a linhagem amazônica tem uma vantagem competitiva, mas a presença de múltiplas cepas complica a tarefa de entender o impacto das variantes individuais.
Na Bolívia, Paraguai e Uruguai, as regiões próximas à fronteira com o Brasil foram as mais afetadas. Oitenta por cento das linhagens detectadas em Rivera - uma cidade uruguaia que compartilha uma fronteira seca com o Brasil - são P.1, diz Rodney Colina, chefe do laboratório de virologia molecular do Centro Universitario de la Región Norte. O conselho consultivo covid-19 do Uruguai recomendou mais vigilância epidemiológica e genômica, bem como reforçou as medidas de saúde pública, como o distanciamento social devido à chegada da “variante brasileira”.
Embora P.1 possa estar contribuindo para o aumento prolongado e sustentado de casos, Colina acredita que a reabertura é o fator chave. “Isso se explica principalmente pela reabertura de atividades como o início das aulas do ensino fundamental, fundamental e médio”, afirma.
Vacinas sem panacéia
Os primeiros casos de P.1 no Chile foram identificados pelo Ministério da Saúde em março de 2021. A variante está aumentando a transmissão, afirma Claudia Cortés, especialista em doenças infecciosas da Universidade do Chile, mas também o fez o relaxamento das medidas de saúde pública entre dezembro de 2020 e março de 2021 - verão no hemisfério sul e um período de celebrações de feriados em muitos países.
O mesmo ocorreu com o excesso de confiança do público nas vacinas após uma única dose da vacina CoronaVac. 8 “O governo não foi suficientemente claro ao explicar a importância da segunda dose”, diz Cortés, e a falsa crença de que as pessoas estavam protegidas resultou em que baixassem a guarda.
Estudos demonstraram que as vacinas permanecem eficazes contra P.1. Mas houve consternação em todo o mundo quando surgiu a notícia de que o Chile - que vacinou totalmente uma porcentagem maior de sua população do que qualquer outro país com mais de 10 milhões de habitantes - estava enfrentando seu pior surto, com um recorde de 9151 casos em 9 de abril.
As taxas de vacinação no resto da América do Sul permanecem baixas devido à falta de doses. No momento em que este artigo foi escrito, a Venezuela e o Paraguai haviam atingido apenas 1% de sua população com uma única injeção; Peru e Equador, 3%; Bolívia, 4%; e Colômbia, 6%.
A Covax, iniciativa liderada pela Organização Mundial de Saúde para garantir o acesso equitativo às vacinas para todos os países, espera levar 280 milhões de doses para a América Latina, mas tem sido afetada por atrasos em alguns dos oito fabricantes com os quais fez acordos e não espera para entregá-los até o final de 2021. Cuba é a única nação latino-americana a desenvolver sua própria vacina candidata promissora. Ela tem duas vacinas em testes de fase III e planeja exportá-las para toda a região, caso sejam eficazes.
Isso fez com que as nações sul-americanas procurassem a China e a Rússia para obter vacinas.
Argentina, Brasil, Chile, México e Peru concordaram em comprar pelo menos 30 milhões de doses das vacinas chinesas CanSino, Sinopharm e Sinovac (CoronaVac), e a vacinação com Sinovac e Sputnik V da Rússia estão em andamento em pelo menos seis países latino-americanos países. Um estudo da vacina CoronaVac em Manaus, onde P.1 é dominante, encontrou 50% de eficácia após uma única dose. 9 Touchton diz que os governos devem obter permissão para fabricar mais vacinas localmente, mesmo que sejam menos eficazes.
A Organização Pan-Americana da Saúde pediu aos países que não confiem nas medidas de vacinação e dobrem as medidas de saúde pública, como máscaras e distanciamento, para evitar o agravamento da crise. 10
Os olhos continuam no Brasil. As mortes atingiram o pico em meados de abril, mas alguns modelos prevêem que o total de mortes no país por covid-19 chegará a meio milhão em junho. A trajetória da pandemia no Brasil pode ser um indicador do que está por vir para seus vizinhos. Como disse o diretor de vigilância sanitária do Paraguai, Guillermo Sequera: “Quando o Brasil espirra, o Paraguai fica resfriado”. 6
Notas de rodapé
Conflito de interesses: Li e entendi a política do BMJ sobre declaração de interesses e não tenho interesses relevantes a declarar.
Comissionamento e revisão por pares: Comissionado; não revisado externamente por pares.
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Referências
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traadução literak via computador
22 de mai. de 2021
"Toda favela é uma Faixa de Gaza", diz André Constantine. - Editor - A REVOLUÇÃO POPULAR PASSA PELO VOTO, ELEGENDO REPRESENTANTES DAS COMUNIDADES. ESSA REVOLUÇÃO, COMBATERÁ BALAS PERDIDAS QUE MATAM, CASSETADAS, BOMBAS DE GÁS LACRiMOGENIO, SPRAY DE PiMENTA, PRISÓES E MUITAS, MAS MUITAS MORTES . A REVOLUÇÃO ESTÁ NO VOTO.
