Sistema de Comunicação Visual Urbano Voltado ao Turismo do Centro da Cidade de São Paulo.
Luiz Henrique Pinheiro Giannecchini
Issao Minami
Durante grande parte da minha graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, sempre tive certeza qual seria o foco que abordaria em meu Trabalho Final de Graduação. Concluiria esta faculdade com o que há de mais magnífico que um arquiteto pode fazer para uma sociedade, que é o seu poder de propor melhorias substanciais para esta mesma sociedade e participar do processo de qualificação do desenvolvimento urbano.
Os espaços urbanos contêm realidades complexas, que cresce de acordo com sua extensão territorial, sua história, os aspectos políticos, situação financeira e características sócio-culturais.
Por ter estudado na FAUUSP, a cidade de São Paulo foi alvo lógico deste meu trabalho. A metrópole que concentra grande parte das riquezas do país, mas que convive com a realidade que transita da Cidade Locomotiva até ao caos diário que cada cidadão enfrenta diariamente.
Resolver todos os problemas de uma cidade em um único trabalho é impossível, por isso quis enfocar uma região; região esta, que deveria ser representativa para toda a cidade, escolhi, portanto, a região central de São Paulo, pois, são os centros urbanos que dão a "cara" para as cidades e seus aspectos e características são representativos para toda sua extensão territorial. Quando você vai visitar qualquer cidade do mundo na verdade você visita suas regiões centrais e outras de igual significado.
O Centro Paulistano sofre uma gama de influências econômicas, sociais, políticas, entre outras, que são tão extensas quanto os problemas de toda a cidade. Mas isso não pode ser encarado como um problema, pois grande parte dos projetos apresentados para esta região podem e devem servir de exemplo para as demais regiões.
Agora, o que e como propor um projeto que requalificasse toda a região central? Qual seria a proposta a ser desenvolvida para que se viabilizasse tudo isso?
No meu aprendizado pude ter contato não com um ou dois projetos para esta região, mas sem exageros, devem existir centenas de projetos para a requalificação da região central paulistana. Propor mais um projeto arquitetônico ou de intervenção urbana, pura e simplesmente, seria desenvolver mais um trabalho para se juntar a tantos outros. Longe de tecer críticas, não querendo desprezar a tais trabalhos, pois muitos são maravilhosos, mas gostaria de ter respostas pela não implementação dos mesmos.
A resposta à indagação, assim como em outros casos, é a tão conhecida falta de recursos financeiros. A prefeitura não tem sobras de verbas e quando tem tais recursos não é só a região central que merece sua atenção.
Em decorrência de sua degradação a iniciativa privada não tem interesse em investir na região central, preferindo fazê-lo em outras regiões. O desaquecimento econômico do Centro se encontra em todos os níveis de influência.
Então, o trabalho que tinha em mente, antes de tudo, deveria contemplar a questão do reaquecimento econômico da Região Central. O trabalho deveria estar embasado em uma questão maior, na esfera econômico-finaceira da região.
Para resolver este problema tive que me espelhar em exemplos internacionais, onde haviam centros degradados e hoje são referências de prosperidade e crescimento. Questionava-me o que eles tinham em comum, o que fizeram e de que forma ocorreram tais mudanças.
Todos partiram de um mesmo ponto, o reaquecimento econômico. Quando de casos de regiões degradadas, existiram projetos que propiciaram o interesse econômico, como no caso da Cidade do Porto em Portugal. O reaquecimento de uma realidade já existente que estava deteriorada, mas que foi resgatada. Porém, me perguntava, quais mecanismos foram utilizados? Tive como resposta, a construção e interesses imobiliários, mais especificamente nos casos europeus, muitas cidades foram reconstruídas, e esse movimento do mercado imobiliário reaqueceu a parte econômico-financeira e administrativa desses centros.
Mas, ainda ficava uma grande questão, de onde vinha o dinheiro para financiar todo esse reaquecimento? O primeiro impulso vinha de financiamentos do governo, mas a grande gama de investimentos vinha logo depois deste primeiro incentivo governamental, que são os investimentos privados. A população também passou a ter interesse na região recuperada, fazendo uso desta e dos serviços ali oferecidos, propiciando maior circulação financeira na região. Mas e no nosso caso, como poderia reaquecer financeiramente o centro paulistano? Como poderia despertar o interesse de investidores novamente para essa região? Como já é conhecido por todos, a prefeitura, já há alguns anos, pretende reabitar o centro, mas o maior bloqueio é o interesse, como gerar esse interesse nos paulistanos e levá-los de volta ao centro?
A resposta para tudo isso não é tão difícil de se enxergar, assim como foi feito em várias outras cidades pelo mundo, achei minha resposta no TURÍSMO. O centro paulistano tem todo o potencial e infra-estrutura necessária para o turismo, mas infelizmente, hoje, o turismo no Centro da cidade de São Paulo é muito pouco utilizado.
Neste trabalho desenvolvo idéias, medidas e projetos nos âmbitos Arquitetônicos, Urbanísticos e de Comunicação Visual Urbana, no intuito de acolher este novo público que passará a fazer parte deste meio.
Apresentei um projeto que acredito ser base para qualquer ação de implementação de um projeto maior de turismo. Este Sistema de Comunicação Visual Urbano Voltado ao Turismo da Região Central da Cidade de São Paulo, vem abraçar aquilo que acredito como sendo um projeto sustentável para o Centro.
Este trabalho teve como objetivo pensar uma forma de resgatar a estrutura urbana central, propondo melhorias do ponto de vista arquitetônico e urbanístico.
Acredito que através do turismo a requalificação da região central seria totalmente possível, antes de qualquer ação nesta região deve ser pensado em um projeto maior de recuperação econômica do Centro.
Lembrando que apenas a implantação deste projeto não seria o suficiente para a requalificação de toda a região, este trabalho é apenas uma parte de um projeto maior.
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