3 de jul. de 2012

Cooperativas de Turismo - Projetos de Desenvolvimento Comunitário

Eduardo Mielke´s blog Pojetos & Pesquisa
Aqui estão os relatos dos principais Projetos de Desenvolvimento Comunitário realizados, bem como projetos de pesquisa com seus desafios e resultados.
PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO


. COOPERATIVA PARANAENSE DE TURISMO – COOPTUR (www.cooptur.coop.br) 2004.
Em 2001 a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), órgão máximo do cooperativismo no Brasil elaborou juntamente com o então MET (Ministério do Esporte e Turismo) o projeto: Turismo Cooperativo. Deste projeto, orçado em R$ 100 mil (valor de 2002) nasce em 2004 a primeira cooperativa brasileira de turismo formada com empresários locais. Seus integrantes, proprietários de hotéis, restaurantes, guias, produtores rurais, entre outros, viram no cooperativismo uma forma de desenvolver turismo de forma local, onde a própria comunidade organizada (institucionalizada) foi capaz de construir seus próprios caminhos. Apesar de ter contato com pouco apoio do poder estadual na época, a COOPTUR contou com o próprio sistema cooperativista para se tornar sustentável.
A partir de 2004 até 2006, tive a oportunidade e o privilégio de acompanhar sua estruturação final. Os ensinamentos tomados sobre cooperação e educação cooperativista serviram de base para elaboração e gestão dos projetos seguintes.
Em linhas gerais, cooperativa de turismo constitue-se no modelo ideal de desenvolvimento TCB, pois tem todas as características que possibilitam que comunidades se organizem e obtenham autonomia necessária para tomar suas próprias decisões e se relacionar de forma equilibrada com o mercado turístico, poder público e outras organizações não-governamentais.


2. COOPERATIVA DE ECOTURISMO DE GUARAQUEÇABA – COPERGUARÁ-Ecotur (www.visiteguaraquecaba.com.br)
A partir das lições aprendidas, associada com a Tese de Doutorado – 2004/07 – (disponível a pedidos) cujo, tema foi justamente o Cooperativismo como Instrumento de Desenvolvimento do Turismo Rural, houve a possibilidade de aplicar os conhecimentos em outro contexto: no Litoral.
A Sociedade de Pesquisa em Vida Silvestre e Educação Ambiental (SPVS – www.spvs.org.br) se preparou para mandar um projeto para atender o edital do Ministério do Meio Ambiente. Em 2005 o documento então foi elaborado pela equipe técnica da SPVS. E, pela competência dos mesmos o projeto de constituição do que seria a segunda cooperativa de turismo foi contemplado como um dos vencedores á obtenção do recurso de R$ 480 mil.
O grande diferencial do projeto entre outros de ecoturismo é que justamente a base cooperativa como conceito fundamental foi utilizada. O meu envolvimento se deu já nesta etapa, e fui convidado a realizar o Plano de Negócios da COOPERGUARÀ-Ecotur. De forma totalmente participativa o projeto foi executado de forma ímpar. Muitos conceitos foram adquiridos não somente no que tange o turismo e cooperativismo, mas sobre tudo, como trabalhar com comunidades.
Comparativamente ao projeto anterior, os contextos sócios econômicos eram completamente diferentes. Para citar alguns exemplos desta diferença, segundo o IBGE (2005) o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH médio verificado nos municípios de abarcados pela Cooptur é de 0, 785. Já na região do projeto Coopera Turismo o mesmo índice ficou em 0,659, sendo que a renda per capta nesta região ficou em US$ 1.746,23 contra US$ 18.782,55 verificados na região dos campos Gerais.
O que foi extremamente impressionante que apesar das diferenças óbvias, as dificuldades enfrentadas praticamente foram às mesmas. Os conflitos, a dinâmica do poder são questões que de fato transcendem a realidade social presente e o modelo cooperativista se mostrou aplicável em ambos os contextos.