"Toda favela é uma Faixa de Gaza", diz André Constantine
Moradores de favelas são “os palestinos brasileiros lutando contra esse gigante que é o Estado burguês, que insiste em nos massacrar”, disse à TV 247 Constantine, ativista do movimento de favelas. Assista
21 de maio de 2021, 19:54 h Atualizado em 21 de maio de 2021, 20:15
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247 - Ativista do movimento de favelas, André Constantine comentou na TV 247 a execução de duas pessoas a tiros pela Polícia Militar em uma rua movimentada, que dá acesso à Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Além do assassinato, policiais militares ignoraram o processo de perícida da cena do crime e retiraram um dos corpos do local. Segundo o militante, cenas como essa são comuns em territórios de favela.
Constantine rebateu afirmações de que a população de favela não se mobiliza diante de casos deste tipo e destacou a dificuldade de protestar nas comunidades. “A favela sempre protestou, mas de forma espontânea. Os atos da favela são esses atos espontâneos, ali na hora. A polícia executa jovem lá, a favela se mobiliza de forma espontânea e vai para cima. Isso sempre ocorreu. Agora, se você for lá na Cidade de Deus puxar um ato para semana que vem, ele já vai ser bem menor. Então a favela se mobiliza, mas de forma espontânea, no calor do fato. O morro sempre desceu. A favela sempre fez isso e vai continuar fazendo”.
Falta para a favela, segundo o ativista, “uma organização maior para sair desse campo reativo, isso demonstra que estamos perdendo a batalha. Nós temos que nos mobilizar para evitar novas chacinas e novas execuções”.
Constantine comparou a situação das favelas brasileiras ao massacre promovido por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza. “A favela nunca dormiu. É porque é difícil aqui dentro, é difícil protestar aqui dentro, as pessoas têm medo da represália dos policiais, mas na hora da emoção a galera desce, a galera vai com pau, pedra. São os palestinos brasileiros nas nossas ‘Faixas’ de Gaza, é isso que acontece. Toda favela é uma Faixa de Gaza, e nós somos os palestinos brasileiros lutando contra esse gigante que é o Estado burguês, que insiste em nos massacrar. Mas a favela está aqui resistindo, e vamos continuar resistindo”.
https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/toda-favela-e-uma-faixa-de-gaza-diz-andre-constantine
19 de mai. de 2021
Um meio de comunicação convencional aceitou meu argumento de venda sobre o que a mídia se recusa a dizer sobre o império dos EUA - depois se recusou a me deixar dizer. - Editor - A MÍDIA HEGEMONICA MUNDIAL, TRANSFORMOU A REDAÇÃO EM BALCÃO DE ANÚNCIOS E NEGÓCIOS. A INFORMAÇÃO FICOI PARA SEGUNDO PLANO.
a conversa da mídia convencional
Um meio de comunicação convencional aceitou meu argumento de venda sobre o que a mídia se recusa a dizer sobre o império dos EUA - depois se recusou a me deixar dizer
MATTHEW ALFORD·13 DE MAIO DE 2021
Um veículo acadêmico convencional chamado The Conversation deu luz verde ao meu artigo sobre questões de política externa que a mídia ocidental se recusa a discutir. Com a peça pronta para ir ao ar, tudo deu terrivelmente errado.
Esta é uma história sobre como a mídia funciona. Especificamente, é sobre minha tentativa fracassada de publicar um artigo com a grande mídia sobre algumas das coisas que os meios de comunicação evitam consistentemente quando cobrem a política externa dos EUA / Reino Unido.
Talvez você esteja pensando: “A culpa é sua - por que você pensou que poderia publicar um artigo sobre o que a grande mídia se recusa a dizer para a grande mídia?”
Bem, porque existe uma rede online de veículos sem fins lucrativos chamada The Conversation, cuja missão é dar a acadêmicos como eu uma plataforma para transmitir versões jornalísticas de suas pesquisas. The Conversation diz que vê as universidades como “uma redação gigante” e os artigos resultantes são reimpressos gratuitamente pelos jornais . Operando internacionalmente há cerca de uma década, tem um alcance combinado de 40 milhões de pessoas.
Eu já havia escrito dois artigos para The Conversation em 2017 e 2018 que criticavam a política das indústrias de cinema e música dos EUA, respectivamente. O primeiro artigo obteve 121.000 visualizações e ambos foram republicados pelo jornal Independent no Reino Unido e em outros lugares.
Portanto, decidi lançar um novo artigo para The Conversation delineando os aspectos preditivos do " modelo de propaganda " dos professores renomados Edward Herman e Noam Chomsky , identificando uma cobertura fortemente distorcida da política externa ao longo do último meio século. Procurei apoio de outros especialistas em modelos de propaganda e The Conversation me designou um editor.
O Conversation usa um software especial que determina automaticamente a “legibilidade” de um artigo. Por mais de uma semana, meus associados e eu trabalhamos até que o software nos classificou em 85%, o que significa que estávamos escrevendo para “alunos do ensino médio” - ou seja, bom, claro e simples. O editor acumulou imagens e até mesmo implantou uma manchete extraordinariamente severa e dramática: “Como a mídia ocidental amplifica e racionaliza a guerra e a violência sancionadas pelo Estado - enquanto milhões morrem”.
Foi nesse ponto que tudo deu terrivelmente errado. O próprio Noam Chomsky chamou nossa experiência editorial de “uma grande história” e disse que estava “surpreso” com o resultado.
