O Litoral Paulista concentra 70% dos barcos produzidos no País, que estão distribuídos em 117 marinas, garagens náuticas e iates clubes localizados entre Parati e Ilha Comprida. Com aproximadamente 25 empreendimentos do tipo, Guarujá hoje é pólo nacional no setor, de acordo com o presidente do Sindicato das Marinas e Garagens Náuticas do Estado (Sindimar), Jurimar Ricci.
Dados do Sindimar apontam que a principal faixa de ocupação das marinas vai de Bertioga a São Vicente. A área conta com 34 unidades, que guardam quase 3 mil embarcações e empregam cerca de 4.500 pessoas, levando-se em conta que cada barco necessita de 1,5 funcionário para manutenção, em média.
Para mostrar a importância de Guarujá enquanto centro náutico, Ricci comenta que uma das maiores fabricantes de barcos de lazer e esportes do Brasil, a Intermarine, tem o município como quartel-general. Segundo o empresário, todas as embarcações produzidas pela empresa são entregues para os clientes na Porto Marina Astúrias, da qual ele é diretor.
O nível de investimento em cada marina pode ser identificado pelos guindastes Travel-Lift, existente na Porto Astúrias. De última geração, o modelo é capaz de retirar embarcações de até 50 toneladas do mar, servindo de transporte até um dos oito galpões com 1.800 metros quadrados cada, totalmente fechados. ‘‘Nossa capacidade máxima é de 600 embarcações e hoje estamos com a metade’’. Para manter esta estrutura, o local conta com 70 funcionários fixos.
Ricci assegura que o setor náutico em Guarujá não deve nada para empreendimentos estrangeiros, mas lembra que as marinas ainda sofrem com impedimentos legais de cunho ambiental, que se somam às dificuldades de se arrecadar em moeda nacional e comprar equipamentos em dólar.
‘‘Outro problema para o desenvolvimento do setor é que os barcos ainda são um produto caro. Isso porque faltam incentivos fiscais para baratear o custo final, como já acontece na indústria automobilística’’. Ele considera que, em vista dessas barreiras, não adiantaria construir novas marinas na região. ‘‘Todas têm espaço ocioso’’.
O município conta com dois pontos de concentração do setor: o Canal de Bertioga e o Complexo Industrial e Naval de Guarujá (Cing). Em qualquer local, a estrutura encontrada impressiona.
Da estrada Guarujá-Bertioga, onde fica o primeiro pólo, ou da travessa da Estrada do Tombo, pela qual chega-se ao segundo, é possível identificar de longe galpões enormes. Dentro das marinas, barcos de valores astronômicos servem de lazer aos seus proprietários.
‘‘A atividade náutica é a grande vocação de Guarujá, mas ainda faltam investimentos’’, afirma o secretário do Desenvolvimento Urbano e Ambiental, Duíno Verri Fernandes, um dos pioneiros no setor, no Canal de Bertioga.
Há 18 anos dirigindo a marina Por-do-sol, ele recorda que a situação vem melhorando. Para ele, a primeira importante mudança foi a prefeitura liberar a instalação de garagens náuticas na Praia da Enseada, por volta de 1984. ‘‘Como o Canal de Bertioga apresentava vantagens pela tranquilidade das águas, logo o espaço também foi ocupado’’.
Por último, o município ganhou o CING. Uma área de 1 milhão 570 mil metros quadrados, divididos em 54 lotes que foram adquiridos por 19 proprietários. Ocupando canais naturais e artificiais, o empreendimento dispõe de heliporto, estacionamento amplo, estaleiros e posto de abastecimento. Embora elogiem a iniciativa, empresários do setor destacam que o desenvolvimento do espaço ainda é limitado por entraves ambientais.
Além das marinas trazerem benefícios diretos ao município , elas funcionam como importante atrativo turístico da região. Entretanto, a falta de um programa específico para a divulgação dos serviços limitam a exploração do setor, segundo empresários.
‘‘A atividade de lazer náutico é cara e exige investimentos altos. Por outro lado, atraem pessoas de bom nível e possibilitam um retorno imediato’’, comenta Duíno Verri Fernandes. Para ele, o setor seria melhor aproveitado se houvesse maior participação da rede hoteleira do município.
Guia Guaruja
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