Vale ressaltar que o trabalho do Senhor Nelson Silveira que contribuiu na mediação dos conflitos de forma (nelsoncsilveira@gmail.com) fantástica no sentido de criar ao grupo comunitário um sentimento alicerçado de grupo.
3. Roteiro das RPPNs do Sul da Bahia.
Em 2007, o Instituto de Estudos do Sul da Bahia (www.iesb.org.br), numa parceria com a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, abriram edital para a elaboração de PN com o intuito de verificar a viabilidade de um roteiro de ecoturismo envolvendo 5 Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) e 1 parque estadual (PE. Serra do Conduru). Na época elaborei a proposta e ganhamos a concorrência, com um recurso de R$ 30.mil. Elaborar um PN simplesmente torna-se uma tarefa secundária a primeira que é elaborar o roteiro em si, não previsto pelo edital. Incorporei a idéia e seguimos. O PN foi elaborado, porém não houve investimentos posteriores para executar as recomendações propostas. Na realidade, o que ocorreu neste projeto, é recorrente em muitas iniciativas: os recursos destinados ao PN por si só não eram suficientes para garantir a sustentabilidade posterior do roteiro. Ter um documento deste porte é interessante, porém a sua não execução no sentido de que ele traga resultados efetivos é contribuir negativamente com algo que muitas comunidades tem sofrido: o não cumprimento de expectativas.
Seria necessário, portanto outros investimentos em paralelos, mas pelo que me pareceu às entidades apoiadoras ($) do mesmo não possuíam um diálogo único. E isto, é extremamente danoso para quem esta na ponta, no caso, os proprietários das RPPNs que seguem com muito esforço tentando manter suas propriedades com o turismo. Contudo, foi um grande aprendizado.
4. Centro de Educação Ambiental dos Povos do Rio Pomba – CEAVARP (www.ceavarp.org)
Em 2007, após uma palestra sobre gestão e desenvolvimento comunitário proferida na UFPR através do programa de educação continuada, o PECCA (www.pecca.ufpr.br), houve contato com o Grupo Brookfield Energia Renovável S/A (www.brookfieldenergia.com), na época Brascan Energética SA. O valor deste projeto foi de R$ 450 mil entre obras e capacitação.
A empresa havia decidido investir em Responsabilidade Socioambiental (RSA) nas regiões de atuação. E fui convidado para escrever e executar o Diagnóstico Socioeconômico e o Plano de Negócios, que depois viria a ser o CEAVARP. Por dois anos e meio acompanhei todo o processo. Hoje o centro é gerido através de uma OSCIP, possui representatividade e respeito pelas comunidades do entorno. Este foi o primeiro trabalho não turístico que desenvolvi ao longo da minha carreira.
De fato foram grandes as lições, e deste processo que nasceram o Diagnóstico Estruturado Participativo e Ponderado (DEPP), e definitivamente o PN ganhou mais uma letra o ” P” fazendo parte da metodologia de trabalho a participação comunitária em todos os aspectos do processo de investimento comunitário do setor privado através de programas de RSA.
5. Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Muriaé – ASMAM.
Este trabalho foi talvez o mais rápido e um dos mais interessantes. De fato, lixo representa para os membros da ASMAN uma possibilidade clara de renda e emprego. Mais uma vez o setor privado pode fazer sua parte auxiliando associações deste tipo. Em linhas gerais a ASMAN tinha na mão um recurso (R$ 25 mil) e deveriam investir no que lhes trouxessem melhores condições de trabalho associado com a possibilidade de melhorar a relação $/dia de trabalho. Apesar de estar institucionalizado, isto não quer dizer que estavam organizados propriamente para escolher o melhor investimento. Logo a tarefa era analisar as possibilidades e verificar as melhores opções. Deste projeto, creio que a principal lição aprendida é que mesmo a fundo perdido, toda doação está atrelada a algum critério. Em tudo deve haver contrapartida. Sem isso, investimento vira caridade e caridade não é desenvolvimento responsável.