Antes de detalhar o que aconteceu, deixe-me dar uma ideia do que coloquei no artigo. Ao fazer isso, espero destacar e até mesmo quantificar a gravidade das deturpações da mídia, citando a pesquisa mais confiável em meu campo.
hegrayzone.com/2021/05/13/mainstream-outlet-media-refuses-say/
Tela de visualização de nosso artigo poucos minutos após a intervenção final do editor executivo de The Conversation, Stephen Khan
“Ninguém deu a mínima”
Começamos a peça observando como era um artigo de fé na mídia dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra da Indochina (1955-75) que tropas americanas foram desdobradas para “ defender o Vietnã do Sul ” contra a “agressão” dos comunistas do Norte. Entre os comentaristas públicos, Noam Chomsky - embora sem uma plataforma de notícias para hospedá-lo - foi o único a fazer a simples observação de que os EUA haviam “ atacado o Vietnã do Sul” [grifo nosso].
Chomsky estava certo, entretanto - somente durante 1962, os EUA realizaram 2.048 saídas aéreas e posicionaram mais de 11.000 botas em solo no Vietnã do Sul. Mas isso mal era o começo. No final da guerra, dois terços das bombas americanas - o dobro da tonelagem total detonada na Segunda Guerra Mundial - foram lançadas no sul. Nessa chamada Guerra do “Vietnã”, a América também pulverizou dois países vizinhos, Camboja e Laos.
Em 1975, a ditadura de Suharto da Indonésia invadiu e ocupou seu pequeno vizinho, Timor Leste , envolvendo-se na fome engendrada, casamento forçado e esterilização, bombardeios e execuções em massa. A cobertura dos Estados Unidos de Timor Leste nos principais jornais diminuiu depois da invasão e diminuiu à medida que as atrocidades atingiam o seu pico. No New York Times, consistia em apenas cinco linhas para todo o ano de 1977.
Embora os EUA não enviassem tropas, seu apoio diplomático e militar foi vital para a guerra da Indonésia; quando foram retirados no final da década de 1990, a Indonésia, por sua vez, retirou-se da ilha. Um oficial sênior da CIA na Indonésia, então aposentado, disse ao cineasta John Pilger:
Havia pessoas sendo conduzidas para edifícios escolares e incendiadas [e] em campos e metralhadas [...] Enviamos aos generais indonésios tudo o que é necessário para travar uma grande guerra contra alguém que não tem armas. […] O que você disser; eles entenderam [...] Nada disso saiu na mídia. Ninguém deu a mínima.
Desde a eleição de Hugo Chávez em 1998 , a Venezuela tem sido rotineiramente demonizada como uma "ditadura socialista". Em abril de 2019 , Juan Guaidó convocou os militares a derrubar o sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, e literalmente zero comentaristas de elite dos EUA se opuseram a ele, em vez de apelidar a tentativa de golpe como um " levante ", um " protesto " ou mesmo uma " oposição liderada desafio apoiado pelos militares . ”
A mídia ocidental minimizou assiduamente as consequências da desestabilização da Venezuela liderada pelos Estados Unidos. Um relatório de 2019 do Center for Economic and Policy Research descobriu que os EUA bloquearam a importação de insulina, máquinas de diálise e medicamentos para câncer e HIV, incluindo aqueles que a Venezuela já havia comprado. Ao todo, 40.000 venezuelanos morreram entre agosto de 2017 e dezembro de 2018 como resultado. Mas este relatório não foi mencionado em nenhuma publicação nacional do Reino Unido, exceto no Independent .
Dois anos depois , a relatora especial da ONU, Alena Douhan, publicou um quadro ainda pior , afirmando que a Venezuela vive “com 1% de sua receita pré-sanções”. Enquanto a CNN cobria a estimulante reportagem de Douhan , houve total silêncio sobre ela em veículos como o Guardian, o New York Times, o Washington Post e a BBC.
A guerra da Arábia Saudita no Iêmen começou em março de 2015 e rapidamente se tornou a pior crise humanitária do mundo , com apoio vital dos EUA / Reino Unido. Como parte de sua análise da cobertura da mídia, em março de 2020, o Declassified UK descobriu que 7.000 cidadãos britânicos haviam estado operacionalmente envolvidos no esforço de guerra. Nesse contexto, eles comentaram :
Poucos artigos descrevem o conflito do Iêmen pelo que é, dada a extensão do papel militar do Reino Unido - uma guerra britânica. O termo 'guerra britânica no Iêmen' [ou frases variantes] não produz resultados de pesquisa no texto de nenhum artigo nos últimos cinco anos. Os resultados mais próximos são um artigo no Independent intitulado : 'O governo finalmente admitiu que a Grã-Bretanha está em guerra no Iêmen' (escrito não por um jornalista, mas pela deputada da oposição, Diane Abbott) (2016), e dois no Guardian ( 2016 e 2019 ).
Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, insinuou na revista Politico que, por ser o segundo maior negociante de armas da Arábia Saudita, o Reino Unido estava bem posicionado para ajudar a conter a violência e que retirar seu apoio seria infrutífero.
Os comentários de Hunt passaram sem comentários na imprensa, mesmo quando um ex-funcionário do Ministério da Defesa revelou ao Guardian apenas algumas semanas depois que “os chefes sauditas dependem absolutamente da BAE Systems”.
As promessas melosas de Hunt de um “caminho para a paz” deram em nada e a guerra, em vez disso, entrou em seu ano mais mortal . Um funcionário da BAE disse: “Se não estivéssemos lá, em sete a quatorze dias não haveria um jato no céu”.
