14 de nov. de 2011

Pesquisa Dieese; Turismo e Hospitalidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG


Pesquisa do Setor de Turismo e


Hospitalidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte

Este texto apresenta sinteticamente uma análise dos resultados obtidos no âmbito da Pesquisa “Turismo e Hospitalidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte – eeseMG”, conforme contrato firmado entre a Escola Sete de Outubro/CUT Brasil e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE.

O estudo foi produzido para subsidiar ações voltadas para o aprimoramento da formação e qualificação profissional dos trabalhadores em Turismo e Hospitalidade, fortalecer as potencialidades de desenvolvimento desse setor e proporcionar melhores condições de trabalho para as categorias profissionais por ele abrangidas.



O trabalho foi realizado a partir das seguintes etapas:



Diagnóstico setorial do turismo e hospitalidade do setor na Região Metropolitana de Belo Horizonte;



Perfil socioeconômico dos trabalhadores do setor, especificamente dos segmentos de meios de hospedagem, comércio, alimentos e bebidas (bares e restaurantes), e lazer e entretenimento;



Entrevistas para identificar as necessidades e demandas relativas à qualificação profissional dos trabalhadores do setor de turismo;



Reuniões e/ou oficinas de trabalho com a entidade contratante com o objetivo de formular as entrevistas e apresentar os resultados dos estudos produzidos.

Diagnóstico setorial

Estudos internacionais recentes sobre o setor de turismo indicam que o potencial turístico de um destino não depende só de fatores intrínsecos, dados pelos seus atrativos naturais e edificados. Está subordinado também a uma série de variáveis relacionadas, por exemplo, às condições de vida das comunidades, à capacidade de geração de renda e riqueza pela economia local e às condições básicas de infra-estrutura, entre elas, esgotamento sanitário e abastecimento de água. Por esse motivo, a proposta foi buscar e apresentar informações que contemplassem esses temas, além dos dados específicos sobre a atividade econômica pesquisada.

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Tendo em vista as questões acima expostas, o estudo buscou levantar algumas informações básicas sobre as condições da oferta e da demanda turística no Circuito1 Turístico de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

As informações foram coletadas em órgãos públicos responsáveis pelo desenvolvimento do turismo nessa região e em diversas páginas na internet, entre elas, a do Ministério do Turismo e a da Confederação Nacional dos Municípios. Uma fonte de consulta complementar foi o Guia Quatro Rodas, que traz informações sobre os equipamentos, serviços e atrativos turísticos.

A busca por informações mostrou que esse é um destino turístico que ainda não dispõe de muitos estudos e análises mais sistematizados e, quase sempre, foi necessário pesquisar em várias páginas na internet para a obtenção de um volume razoável de dados que pudesse subsidiar a análise sobre o potencial turístico da região. Outro problema encontrado foi a desatualização das informações, devido à inexistência de dados recentes ou à falta de manutenção de bancos de dados.

A população de Belo Horizonte era de 2.238.526 habitantes, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2000, a maior parte (97%) concentrada na área urbana.

O setor de serviços, depois o comércio e a indústria são as principais atividades econômicas.

Entre 1991 e 2000, a renda per capita do município cresceu 34,34%, passando de R$ 414,94 para R$ 557,44. A taxa média anual de crescimento da renda per capita foi de 3%.

Segundo o IBGE, em 2000, 100% dos domicílios de Belo Horizonte eram servidos pela rede geral de abastecimento de água, 93% por rede geral de esgoto e 96% tinham coleta de lixo.

Belo Horizonte é um dos 10 circuitos turísticos do Estado de Minas Gerais. É parte do Circuito Turístico Central, no qual se agrupam outras 11 localidades, distantes até 350 km da capital mineira. O município é o “portão de entrada” para os principais pontos turísticos de Minas Gerais, como as históricas cidades mineiras. A maioria dos turistas que visita esses destinos chega, quase sempre, por Belo Horizonte e

1 “Circuito Turístico é um conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, através da integração contínua dos municípios, consolidando uma atividade regional.” BOLSON, Jaísa H. Gontijo. “Circuitos Turísticos de Minas Gerais. Modelo de Regionalização”. Artigo capturado em www.revistaturismo.com.br/artigos/minasgerais.html em 05/11/2008.

freqüentemente utiliza a cidade como base de hospedagem, devido à localização geográfica estratégica, portanto facilitadora da circulação pelo Estado, à boa oferta hoteleira e aos preços mais competitivos.