6. Centro de Educação Ambiental de Laranjal – Casa da Cultura de Laranjal
Em 2009, fomos contratados (Denise Sperandio – Turismóloga e eu) para elaborar um projeto de um centro de educação para o BNDES, dentro da política desenvolvimentista do banco, associado ao investimento privado. Na época a Brookfield Energia Renovável S/A nos chamou, e nos deu liberdade de trabalho. Em três reuniões o projeto ficou pronto. Em essência, ele está estruturado em duas linhas, sempre relacionando o curto e o longo prazo em ações coordenadas objetivando a autonomia do centro, ou melhor, dizendo da organização – institucionalização – comunitária que irá tomar conta dele. Neste projeto foi possível verificar que quando o poder público é presente o investimento aparece. Tivemos o prazer de trabalhar com uma excelente equipe de técnicos da prefeitura de Laranjal que, com muita propriedade e eficiência fizeram com que o projeto fosse aprovado pelo banco. O valor ainda não está definido. Em 2011 iniciaremos o trabalho com as comunidades.
7. Comitê de Responsabilidade Socioambiental da Brookfield Energia Renovável S/A.
Em 2008, com o intuito de estabelecer critérios mais claros dentro da política corporativa foi elaborado o Programa de Responsabilidade Socioambiental da empresa. O projeto durou seis meses com a constituição do Comitê de RSA. Ao longo deste período além de poder ter trabalhado com uma equipe comprometida a empresa como um todo se mostrou comprometida. Com base nos resultados deste trabalho, foi possível trazer conceitos de gestão e desenvolvimento aos projetos de TBC que estavam ocorrendo em paralelo. Atualmente a Brookfield conta com uma equipe sólida na RSA e os fundamentos criados pelo Comitê fazem parte do modelo de gestão da empresa com um todo.
PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS EM CONGRESSOS, REVISTAS. Caso queira o texto na íntegra solicite através de eduardomielke@yahoo.com.br (com exceção do Livro por ser direito da Editora Átomo & Alínea a distribuição do mesmo).
LIVROS PUBLICADOS
MIELKE, E. J. C. (2009)
Desenvolvimento Turístico de Base Comunitária. Campinas, São Paulo : Átomo & Alínea, 2009, v.1. p.190.
CAPITULOS DE LIVRO PUBLICADOS
  • MIELKE, E. J. C. ; GÂNDARA, J. M. G.(2010)
Das Teorias “De cima para baixo” E Desenvolvimento Regional: Uma Analise Critica no Contexto da Organizacao da Atividade Turistica. In: Cristiane Mansur e Ivo Theis. (Org.). Desenvolvimento Regional: Abordagens Contemporâneas. 1 ed. Blumenal, SC: Edifurb – Editora da FURB, 2009, v. 1, p. 85-112.
  • MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G. (2009)
Cooperação no Roteiros do Imigrantes In: Gestão de Destinos Turísticos.1 ed.São Paulo : SENAC, 2008, v.1
ARTIGOS CINETÍFICOS
  • MIELKE, E. J. C., SPERANDIO, D. (2009)
Desarrollo Turístico Regional: El Diagnóstico Estratégico Participativo Ponderado – DEPP, Aplicaciones y Retos a la Planificación Turística. In: VI Seminário da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. VI Seminário da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo.
  • MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G., SERRA, M., TORRES BERNIER, E. (2009)
El modelo cooperativo de gobernanza para destinos turísticos de base cooperativa. Resultados de análisis de dos experiencias en Brasil. Revista Cooperativismo & Desarrollo. , v.93, p.08/01 – 18.
  • MIELKE, E. J. C. (2008)
La aplicación del método Delphi en el diseño del modelo de desarrollo turístico regional a través del cooperativismo In: X SIT – Seminario Internacional de Turismo, Curitiba. X SIT – Seminário Internacional de Turismo.