Caiu no último minuto
Nosso artigo para The Conversation estava previsto para ser publicado na manhã de quinta-feira, 25 de abril de 2019. Como a peça estava pronta para ir ao ar, o editor executivo interveio como uma verificação final.
Uma hora depois, fui chamado pelo primeiro editor para dizer que havia um atraso.
Quando nosso rascunho voltou para nós, a frase da manchete do editor “Enquanto milhões morrem”, havia sido removida. Todas as referências ao Vietnã, Timor Leste, Indonésia e Venezuela foram removidas. Na verdade, a menção a Noam Chomsky e Edward Herman e uma referência ao nosso próprio status como estudiosos da propaganda também foram removidas.
Um parágrafo que tínhamos escrito sobre a cobertura do bombardeio da OTAN na Líbia em 2011 estava anotado em letras maiúsculas: “Precisa-se de uma linha aqui sobre a natureza do regime de [Coronel Muammar] Gaddafi. Não posso ignorar suas atrocidades. ”
Reconhecemos o abuso de Gaddafi e nos oferecemos para incluir a linha. Também assinalamos que foram os nossos “rebeldes” na Líbia que praticaram abusos em grande escala dos direitos humanos contra os negros africanos e que a intervenção da OTAN aumentou o número de mortos na Líbia em pelo menos sete vezes . Nós citado Comitê da Câmara dos Negócios Estrangeiros Commons':
Apesar de sua retórica, a proposição de que [...] Gaddafi teria ordenado o massacre de civis em Benghazi não foi apoiada pelas evidências disponíveis. O regime de Gaddafi havia retomado cidades dos rebeldes sem atacar civis no início de fevereiro de 2011 [...] A disparidade entre as vítimas masculinas e femininas [as últimas abaixo de 2,5%] sugeriu que as forças do regime de Gaddafi visaram combatentes do sexo masculino em uma guerra civil e não atacaram indiscriminadamente civis. Mais amplamente, o registro de 40 anos de abusos terríveis dos direitos humanos de Muammar Gaddafi não incluiu ataques em grande escala contra civis líbios.
Não recebemos nenhuma refutação.
Nosso editor parecia acreditar que a peça ainda iria adiante, então continuamos a trabalhar nela e mantivemos contato regular por mais de um mês. Mais tarde, eles me disseram para começar do zero, então comecei.
Eu apontei a ironia de que um artigo sobre o que a mídia se recusa a dizer sobre a política externa ocidental foi "descartado no último minuto por causa de seu conteúdo político" e que "isso parece ir contra a própria carta de The Conversation e seu espírito de cooperação com nossas universidades. ”
Pedimos mais comentários do editor executivo, mas fomos informados de que ele havia tirado um mês sabático. Quando perseguimos novamente, não houve resposta.
No final das contas, o editor disse para levá-lo para outro lugar, o que não é tão fácil hoje em dia, aliás, já que os jornais parecem menos dependentes de freelancers acadêmicos porque recebem artigos de graça - sim, você adivinhou - The Conversation, que garante seu próprio financiamento de forma privada .
Noam Chomsky comentou sobre o episódio para The Grayzone: “Embora essas declarações [sobre crimes anteriores nos EUA] fossem altamente controversas na época, pensei que até mesmo o mainstream poderia tolerá-las hoje - transmutando-as em história antiga, erros e assim por diante.
O próprio Chomsky não é estranho aos executivos de mão pesada. Sua primeira colaboração com Edward Herman, Counter-Revolutionary Violence: Bloodbaths in Fact & Propaganda (1973) foi publicada pela Warner. O chefe de operações de livros da empresa controladora da Warner odiava tanto o livro que pulou até a última cópia e fechou sua própria divisão de publicação. Apenas 500 cópias sobreviveram dos 20.000 impressos.
Como tal, em meio ao "choque" de Chomsky com a natureza incomumente pontual e claramente documentada de nossa experiência editorial, ele observou que "infelizmente, é a norma".
Um rascunho de nosso artigo rejeitado foi escolhido por publicações marginais e, previsivelmente, com o rótulo orwelliano de "censurado". Mas o que a Conversa fez não foi realmente censura - foi apenas mais uma escolha editorial padrão que por acaso foi, como sempre, a favor de interesses políticos e comerciais estabelecidos e sobrepujando todas as outras considerações.
Não tenho certeza de até que ponto The Conversation está fazendo isso sistematicamente. Eu sei que meu colega Stephen Harper apresentou um artigo para eles criticando os ataques com mísseis do presidente Trump em 2017 na Síria. Também foi abandonado em circunstâncias vagas e, em pouco tempo, outro artigo apareceu elogiando as greves como “uma coisa boa.
Deformado além de qualquer razão
Vietnã, Timor Leste, Venezuela, Arábia Saudita e Líbia são os casos que mais me impressionaram por suas omissões gritantes. Outros exemplos de subnotificação que me chamam atenção incluem :
o destino de cerca de 900 ilhéus sem cerimônia pelos EUA / Reino Unido para construir uma base militar em Diego Garcia (1968-73);
o comitê de sanções que impediu o Iraque da era Saddam de importar uma grande quantidade de itens perdidos - incluindo medicamentos para o coração, ursinhos de pelúcia, absorventes higiênicos e mortalhas para os mortos - que não tinham utilidade ofensiva possível (1990-2003);
e o apoio da CIA / MI6 a uma “linha de ratos” secreta de carregamentos que abastecem grupos de oposição sírios - um escândalo de segurança nacional mencionado apenas seis vezes na imprensa britânica, entre 150.000 artigos citando a Síria entre 2011 e 2020.