Além de permitir o acesso às cidades históricas de Sabará, Ouro Preto, Mariana, Congonhas, São João Del Rei e Tiradentes, Belo Horizonte está a 120 km do circuito das Grutas, onde estão as cavernas da Lapinha, do Rei do Mato e de Maquine e a 100 km da Serra do Cipó.

A cidade também recebe visitantes que fazem o chamado “turismo de negócios”. Dispõe de 18 espaços para realização de eventos como feiras, congressos, convenções e exposições. De acordo com a Belotur, Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte, a média de eventos na cidade é de quatro mil por ano. Em 2005, foram arrecadados, em média, R$ 43 milhões em impostos com os eventos realizados e o faturamento do setor foi de R$ 1,5 milhão. As atividades promovidas na cidade são:

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Feira de Malhas do Sul de Minas (maio)

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Festival Comida di Buteco (maio e junho)

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Belô Sabor/ Festival de gastronomia (maio)

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Mostraminas de cinema e vídeo (junho)

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Festival Internacional de Teatro de Bonecos (junho)

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Festival Internacional de Teatro e Circo (maio e junho, bianual)

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Expocachaça (junho)

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Feira Nacional de Decoração, Móveis e Equipamentos do Lar (junho)

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Festival Internacional de Curtas Metragens (julho)

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Salão do Livro/ Encontro Nacional de Literatura (agosto)

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Casa Cor MG (agosto/ setembro)

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Indie – Mostra Internacional de Cinema Independente (agosto)

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Festival Internacional de Quadrinhos (novembro)

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Festival de Arte Negra (novembro)

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Feira Nacional de Artesanato (novembro)

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Volta Internacional da Pampulha (dezembro)

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Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena (semanal, aos domingos)

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Feira de Artesanato do Mineirinho (semanal, às quintas-feiras)

Belo Horizonte tem ainda atrativos culturais e de lazer:

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Complexo Arquitetônico da Pampulha

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Centro de Arte Contemporânea de Inhotim (Município de Brumadinho, na RMBH)

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Museu de Artes e Ofícios

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Mercado Central

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Fazenda Vale Verde (complexo de lazer em Vianópolis, na RMBH)

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Parque das Mangabeiras

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Palácio das Artes

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Praça da Liberdade

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Pólo de Moda do Barro Preto

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Parque Ecológico da Pampulha

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Jardim Botânico

As informações coletadas sobre as condições da oferta turística no Circuito Turístico de Belo Horizonte permitem dizer que há um grande potencial intrínseco para o desenvolvimento desta atividade, em virtude dos atrativos naturais, históricos, culturais e relacionados aos negócios. Segundo estudo recente elaborado pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Sebrae para o Ministério do Turismo, intitulado “Estudo de Competitividade dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional”2, o Circuito Turístico de Belo Horizonte apresentou condições “adequadas” em relação a aspectos como infra-estrutura geral, condições de acesso, atrativos turísticos, aspectos sociais e ambientais, ou seja, possui o padrão mínimo de qualidade necessário ao desenvolvimento sustentável do turismo.

O objetivo do Ministério do Turismo, até 2010, é estruturar 65 destinos turísticos com o padrão de qualidade internacional, que se situa acima do mínimo apresentado pela maioria dos destinos turísticos situados nas capitais. Belo Horizonte possui infra-estrutura adequada para o desenvolvimento do turismo, em termos da oferta de equipamentos, produtos e serviços e das condições relacionadas ao saneamento urbano – abastecimento de água, coleta de lixo e rede de esgotos – , aos meios de acesso à cidade e ao transporte coletivo – ônibus, metrô e frota de táxis.

