3 de jun. de 2009

Celeuma Turística- Diário de Notícias do Rio de Janeiro 18-7-1971- Página 5

Otavio Demasi (Especial para o DIARIO DE NOTICIAS)
Minha homenagem aos jornalistas Carlos Bartolomeu Pôrto Cavalcanti do DN e Paulo Atzingen do www.diariodoturismo.com.br - Embaixador do turismo do Rio de Janeiro 2009


Nunca se viu neste País tantos entendidos e técnicos na matéria turística. A seu bel gosto e prazer, uma série de incongruências não ditas, repetidas, repisadas, dando soluções mirabulantes, dentro daquele espírito filosófico, imbuído em todo brasileiro, que entende tanto de futebol, como de planejamento da infra-estrutura e “equipamento receptivo” de futuros turistas, que poderão advir através dos fantásticos planos, que na Cidade do Rio de Janeiro campeiam desde há muito tempo.
Verdadeira celeuma pública se trava em torno do esvaziamento econômico da Guanabara, afirmando todos que a única salvação está no turismo. Primeiramente turismo não é matéria desvinculada de um todo e ao se falar em globalização necessário se faz analisar, pesquisar, planejar, mas não somente com técnicos “de boa vontade”, e sim, profissionais tarimbados, procurando evidentemente ter em mente , tanto as necessidades do poder público bem como da iniciativa privada.
Confusão generalizada, aqui na Cidade Maravilhosa, é o fato de se definir qual é o melhor turista para o Rio: estrangeiro, o brasileiro ou o próprio carioca. Embora para uma definição, exige-se um estudo profundo dos possíveis mercados turísticos brasileiros, e em especial o guanabarino, de antemão precisa-se, é premente, trazer o maior número possível de latino-americanos. Quanto ao nosso mercado interno, é o primeiríssimo potencial, e isso se sucede em todo o mundo, e quanto ao carioca, ele só é turista quando gasta dinheiro fora do núcleo, caso contrário ele está se divertindo, ou desfrutando de seu lazer.
Tudo é importante no turismo, e não só o carnaval ou os cursos de guia, ou ainda a infra-estrutura. A correlação dos problemas são tamanhas que criam situações chamadas de “intersecretarias”, e tudo entra numa engrenagem e se estudos racionais são feitos para investimentos “a priori”, muito dinheiro poderá deixar de ser gasto inutilmente.
O que é a Guanabara em termos estatísticos turísticos? É possível que ninguém saiba, pois as celeumas não são em torno de um turismo realmente estruturado, e sim relacionadas com problemas esparsos, e que se diluem e tornam-se cada vez mais insolúveis.
Qual o número de apartamentos de turismo na orla marítima ? Qual o número de automóveis que chegam à Guanabara ? De onde vêm ? Para onde vão ? Qual o índice de estacionalidade de um turista no Rio ? Qual a média de idade dos turistas que preferem a Cidade Maravilhosa ? Quais os gostos dos mesmos, para que deixem mais dinheiro ? Qual a classe que pertence estes turistas? Qual a proporção entre os sexos? Um sem fim de problemas devem ser pesados na balança, para que se possa realmente pensar em ressurgimento econômico da Guanabara em termos turísticos.
Conscientização para todos, pois somente o bom humor e o espírito do carioca não serão as molas impulsionadoras para atrair turistas, se aqui chegando pratica-se com o turista, seja de onde vier, o chamado anti-turismo. Deve-se mostrar à população maneiras e formas de participar do fluxo econômico, mas tendo em conta a prestação do serviço, com o seu total econômico a ser cobrado, para não espantar o turista, e fazer com que ele retorne mais vezes.
Muita coisa deve ser feita, além da adequação pura e simples dos atrativos turísticos e atrativos naturais, e muito planejamento com raízes profundas e verdadeiramente técnicas, pois o fato de ter nascido cidadão carioca não dá a ninguém o título de “expert” em turismo.
Artigo publicado sem foto.
2009 - 40 anos de atividades profissional
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