25 de jun. de 2010

PLANTAS MEDICINAIS DO VALE DO RIBEIRA/SP PODEM ATRAIR DEMANDA TURISTICA



Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp), além de outras instituições, estão organizando um inventário para identificar as plantas medicinais do Vale do Ribeira.
Detentor de um dos mais ricos patrimônios biológicos e ambientais do planeta, o Brasil possui mais de 50 mil plantas medicinais. Entretanto, somente 3 mil foram identificadas até o momento. E, por demonstrar incapacidade de pesquisar sua rica flora, e transformá-la em medicamentos, o País deixa de gerar cerca de US$ 5 bilhões por ano.

Para mudar essa realidade foi criado o inventário, que assume significado especial, por ser simultaneamente científico, econômico e cultural. Trata-se do primeiro levantamento do gênero e integra trabalho nacional mais amplo, o projeto Rede Fito Mata Atlântica.

“O levantamento de espécies medicinais vem sendo realizado por técnicos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em Eldorado", diz o prefeito da Estância Turística de Eldorado, Donizete Antônio de Oliveira.

"Além de demonstrar a conservação da diversidade da flora existente no município, também projeta para o Vale do Ribeira a possibilidade da produção sustentável de medicamentos fitoterápicos”, concluiu Oliveira.

O mercado mundial de fitoterápicos movimenta mais de US$ 40 bilhões ao ano. Mas, a despeito da riqueza e diversidade brasileira, países com uma biodiversidade muito inferior, como Japão ou França, por exemplo, tiveram mais êxito na transformação de moléculas de plantas em medicamentos e, assim, movimentam um valor significativamente maior do que o brasileiro (cerca de U$ 500 milhões ao ano). O único medicamento fitoterápico baseado na flora nacional desenvolvido aqui é o anti-inflamatório Acheflan.

O produto demandou investimentos de R$ 15 milhões e sete anos de pesquisas, fruto da parceria entre a iniciativa privada e a Universidade Federal de Santa Catarina. A planta da qual foi elaborado o anti-inflamatório é a erva-baleeira (Cordia verbenacea), originária da Mata Atlântica. Além do Acheflan, há mais de 420 fitoterápicos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), elaborados a partir de 60 plantas diferentes. Apenas dez são de plantas nacionais, mas os medicamentos não foram produzidos no País.

Segundo explicou ao jornal O Estado de S. Paulo o professor Lindolpho Capellari Júnior, do Departamento de Ciências Biológicas da Esalq, a pesquisa no Vale do Ribeira começou por uma propriedade localizada no Município de Eldorado, que possui ampla diversidade de flora em excelente estado de conservação. "Com o levantamento completo das espécies medicinais dessa área, a propriedade será modelo para outras iniciativas na região. Em cada um dos 25 municípios do Vale do Ribeira, escolheremos uma propriedade representativa para realizarmos o inventário".

Somente nessa propriedade já foram catalogadas 160 espécies medicinais. "Nossa flora é muito diversificada e o número de espécies vai certamente aumentar até o fim do projeto", diz Capellari Júnior.

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio do Decreto 5.813, de junho de 2006, estabelece as diretrizes para as ações em torno de objetivos comuns voltados à garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, ao fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde

Parte desse amplo trabalho, a Rede Fito Mata Atlântica planeja executar ao longo dos próximos anos o mapeamento das plantas medicinais do Vale do Ribeira. No Estado de São Paulo, a área de atuação do projeto abrange três sub-regiões da Mata Atlântica: além do Vale do Ribeira (que mantém cobertura vegetal mais conservada), o Vale do Paraíba e o Pontal do Paranapanema.

"Se muitas das espécies vegetais da Mata Atlântica já são usadas como medicinais, uma grande parte ainda está para ser descoberta. Temos que pensar em estratégias de preservar o que restou dela, sem lançar mão do extrativismo predatório e sem a visão utópica de que o homem não deve tocar em nada", conclui o professor Capellari Júnior.
fonte: www.eldorado.sp.gov.br - foto: plantassonya.com.br
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