Entretanto, há uma série de problemas relacionados ao meio ambiente e ao tráfego, decorrentes do crescimento desordenado da cidade nas últimas décadas, que

2Fundação Getúlio Vargas e SEBRAE. “Estudo de Competitividade dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional”. Brasília, setembro de 2008. Texto capturado na página na Internet www.mintur.gov.br em 10/11/2008.

comprometem a qualidade de vida na cidade e o desenvolvimento sustentável da atividade turística. Dada a vocação da cidade para o chamado “turismo de negócios”, são fundamentais os investimento na expansão e melhoria das condições da infra-estrutura urbana, priorizando a solução de problemas relacionados ao tráfego, ao transporte coletivo e à segurança. Por fim, o desenvolvimento do turismo de negócios, ao injetar um expressivo fluxo de visitantes nas cidades históricas e nos destinos ecoturísticos que constituem o Circuito Turístico de Belo Horizonte, precisa estar em sintonia com as condições da oferta turística de cada uma das localidades.

Perfil dos trabalhadores do ramo de Turismo e Hospitalidade

O perfil dos trabalhadores ocupados do ramo de Turismo e Hospitalidade foi traçado a partir dos resultados de duas importantes pesquisas: a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE, que traz informações do ano de 2007, e a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho e Emprego, relativa a 2006 (os informes de 2007 ainda não haviam sido divulgados na ocasião do fechamento deste trabalho). Em ambos os casos, o contorno é referente aos dados da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

PNAD

Segundo dados da PNAD do ano de 2007, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), os ocupados no ramo de Turismo e Hotelaria eram 201.741, concentrados principalmente nos segmentos de Alimentos e Bebidas (105.180 dos ocupados ou 52,1% do total) e Comércio (70.262 trabalhadores ou 34,8%).

Do universo de ocupados no ramo de Turismo e Hotelaria, boa parte era empregada com carteira assinada (45,4%); os conta-própria representavam 19,3% e; os sem carteira, 18,9%. A seguir vinham os ocupados enquadrados como Empregadores (9,6%) e, por último, aqueles classificados na posição Outras (6,7%), que inclui também trabalhadores não remunerados.

A inserção dos ocupados é bem diferenciada entre os segmentos em relação à posição na ocupação. Enquanto os ocupados com carteira assinada em Meios de Hospedagem representavam 84,4% do total do segmento, em Lazer e Entretenimento esses trabalhadores eram 31,3% e os sem carteira, 37,5%. No segmento de Alimentos e Bebidas, subdivisão Ambulantes, existia predomínio de ocupados por “conta própria” (56,2%). Entretanto, havia relação formal de emprego para 12,5% dos ocupados desta

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subdivisão. Portanto, se considerada somente a posição na ocupação, as melhores inserções ocupacionais estavam no segmento Meios de Hospedagem, enquanto as piores concentravam-se na subdivisão Ambulantes, de Alimentos e Bebidas, que tinha 18,8% de seus trabalhadores atuando sem carteira.

A distribuição por gênero no ramo de Turismo e Hospitalidade na RM de Belo Horizonte também apresentava diferenças entre os segmentos, ainda que no geral a proporção de homens (52,5%) e mulheres (47,5%) fosse relativamente equilibrada. Enquanto no segmento de Meios de Hospedagem as mulheres ocupadas eram maioria (62,5%), nas atividades de Lazer e Entretenimento e de Alimentos e Bebidas, na subdivisão Ambulantes, havia predomínio de ocupados do sexo masculino (62,5% em ambos).

Em relação à faixa etária dos ocupados no ramo, com exceção do segmento de Meios de Hospedagem, por ter grande contingente de trabalhadores ocupados com carteira assinada (ou seja, com restrições legais à contratação de menores de 16 anos de idade), existia uma proporção nada desprezível de ocupados com idade entre “10 e 17 anos”. Eram crianças e adolescentes geralmente sem carteira assinada ou mesmo sem aferição de rendimentos regulares. No Comércio, 7,6% dos ocupados possuíam até 17 anos. Não havia no segmento Meios de Hospedagem nenhum ocupado na faixa de “65 anos ou mais”. No geral do ramo o percentual para esta faixa chegava a 2,9%. O maior número de ocupados pertencia à faixa de 30 a 39 anos (22,4%), seguida pelos ocupados com 40 a 49 anos (21,0%) e pelos trabalhadores que possuíam de 18 a 24 anos (19,1%).