Em outros casos, os veículos de notícias ficam obcecados com um tópico específico com tão pouco contexto que seu significado é distorcido além de qualquer razão. Considere a histeria da mídia sobre a atividade russa - em uma amostra de dados de 20 de fevereiro a 31 de março de 2017, Rachel Maddow da MSNBC passou 640 minutos falando sobre 15 questões relacionadas à Rússia e apenas 551 minutos cobrindo 43 outros tópicos.
Hoje, a mídia ainda está sistematicamente transformando rumores de funcionários anônimos ou agentes da CIA em notícias de primeira página (verifique meus hiperlinks, eles são malucos ) enquanto a OTAN considera enviar mais tropas para a fronteira da Rússia.
Mas ainda me intriga especialmente onde as notícias corporativas invertem ou omitem totalmente as informações importantes. O New York Times nunca chamou Paul Biya de Camarões, o chefe de estado não-real mais antigo do mundo, um déspota, ditador ou tirano . Nenhum meio de comunicação convencional chamou o golpe boliviano de 2019 de golpe.
O New York Times não usa a frase ' democrata de direita ' há mais de 30 anos - apenas uma indicação sutil de que, no que diz respeito à mídia, todos os políticos do Partido Democrata são de fato representantes da perspectiva da esquerda .
A mídia, é claro, não é totalmente culpada pela deturpação da política externa. Os próprios Estados são particularmente suscetíveis de enganar, especialmente em pontos cruciais em tempos de guerra. Em 1964, foi a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) que fabricou o incidente do Golfo de Tonkin , desencadeando a guerra terrestre em grande escala dos Estados Unidos no Vietnã.
Em 1990, foi a empresa de relações públicas Hill & Knowlton e seus clientes entre o grupo de frente do Citizens for a Free Kuwait que ensinou uma criança a mentir com os pés descalços para o Congresso que ela vira soldados iraquianos tirarem 15 bebês de incubadoras de hospitais e depois deixá-los chão frio para morrer. ” Em 2002-3, foram os governos dos EUA / Reino Unido que manipularam e disseminaram evidências abaixo do padrão sobre as inexistentes armas de destruição em massa do Iraque para legitimar a invasão.
Nosso editor original no The Conversation estava exatamente certo: a mídia ocidental “amplifica e racionaliza” tais “guerras e violência sancionadas pelo estado” como uma questão de rotina. Mais especificamente, porém, embora não necessariamente o originador de inverdades ou desinformação, simplesmente omitindo fatos e truísmos óbvios, a mídia desempenha seu papel no fomento da ignorância endêmica.
E milhões morreram - mortes violentas facilmente evitáveis causadas por indivíduos e instituições poderosas no Ocidente como uma consequência direta do emprego de equipamentos militares. Milhões de pessoas mortas e centenas de milhões de submunições e bombas lançadas - o suficiente para amarrar todas as ruas do mundo com dezenas de munições explosivas.
Nada disso deve levar em consideração o impacto de nossas sanções , ou o efeito desproporcional que nosso complexo militar-industrial tem sobre a mudança climática , ou as manchas de sangue que seguem silenciosamente o rastro de indústrias há muito mimadas , como tabaco e mineração .
É irônico que eu mesmo tenha omitido deliberadamente de meu artigo qualquer comentário sobre algumas das áreas mais inacessíveis, angustiantes ou controversas da reportagem de política externa, que são bem avaliadas por acadêmicos e comentaristas sérios em meu campo. Não me referi ao apagão histórico da mídia na Irlanda do Norte , incluindo suspeitas silenciosas de que os bombardeios em Birmingham em 1974 e Omagh em 1998 foram autorizados a prosseguir para proteger a identidade de espiões e informantes ocidentais .
Nem à fraca cobertura de evidências intrigantes de denunciantes indicando que um falso ataque químico foi encenado por insurgentes sírios e encoberto pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Eu não disse nada sobre como as notícias ignoram e zombam de Julian Assange, o editor do Wikileaks cuja prisão kafkiana em Londres é agora discretamente reconhecida - embora despojada de detalhes dolorosos - como tortura psicológica.
Eu não disse nada sobre o que Chomsky chama de “ declínio severo ” na cobertura da mídia sobre a revogação do controle de armas. Nem eu fazer qualquer comentário sobre o tratamento da mídia de Israel-Palestina , onde uma nação permanece literalmente enjaulado.
Há muitas informações úteis na grande mídia se você olhar com atenção, mas simplesmente não é possível confiar em seu enfoque ou nas interpretações da política externa. Se irrompe guerra aberta com o Irã , China ou Rússia , você pode apostar que, no entanto, começa , a mesma ignorância deliberada irá persistir em nossas gigantes da mídia, todo o caminho até as bombas de hidrogênio derreter seus servidores.
Todo mundo tem sua rixa com o mainstream. Não sou um pacifista, mas certamente apóio os esforços de resolução de conflitos. “Team peace” é minha “tribo”, então você naturalmente esperaria que eu rangesse os dentes com histórias que rejeitam essa abordagem.