  • Amorim, B., Dias, A., MIELKE, E. J. C. (2008)
Análise de oito metodologias de Indicadores de sustentabilidade para projetos de desenvolvimento turístico. In: X SIT – Seminário Internacional de Turismo, 2008, Curitiba. X SIT – Seminário Internacional de Turismo.
  • MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G., SERRA, M. (2008)
As Inter-relações entre Empresas e Produtos Turísticos:A Cooperação como o Caminho para a Sustentabilidade do Desenvolvimento Regional. EL PERIPLO SUSTENTABLE. , v.3, p.63 – 90.
  • MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G., SERRA, M. (2008)
O Modelo Cooperativo de Governança para Destinos Turísticos. Resultados Práticos da Análise de Duas Experiências no Brasil. In: V Encontro Latino Americano de Cooperativismo, 2008, Ribeirão Preto. V Encontro Latino Americano de Cooperativismo.
  • MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G., SERRA, M. (2007)
El modelo cooperativo de gobernanza para destinos turísticos de base cooperativa In: XII Congreso Aecit: Conocimiento, creatividad y tecnología para un turismo sostenible y competitivo, 2007, Tarragona, Espanha. Anales del XII Congreso de la AECIT:Conocimiento, creatividad y tecnología para un turismo sostenible y competitivo.
  • MIELKE, E. J. C., Pereira. A. (2006)
Desenvolvimento Econômico e Social através do turismo: interações entre atores sociais. In: I Encontro Paranaense de Pesquisadores em Hotelaria e Turismo., 2006, Campo Mourão, PR. Anais do I Encontro Paranaense de Pesquisadores em Hotelaria e Turismo.
  • MIELKE, E. J. C., Pereira. A. (2006)
Desenvolvimento Econômico e Social através do Turismo: interações entre atores locais. In: IV Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul / III Seminário da ANPTUR – Associação nacional de Pesquisa e Pós graduação em Turismo ., 2006, Caxias do Sul, RG. Anais do IV Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul / III Seminário da ANPTUR – Associação nacional de Pesquisa e Pós graduação em Turismo .
  • Torres, N. R., MIELKE, E. J. C. (2006)
Turismo Cultural em Curitiba: O plano de revitalização do setor histórico de Curitiba – agosto de 1970 – e seus impactos no turismo urbano na atualidade. In: I Encontro Paranaense de Pesquisadores em Hotelaria e Turismo., 2006, Campo Mourão, PR. Anais do I Encontro Paranaense de Pesquisadores em Hotelaria e Turismo.
  • MIELKE, E. J. C., Torres, N. R. (2005)
Cooperativismo como Instrumento de Desenvolvimento do Turismo Rural. Estudo de Caso: O roteiro dos Imigrantes – PR. In: III Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul., 2005. Anais do III Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul.
  • MIELKE, E. J. C., Torres, N. R. (2005)
Cooperativismo como instrumento de desenvolvimento do Turismo Rural. Estudo de caso: O roteiro do Imigrante (PR). Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul (UCS). , v.2, p.1 . Caxias do Sul.
  • MIELKE, E. J. C., PAIXAO, D. L. D. (2004)
A Relação entre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Turismo em Áreas Naturais: Um binômio ao desenvolvimento sustentável. In: VII Encontro Nacional de Turismo com Base Local – VII ENTBL., 2004, Curitiba,PR. Anais do VII Encontro Nacional de Turismo com Base Local – VII ENTBL.
  • GÂNDARA, J. M. G., TORRES BERNIER, E., MIELKE, E. J. C. (2004)
La imagen de los destinos turísticos. In: XIII Simposio Internacional de Turismo y Ocio Coloquio Doctoral de Turismo., 2004, Barcelona, Espanha. Anais do XIII Simposio Internacional de Turismo y Ocio Coloquio Doctoral de Turismo
material extraido do www.eduardomielke.wordpress.com


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