Em relação aos anos de estudo, a escolaridade era mais elevada nas atividades de Lazer e Entretenimento, onde 50,0% do total de ocupados tinham 11 anos ou mais de estudo (ou seja, no mínimo ensino médio completo) e no Comércio que, por sua vez, tinha 40,3% do total de ocupados nesta condição. No outro extremo, 48,8% do total de ocupados no segmento de Alimentos e Bebidas possuíam menos de 8 anos de estudo, ou seja, não tinham sequer completado o ensino fundamental. Entre os Ambulantes, esta proporção chegava a 56,3%. Já a maior parte dos ocupados sem qualquer instrução ou com menos de 1 ano de estudo estava nos segmentos de Lazer e Entretenimento, com 6,3%, e de Alimentos e Bebidas, com 5,5%, com destaque para a subdivisão de Ambulantes, com 6,3% dos ocupados nesta situação. Considerando o ramo com um todo, 35,0% dos ocupados possuíam 11 anos ou mais de estudo, 59,9% tinham pelo menos 8 anos e 29,1%, de 4 a 7 anos.

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Entre os ocupados no ramo de turismo e hospitalidade da RM de Belo Horizonte, os maiores rendimentos médios mensais no trabalho principal eram dos ocupados do segmento de Meios de Hospedagem (R$ 940), onde o emprego com carteira era maioria. Em seguida, vinham os trabalhadores do segmento de Alimentos e Bebidas, na subdivisão de ocupados nos Estabelecimentos, com R$ 670. Para os trabalhadores de Lazer e Entretenimento, o rendimento médio atingia R$ 665. No extremo oposto, os menores rendimentos médios mensais eram dos ocupados na subdivisão de Ambulantes do segmento Alimentos e Bebidas (R$ 539), devido principalmente à precariedade da inserção. No geral, excetuando-se Meios de Hospedagem e a subdivisão Ambulantes, pertencente a Alimentos e Bebidas, a média dos rendimentos mensais de todos os segmentos eram próximas à média de R$ 676 verificada no ramo como um todo.

RAIS

A partir dos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego) de 2006, foi traçado o perfil dos trabalhadores com carteira assinada. A abrangência geográfica é a Região Metropolitana de Belo Horizonte, que cobre as cidades de: Baldim; Belo Horizonte; Betim; Brumadinho; Caeté; Capim Branco; Confins; Contagem; Esmeraldas; Florestal; Ibirite; Igarapé; Itaguara; Itatiaiucu; Jaboticatubas; Nova União; Juatuba; Lagoa Santa; Mario Campos; Mateus Leme; Matozinhos; Nova Lima; Pedro Leopoldo; Raposos; Ribeirão das Neves; Rio Acima; Rio Manso; Sabará; Santa Luzia; São Joaquim de Bicas; São Jose da Lapa; Sarzedo; Taquaracu de Minas e Vespasiano.

De acordo com os dados, em 2006, o setor de Turismo e Hospitalidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte tinha 79.268 trabalhadores formais. O segmento que aportou maior parte da mão-de-obra foi o de Alimentos e Bebidas (49%). Em seguida vieram: Comércio (32%); Lazer e Entretenimento (11%) e Meios de Hospedagem (8%).

Houve certo equilíbrio da participação masculina e feminina entre os empregados com registro formalizado de trabalho no setor de Turismo e Hospitalidade. Nas atividades de Meios de Hospedagem (66%) e de Alimentos e Bebidas (55%), as trabalhadoras eram maioria na força de trabalho. Já nas atividades de Comércio (52%) e de Lazer e Entretenimento (61%), os homens foram a maior parte. 8

No que diz respeito à faixa etária, mais da metade dos trabalhadores formais da atividade de Turismo e Hospitalidade tinha até 39 anos de idade em 2006, o que os caracterizava como força de trabalho jovem.