No entanto, quando se trata do poder ocidental, acho que algo mais fundamental está ocorrendo do que preconceitos e diferenças de opinião normais. Na verdade, é padrão - mesmo quando se trata das aplicações mais cruéis da política externa britânica e americana - que a grande mídia ocidental simplesmente fantasie o conteúdo crítico central que está à sua frente.
Quando estávamos indo para o prelo, The Grayzone solicitou uma declaração sobre esse imbróglio do editor executivo de The Conversation. Ele nos falou da necessidade de todas as partes concordarem em qualquer artigo para The Conversation e insistiu que, "neste caso particular, era claramente impossível chegar a um ponto em que a publicação fosse possível."
Ele acrescentou: “Espero que seja útil”.
Com agradecimentos a:
Kit Klarenberg
Alan MacLeod
Daniel Broudy
Jeffrey Klaehn
Florian Zollman
ACADEMIAALENA DOUHANMÍDIA CORPORATIVATIMOR LESTEEDWARD SNOWDENINDONÉSIAIRAQUELÍBIAMEIOS DE COMUNICAÇÃOOTANNOAM CHOMSKYPROPAGANDASANÇÕESARÁBIA SAUDITAA CONVERSAVENEZUELAVIETNÃIÉMEN
MATTHEW ALFORD
Matthew Alford é um autor britânico. Ele posta em facebook.com/thewriterwithnohands
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tradução literal via computador.
PF faz busca e apreensão em endereços de Ricardo Salles e quebra seu sigilo bancário e fiscal. - EdItot - FOI SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE NO GOVERNO DO PSDB EM SP
PF faz busca e apreensão em endereços de Ricardo Salles e quebra seu sigilo bancário e fiscal
A Polícia Federal faz uma operação contra Ricardo Salles, funcionários do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama. Há operações de busca e apreensão. O ministro teve seu sigilo bancário quebrado. Eles são acusados de corrupção, ao facilitar a exportação ilegal de madeira. A ação atinge também o presidente do Ibama, Eduardo Bim
19 de maio de 2021, 07:34 h Atualizado em 19 de maio de 2021, 09:03
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Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Foto: Carolina Antunes/PR | Ueslei Marcelino/Reuters)
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247 - A Polícia Federal faz na manhã desta quarta-feira (19) uma operação contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e funcionários da pasta e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Eles são acusados de corrupção ao facilitar a exportação ilegal de madeira. A ação atinge também o presidente do Ibama, Eduardo Bim. O ministro e o presidente do Ibama tiveram seus sigilos bancário e fiscal quebrados e há ações de busca e apreensão em seus endereços, do Ministério e do Ibama.
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Segundo a coluna Painel, a decisão também suspendeu um despacho do Ibama, de 2020, que, de acordo com a PF, permitia a exportação de produtos florestais sem a emissão de autorizações.
Os mandados foram autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além das buscas, a Corte determinou o afastamento preventivo de dez agentes públicos que ocupavam cargos e funções de confiança no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e no Ministério do Meio Ambiente (MMA), entre eles Eduardo Bim.
Após determinação do Supremo Tribunal Federal, investigadores apuram crimes contra a administração pública (corrupção, prevaricação, advocacia administrativa, e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
Cerca de 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo e Pará.
As investigações começaram em janeiro deste ano após informações obtidas junto a autoridades estrangeiras que relataram desvio de conduta de servidores brasileiros no processo de exportação.
https://www.brasil247.com/brasil/pf-faz-busca-e-apreensao-em-enderecos-de-ricardo-salles-e-do-ministerio-do-meio-ambiente
18 de mai. de 2021
Relator de projeto do novo licenciamento ambiental tem terras em regiões de conflito, - Editor - OS CONFLITOS COMEÇARAM, QUANDO OS INVASORES BRANCOS EUROPEUS, VIERAM EXPLORAR ESSAS BANDAS. NÃO RESPEITARAM OS QUE AQUI VIVIAM. ADVEIO, MORTANDADE, PRISÕES, ESCRAVIDÃO, MORTES POR DOENÇAS, CRIMES SEXUAIS. VEIO O BRAÇO RELIGIOSO, VISANDO A DOMINAÇÃO RELIGIOSA. A TERRA, ANTES DE SER DE FAZENDEIRO É DOS ÍNDIOS E NEGROS ESCRAVIZADOS. A NAÇÃO BRASILEIRA , TEM UMA DÍVIDA IMENSA COM OS NATIVOS E NEGROS. LAÇADOS NA ÁFRICA. ISSO, SERVE A TODOS OS PAÍSES QUE FIZERAM A MESMA COISA EM OUTRAS PARTES DA AMÉRICA. A TERRA É DOS NATIVOS E NEGROS CHIBATADOS POR VERDADEIROS ANIMAIS BRANCOS, QUE INSISTEM EM PERPETUAR TAL CRIME HEDIONDO E SE DIZENDO CIVILIZADOS..
Relator de projeto do novo licenciamento ambiental tem terras em regiões de conflito
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DE OLHO NOS RURALISTAS
17/05/2021 - UPDATED 17/05/20217:46 PM
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Ex-ministro da Agricultura, o ruralista Neri Geller (PP-MT) tem fazendas em Diamantino e Sorriso, no Mato Grosso; ele é autor de texto que abre as porteiras da destruição pela mineração e pelo agronegócio, inclusive em quilombos e territórios indígenas
Por Julia Dolce
O deputado federal Neri Geller (PP-MT), relator da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Projeto de Lei nº 3729/2004), aprovada no dia 13 de maio por 300 votos contra 122 na Câmara dos Deputados, é um dos principais representantes da bancada ruralista. O texto, enviado para votação no Senado, é considerado a proposta mais radical em termos de flexibilização do licenciamento ambiental já apresentada no Congresso e ameaça Unidades de Conservação, terras indígenas e comunidades quilombolas.
