20 de jan. de 2012

DECLARAÇÃO DE DJERBA SOBRE TURISMO E MUDANÇA CLIMÁTICA- Tunisia 2003

O clima vem afetando diretamente a atividade turistica- fotoworldatlas.com
DECLARAÇÃO DE DJERBA SOBRE TURISMO E MUDANÇA CLIMÁTICA


Os participantes reunidos na I Conferencia Internacional sobre Mudança Climática e

Turismo, celebrada em Djerba(Tunis) de 9 a 11 de Abril de 2003, convocada pela

Organização Mundial do Turismo, por convite do Governo de Tunis,

Havendo escutado as comunicações dos representantes de:

- o Governo de Tunis,

- a Comissão Oceanográfica Intergovernamental(COI)- UNESCO,

- o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas(IPCC),

- a Convenção das Nações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA),

- a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática(CMNUCC),

- a Organização Meteorológica Mundial(OMM),

- a Organização Mundial do Turismo(OMT)

e de representantes dos setores público e privado, assim como os pontos de vista de

diversos governos nacionais, empresas de turismo, instituições acadêmicas, ONGs e

especialistas,

Consciente de que os objetivos desta Conferência estão em plena consonância com as

preocupações, interesses e atividades do sistema das Nações Unidas no campo da

mudança climática e, em geral, no do desenvolvimento sustentáve,

Reconhecendo o papel fundamental do Protocolo de Kyoto como primeiro passo no

controle das emissões de gases do efeito estufa,

Levando em conta que, ao convocar a Conferencia, a OMT não pretendia manter um

debate puramente científico, nem abarcar em sua totalidade as amplamente conhecidas

implicações sociais e ambientais que a mudança climática pode ter para nossas

sociedades, mas antes insistir nas relações entre a mudança climática e o turismo, dada a

importância econômica que está tendo este setor de atividade em numerosos países, e

especialmente nas ilhas pequenas e em estados em desenvolvimento, com vistas a

despertar uma maior consciência destas relações e reforçar a cooperação entre os

diferentes agentes envolvidos,

Tendo analisado detidamente as complexas relações entre o turismo e a mudança

climática, e em particular os efeitos que este último está tendo nos diferentes tipos de

destino turístico, sem passar por cima que alguns meios de transporte utilizados para

deslocamentos de turismo e outros componentes do setor turístico contribuem por sua

vez a essa mudança climática,

Conscientes da importância dos recursos hídricos para o setor turístico e de sua

vinculação com a mudança climática,

Reconhecendo a incidência atual, e possivelmente pior no futuro, da mudança climática,

unido a outros fatores de origem humana, sobre o desenvolvimento turístico em

ecossistemas sensíveis como as terras áridas, as regiões costeiras e montanhosas e as

ilhas, e

Tendo presente que o direito de viajar e o direito ao lazer estão reconhecidos pela

comunidade internacional, que o turismo está atualmente completamente integrado nos

padrões de consumo de numerosos países, e que as previsões da OMT indicam que

continuará crescendo em um futuro previsível,

Acordam o seguinte:

1. Apressar a todos os governos interessados na contribuição do turismo ao

desenvolvimento sustentável para que subscrevam todos os acordos

intergovernamentais e multilaterais afins, especialmente o Protocolo de Kyoto, e

outros convênios e declarações similares sobre mudança climática e as

resoluções associadas que previnem que a incidência deste fenômeno se expanda

ainda mais ou se acelere,

2. Estimular às organizações internacionais para que estudem e investiguem em

maior medida as implicações recíprocas do turismo e mudança climática,

incluindo os casos de lugares de interesse cultural ou jazidas arqueológicas, em

cooperação com as autoridades públicas, as instituições acadêmicas, as ONGs e

a população local; em particular, estimular ao Grupo Intergovernamental sobre

mudanças climáticas que preste especial atenção ao turismo, em cooperação

com a OMT, e a que inclua especificamente o turismo em seu Quarto Informe de

Avaliação,

3. Instar aos organismos das Nações Unidas, internacionais, financeiros e bilaterais

a que apóiem aos governos dos países em desenvolvimento, e em particular aos

dos países menos adiantados, para quem o turismo representa um setor

econômico chave, em seus esforços por afrontar a situação e adaptar-se aos

efeitos adversos da mudança climática e a que formulem planos de ação

adequados,

4. Solicitar às organizações internacionais, aos governos, às ONGs e as instituições

acadêmicas que apóiem aos governos locais e às organizações de gestão de

destinos na aplicação de medidas de adaptação e mitigação que respondam aos

efeitos específicos da mudança climática nos destinos locais,

5. Estimular o setor turístico, incluindo as empresas de transporte, os hoteleiros, os

operadores turísticos, as agencias de viagem e os guias turísticos, a que adaptem

suas atividades utilizando tecnologias e logísticas mais limpas e que adotem um

consumo de energia mais racional para minimizar na medida do possível sua

contribuição à mudança climática,

6. Instar aos governos e as instituições bilaterais e multiculturais a que concebam e

apliquem políticas de gestão sustentável para os recursos hídricos e para a

conservação das áreas úmidas e outros ecossistemas de água doce,

7. Instar aos governos para que promovam o uso de fontes de energia renováveis

nas empresas e atividades de turismo e transporte, facilitando assistência técnica

e utilizando incentivos fiscais e de outro tipo,

8. Estimular às associações de consumidores, às empresas de turismo e aos meios

de comunicação a que contribuam para a sensibilização dos consumidores nos

destinos e nos mercados emissores com o objetivo de modificar os hábitos de

consumo e optar por formas de turismo menos prejudiciais ao clima,

9. Convidar os grupos interessados público e privados e não governamentais e a

outras instituições para que informem à OMT sobre os resultados de qualquer

investigação relevante sobre mudança climática e o turismo para que a OMT

atue como centro de intercambio de informação, crie uma base de dados sobre o

tema e difunda esses conhecimentos em escala internacional, e

10. Considerar que esta Declaração constitui um marco para os organismos

internacionais, regionais e governamentais para o acompanhamento de suas

atividades e dos planos de ação antes mencionados neste campo.

Os participantes expressaram seu agradecimento ao Governo e ao povo de Tunis por sua

calorosa hospitalidade e os excelentes serviços prestados para acolher esta Conferencia

na ilha de Djerba

Djerba(Tunis), 11 de Abril de 2003
texto extraido de http://www.marcionami.adm.org.br/
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