Nos Meios de Hospedagem, 53% da mão-de-obra formal tinham entre 30 e 49 anos de idade. Desses, 30% tinham entre 30 e 39 anos e 23%, estavam entre 40 e 49 anos. Os trabalhadores entre 25 e 29 anos eram 19%.

O setor de Alimentos e Bebidas tinha a maioria da força de trabalho com idade até 24 anos (30%). Os que tinham de 30 a 39 anos eram 26% e aqueles entre 25 e 29 anos representavam 20%. Isso significa que 76% da categoria possuía até 39 anos de idade. Os trabalhadores com mais de 50 anos eram apenas 7%.

Uma parcela expressiva da categoria comerciária tinha até 24 anos de idade (35%); 25% tinham de 30 a 39 anos; 22%, de 25 aos 29 anos. Portanto, os trabalhadores formais no Comércio são, majoritariamente, compostos de jovens. Somente uma parcela pequena da mão-de-obra com registro formalizado de trabalho tinha 50 ou mais (6%).

Por fim, os trabalhadores de Lazer e Entretenimento estavam distribuídos da seguinte forma, segundo faixa etária: 26% tinham 30 e 39 anos; 23% estavam com até 24 anos; 19% com 25 a 29 anos; 18%, 40 a 49 anos; 14% estavam com 50 ou mais. Dessa forma, mais da metade da força de trabalho formal tinha até 39 anos de idade (68%).

Apesar de uma variação entre os percentuais dos segmentos do ramo, de um modo geral, a maior parcela da força de trabalho formalizada da atividade de Turismo e Hospitalidade possuía a 8ª série completa e o 2º grau completo (24%). Isso revela que o setor tem acompanhado o aumento dos anos de estudo da população do país nas últimas décadas.

Em três atividades econômicas, os resultados foram muito similares. Nos Meios de Hospedagem, as duas faixas que computaram os maiores percentuais foram a 8ª série completa e o 2º grau completo, com 30% e 24%, respectivamente. Nos segmentos de Alimentos e Bebidas, os trabalhadores com 8ª série completa eram 30% e com 2º grau, 26%, enquanto no Comércio esses ocupados correspondiam a 35% e 28%, respectivamente.

Por fim, a maior parte dos empregados do setor de Lazer e Entretenimento tinha 2º grau completo (28%); os trabalhadores com a 8ª série completa eram 19% e surpreendentemente 17% tinham ensino superior em curso ou completo, percentual muito superior ao apresentado por outras atividades, que oscilaram entre 1% e 5%. Isso

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significa dizer que 45% dos empregados formalizados do setor tinham escolaridade igual ou superior ao 2º grau.

A jornada média semanal no ramo de Turismo e Hospitalidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte variou de 41 a 44 horas em 2006. Nas atividades de Meios de Hospedagem e Comércio, o tempo médio de trabalho ficou em 44 horas; no segmento de Alimentos e Bebidas, em 43 horas. No setor de Lazer e Entretenimento, a jornada foi a menor (41 horas).

A remuneração média dos empregados formais variou conforme a atividade econômica, contudo, seguiu muita baixa, acompanhando o cenário nacional. Nos Meios de Hospedagem, a remuneração média ficou em R$ 562,00; nos Alimentos e Bebidas, R$ 483,00; no Comércio foi de R$ 460,00 e; no Lazer e Entretenimento, R$ 898,00, a maior encontrada.

É importante frisar, portanto, que na atividade econômica de Lazer e Entretenimento, o empregado formal teve jornada menor com remuneração maior em comparação a trabalhadores formalizados das outras atividades.

Levantamento de demandas e tendências da qualificação profissional – Belo Horizonte - MG: a visão dos atores

Para identificar as necessidades e demandas relativas à qualificação profissional dos trabalhadores do setor de turismo e oferecer elementos que contribuam para a definição de ações para o desenvolvimento e aprimoramento da formação e certificação profissional, foram realizadas entrevistas com diferentes grupos com inserção no setor, além de desenvolvidos levantamentos a partir de fontes secundárias de informações. As entidades entrevistadas ao longo da pesquisa estão relacionadas no Quadro a seguir.