Geller é o atual vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O deputado, que já ocupou o cargo de Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no governo de Dilma Rousseff, em 2014, e por duas ocasiões foi secretário de Política Agrícola do Ministério, em 2013 e 2016, tem berço político em um dos principais polos de soja do país, o município mato-grossense Lucas do Rio Verde, conhecido como a “capital da agroindústria”.
No município, Geller exerceu dois mandatos como vereador, entre 1996 a 2000 e 2000 a 2004. Nas últimas eleições municipais, o deputado apoiou o candidato Flori Luiz Binotti, que acabou perdendo as eleições. Gaúcho e nascido em Selbach, o deputado, como a maioria dos grandes sojeiros no Mato Grosso, mudou-se para o estado na idade adulta para comprar terras na região.
O deputado foi citado em investigações contra a invasão de terras públicas e fraude na regularização de terras destinadas à reforma agrária no Mato Grosso, em 2014, quando era ministro da Agricultura. Na mesma operação da Polícia Federal, batizada de Terra Prometida, foram expedidos 52 mandados de prisão. Entre os presos estavam Odair e Milton Geller, irmãos do então ministro.
O grupo foi investigado por aliciar e ameaçar posseiros da Reforma Agrária no assentamento Tapurah-Itanhangá, um dos maiores da América Latina, com 115 mil hectares, obrigando-os a vender seus lotes ilegalmente a preços baixos. As ameaças envolveram pistoleiros armados. O ex-prefeito de Lucas do Rio Verde Marino Franz também foi preso na operação, apontado como braço financeiro da organização. O grupo movimentou mais de R$ 1 bilhão, segundo a denúncia.
EM DOZE ANOS, DEPUTADO MULTIPLICA POR DEZ SEU PATRIMÔNIO
Mapa das Terras dos Parlamentares identifica propriedades de políticos. (Imagem: De Olho nos Ruralistas)
Geller é um dos políticos que compõem o Mapa das Terras dos Parlamentares, projeto do De Olho nos Ruralistas. O ex-ministro da Agricultura é dono de terras em dois municípios mato-grossenses onde existem conflitos com povos indígenas que reivindicam seus territórios. No município de Diamantino, no qual o povo Paresi disputa parte do território, o ruralista possui uma propriedade de 726 hectares. No município de Sorriso, onde Geller tem uma fazenda homônima, existem disputas com os povos Kaiabi, Arapiaká e Munduruku.
Nas eleições gerais de 2018, Geller declarou à Justiça Eleitoral R$ 9.018.296,15 em bens, montante dez vezes maior que o declarado doze anos antes, quando disputou uma vaga para a Câmara e perdeu. A fazenda em Diamantino aparece nas declarações desde 2006.
Entre os bens declarados nas últimas eleições há um posto de gasolina, o Geller Auto Posto, avaliado em meio milhão de reais, dois terrenos em Lucas do Rio Verde, com 650 m2 e 800 m2, avaliados, respectivamente, em R$ 438.112,00, e R$ 140.000, além de um apartamento no valor de R$ 715.000. O deputado declarou quase R$ 3 milhões em máquinas agrícolas.
Em 2018, o principal doador individual da campanha de Geller, com doação de R$ 100 mil, foi Elizeu Zulmar Maggi Scheffer, primo do ruralista Blairo Maggi, ex-governador do Mato Grosso, conhecido como “rei da soja”. Geller foi secretário de Política Agrícola quando Blairo Maggi esteve à frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2016-2019).
O núcleo familiar Maggi Scheffer já foi multado pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por desmatamento. Eraque Maggi Scheffer foi autuado por destruição da flora na Fazenda Iguaçu em Rondonópolis (MT).
Outros doadores individuais da campanha de Geller foram autuados pelo Ibama. É o caso de José Izidoro Corso, que colaborou com a campanha do parlamentar com R$ 25 mil, e foi autuado em Gaúcha do Norte, por desmatar a reserva legal do Pontal do Piranha. A campanha recebeu ainda R$ 19 mil de Inácio Camilo Ruaro e outros R$ 10 mil de Murilo Antonio Ruaro, parentes de Ivo Luiz Ruaro, autuado seis vezes pelo órgão ambiental entre 2012 e 2014.
PRESO PELA LAVA JATO, ELE FOI ACUSADO DE PARTICIPAR DE ESQUEMA DA JBS
Neri Geller com seu aliado Blairo Maggi. (Foto: Instagram)
Ainda em 2018, após ser eleito para o terceiro mandato como deputado federal, Neri Geller foi preso pela Operação Capitu, um desdobramento da Operação Lava Jato, acusado de participar de um esquema de propinas da empresa JBS. Na mesma ocasião foram detidos dois executivos da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, e o vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade (MDB).
O inquérito contra o deputado foi instaurado em maio daquele ano, baseado em declarações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que denunciou pagamentos de propinas a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Mapa em 2014 e 2015. A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa formada por empresários e executivos do ramo de processamento de carne bovina. O grupo dependia de normatizações e licenciamentos do ministério e teria pago funcionários do alto escalão em troca da eliminação da concorrência e de entraves no licenciamento de atividades econômicas.
