Pavilhão da Vera Cruz em São Bernardo do Campo-SP |
Fundada em 1949, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz foi um marco no cinema nacional, pioneira em investimentos de grande porte no setor. Após o fim da 2ª Guerra Mundial, a vida cultural em São Paulo ficou agitada e a cada dia surgiam novas revistas de divulgação artística e eventos de arte, conferências e exposições. Neste cenário favorável, o empresário paulista Francisco Matarazzo Sobrinho, junto ao produtor italiano Franco Zampari, que já tinham criado o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), fundam a Vera Cruz.
Localizado em São Bernardo do Campo, o estúdio era formado por dois galpões que ocupavam uma área superior a 100 mil metros quadrados. Um grande nome da Vera Cruz foi o do brasileiro Alberto Cavalcanti, que trabalhava com cinema na Europa e foi convidado por Zampari para dirigir a companhia. Os equipamentos modernos, assim como profissionais especializados, vieram do exterior. Como definiu a atriz e estrela da Vera Cruz, Eliane Lage, a companhia era uma verdadeira Babel: pessoas de nacionalidades e culturas diversas superaram as barreiras da comunicação e executaram produções premiadas internacionalmente. Entre elas o Cangaceiro (1952), escolhido o Melhor Filme de Aventura do Festival de Cannes, e Sinhá Moça (1953), que ganhou o Leão de Bronze no Festival de Veneza, o Urso de Prata do Festival de Berlim e o OCIC (premiação anual do Vaticano para o filme de maior valor humano). A Vera Cruz deu grande contribuição ao cinema brasileiro por formar profissionais em áreas como fotografia, som, cenografia, maquiagem e estabelecer um novo padrão para as produções nacionais.
O sucesso de bilheteria, no entanto, não retornou em lucros para a companhia. A Vera Cruz não tinha um sistema próprio de distribuição e facilidades para inserir suas produções no mercado internacional. Assim, ficava com menos da metade de arrecadação, volume insuficiente para bancar as caríssimas produções. Em 1954, Franco Zampari passa as ações que possuía e o patrimônio da companhia para o Banco do Estado de São Paulo. A Vera Cruz nunca chegou a fechar, mas sua gestão mudou de mãos ao longo dos anos e as produções se tornaram cada vez mais escassas.
Retomada da produção nacional
Para recuperar a memória da Vera Cruz e revitalizar os estúdios da companhia a Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com a Fundação Padre Anchieta e Prefeitura de São Bernardo do Campo, criaram o Projeto Nova Vera Cruz. O objetivo é transformar o espaço ocupado pelo estúdio no mais moderno complexo cinematográfico do País.
Ainda em fase de planejamento, a iniciativa pretende criar um Núcleo de Formação Audiovisual, um acervo museográfico para exposição de filmes, documentos da época, fotos, cartazes, além de implantar uma incubadora de empresas da área audiovisual. Produções televisivas e publicitárias também poderão ser trabalhadas na nova estrutura do espaço Vera Cruz.
De acordo com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, o valor estimado para a revitalização da Companhia Cinematográfica é de R$ 15,4 milhões. O município deve receber até 2013 R$ 9 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, do governo federal, para iniciar o projeto.
Crédito da foto: Cinemateca Brasileira
texto extraido do portal www.revista.brasil.gov.br
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