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NOME E REPRESENTATIVIDADE

FETHEMG (Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado de Minas Gerais

Entidade de Trabalhadores

BELOTUR (Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A)

Entidade Governamental

SETUR (Secretaria de Turismo do Estado de Minas Gerais - Superintendência de Fomento e Desenvolvimento do Turismo)

Entidade Governamental

SECHSBH (Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares de Belo Horizonte)

Entidade de Trabalhadores

CONTRACS (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços) Entidade de Trabalhadores

O roteiro de pesquisa foi construído a partir dos temas propostos e buscou detalhar e organizar de forma lógica as questões levantadas. Foram realizadas também algumas reuniões com o IIEP (Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas) e, posteriormente, com os representantes das Escolas Profissionais da CUT. Com isso, estabeleceu-se o seguinte fluxo no questionário:

Estrutura do Roteiro de Pesquisa

1. Características Gerais do Setor e da Ocupação (comum DIEESE/IIEP)

2. Características da Oferta e Demanda por Qualificação (comum DIEESE/IIEP)

3. Questões Específicas para as Entidades de Trabalhadores (DIEESE)

4. Questões Específicas para as Entidades Patronais (DIEESE)

5. Questões Específicas para as Entidades Governamentais (DIEESE)

6. Regulação (IIEP)

7. Participação Social (IIEP)

8. Estruturação Curricular (IIEP)

Análise das entrevistas

A partir da análise da pesquisa, verificou-se que a qualificação profissional ainda está sob a responsabilidade do trabalhador, que acaba por se dedicar aos cursos voltados para o seu aperfeiçoamento, quando consegue, após a jornada diária de trabalho. Isso

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acaba por desestimulá-lo porque o afasta da família, dos filhos e das atividades de lazer e faz com que o ele chegue muito cansado em casa.

O Sistema S, em parceria com o poder público de Minas Gerais, ainda é uma referência na questão da qualificação profissional na região de Belo Horizonte, mas esse modelo não atende às necessidades dos trabalhadores. Para as representações dos trabalhadores, a qualificação do Sistema S é voltada para os interesses das empresas e não utiliza os conhecimentos que os trabalhadores possuem, além de não qualificá-los de maneira global. A formação desenvolvida pelo Sistema S, de acordo com essas representações, não possibilita o desenvolvimento do senso crítico e o reconhecimento pelos trabalhadores de seus diretos. Os cursos são ainda considerados muito caros, rápidos e superficiais.

Outra iniciativa de qualificação profissional oferecida para os trabalhadores do setor em Belo Horizonte foi o Capacitur, do governo municipal, que nos últimos anos tem qualificado trabalhadores do turismo na cidade, empregados e desempregados. Os cursos são oferecidos em parceria com a Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, o Senac e a Faculdade de Tecnologia do Comércio/CDL-BH. São gratuitos e com carga horária de 40 horas.

Segundo a pesquisa, muitos empregadores apóiam cursos de qualificação que não contribuem para que o trabalhador se torne crítico e consciente de seus direitos. Além disso, o empresário, muitas vezes tem o discurso de que não vale a pena qualificar seus trabalhadores, porque o risco de perdê-los para a concorrência é muito grande.

A representante da Contracs lembrou a importância das comissões municipais e estaduais de emprego. Segundo ela, nessas instâncias tripartites deveria haver discussões sobre a qualificação profissional. E os trabalhadores poderiam usar esses espaços para tentar sensibilizar os empresários sobre a necessidade da qualificação, tentando mudar o modelo de cursos que o Sistema S oferece, que, na avaliação dela, não atende às necessidades dos trabalhadores.
material extraido do portal www.dieese.org.br/projetos/escola7OutubroCut/artigoEscola7Outubro.pdf
logo  educartrabalho.blogspot.com
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