Geller foi solto após três dias, por habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O deputado nega irregularidades.
O ex-ministro da Agricultura também foi investigado por abuso de poder econômico pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), acusado de realizar doações ilegais, que teriam extrapolado o limite de gastos, para onze candidatos ao cargo de deputado estadual em 2018, promovendo uma relação “íntima e perigosa” com os candidatos.
Preso pela Lava-Jato, Geller foi solto em três dias. (Imagem: Reprodução/TVCA)
A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) pediu a cassação do mandato de Geller e a declaração de sua inelegibilidade para as duas eleições seguintes. Em setembro de 2020, a maioria do Pleno julgou a ação improcedente. O TRE negou no dia 04 recurso da Procuradoria que insistia na acusação.
A denúncia apontava a participação do filho do deputado, Marcelo Piccini Geller, no esquema. Em janeiro de 2020, Marcelo teve seu sigilo bancário quebrado para a apuração de abuso de poder econômico. Segundo o PRE, entre julho e outubro de 2018, Geller transferiu R$ 4,8 milhões ao seu filho, que, por sua vez, transferiu R$ 2.332.240 ao pai. A ação julgava a movimentação de recursos incompatível com o patrimônio declarado por Marcelo. Este alegou que o dinheiro era proveniente da venda da safra de milho.
Segundo a PRE, o filho de Neri Geller movimentou, entre setembro e novembro de 2018, em outra conta bancária, a quantia de R$ 7,2 milhões a crédito e R$ 7,2 milhões a débito.
PROJETO DE LEI É O MAIOR RETROCESSO AMBIENTAL DA HISTÓRIA DO PAÍS
A nova lei de Licenciamento Ambiental proposta por Geller vem sendo amplamente criticada por setores progressistas e ambientalistas por enfraquecer completamente uma das principais ferramentas de regulação da Política Nacional do Meio Ambiente. Suely Araújo, ex-presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renoáveis (Ibama) e coordenadora do Observatório do Clima, acusou os deputados federais de promoverem o mais grave retrocesso ambiental de décadas. Maurício Guetta, consultor jurídico do Instituto Socioambiental (ISA), chamou a Lei Geral de “estopim de novas tragédias”.
Neri Geller lê texto da Lei Geral de Licenciamento durante votação. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Organizações não-governamentais, movimentos sociais, parlamentares e ativistas avaliam que a discussão sobre o licenciamento deve chegar no Supremo Tribunal Federal (STF) por considerarem que as alterações no licenciamento contidas no texto de Geller reúnem diversas inconstitucionalidades. O projeto simplifica processos e cria uma modalidade de autodeclaração, a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), que, na visão de especialistas, tornará o licenciamento uma exceção.
Entre os pontos mais polêmicos da lei está a exclusão de terras indígenas e terras quilombolas não homologadas da avaliação de impacto e adoção de medidas preventivas, apesar de a Constituição prever que terras indígenas e quilombolas ainda em fase de demarcação devem ser igualmente consideradas. A mudança impactaria 297 terras indígenas, ou 41% do total de áreas com processos de demarcação já abertos na Fundação Nacional do Índio (Funai), além de 84% dos mais de 1.770 processos de oficialização de quilombos já iniciados no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A lei dispensa do processo de licenciamento ambiental a pecuária extensiva, semi-intensiva e intensiva de pequeno porte, obras de serviço público de distribuição de energia elétrica, sistemas e estações de tratamento de água e esgoto sanitário, obras em rodovias, manutenção ou melhoramento de infraestrutura em instalações pré-existentes e pesquisas de natureza agropecuária.
Em suas redes sociais, Neri Geller comemorou a aprovação do PL na Câmara e, em entrevistas, afirmou que o projeto visa destravar e desburocratizar a legislação ambiental. Em resposta a ex-ministros do Meio Ambiente contrários ao texto, que se manifestaram em carta publicada no dia 10, por considerarem uma ameaça para os biomas brasileiros, Geller afirmou que o relatório não traz “uma vírgula” sobre desmatamento: “Eles que me apontem onde tem alguma vírgula que abre exceção para fazer desmatamento ou degradação”.
O deputado defende ainda que a nova lei pode gerar mais de R$ 130 bilhões em investimentos, além da criação de empregos e renda no país. Em reportagens publicadas na imprensa regional do Mato Grosso e de Lucas do Rio Verde, a proposta de Geller é elogiada, e seu trabalho, considerado um “avanço para o meio ambiente e para o desenvolvimento de forma sustentável”.
Esse não foi o primeiro projeto do deputado contra o ambiente. Historicamente, Geller se posiciona a favor do uso de pesticidas. Em seu mandato como Ministro da Agricultura ele defendeu que o impedimento do uso de agrotóxicos já banidos em outros países, como o glifosato, relacionado ao desenvolvimento de câncer por inúmeras pesquisas científicas, pode “banir a agricultura brasileira”.
| Julia Dolce é jornalista investigativa, com atuação na área socioambiental. |
Foto principal (Reprodução): Neri Geller em uma de suas fazendas
https://deolhonosruralistas.com.br/2021/05/17/autor-de-projeto-do-novo-licenciamento-ambiental-tem-terras-em-regioes-de-conflito/