Aqui estão os relatos dos principais Projetos de Desenvolvimento Comunitário realizados, bem como projetos de pesquisa com seus desafios e resultados.
PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO. COOPERATIVA PARANAENSE DE TURISMO – COOPTUR (www.cooptur.coop.br) 2004.
A partir de 2004 até 2006, tive a oportunidade e o privilégio de acompanhar sua estruturação final. Os ensinamentos tomados sobre cooperação e educação cooperativista serviram de base para elaboração e gestão dos projetos seguintes.
Em linhas gerais, cooperativa de turismo constitue-se no modelo ideal de desenvolvimento TCB, pois tem todas as características que possibilitam que comunidades se organizem e obtenham autonomia necessária para tomar suas próprias decisões e se relacionar de forma equilibrada com o mercado turístico, poder público e outras organizações não-governamentais.
2. COOPERATIVA DE ECOTURISMO DE GUARAQUEÇABA – COPERGUARÁ-Ecotur (www.visiteguaraquecaba.com.br)
A Sociedade de Pesquisa em Vida Silvestre e Educação Ambiental (SPVS – www.spvs.org.br) se preparou para mandar um projeto para atender o edital do Ministério do Meio Ambiente. Em 2005 o documento então foi elaborado pela equipe técnica da SPVS. E, pela competência dos mesmos o projeto de constituição do que seria a segunda cooperativa de turismo foi contemplado como um dos vencedores á obtenção do recurso de R$ 480 mil.
O grande diferencial do projeto entre outros de ecoturismo é que justamente a base cooperativa como conceito fundamental foi utilizada. O meu envolvimento se deu já nesta etapa, e fui convidado a realizar o Plano de Negócios da COOPERGUARÀ-Ecotur. De forma totalmente participativa o projeto foi executado de forma ímpar. Muitos conceitos foram adquiridos não somente no que tange o turismo e cooperativismo, mas sobre tudo, como trabalhar com comunidades.
Comparativamente ao projeto anterior, os contextos sócios econômicos eram completamente diferentes. Para citar alguns exemplos desta diferença, segundo o IBGE (2005) o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH médio verificado nos municípios de abarcados pela Cooptur é de 0, 785. Já na região do projeto Coopera Turismo o mesmo índice ficou em 0,659, sendo que a renda per capta nesta região ficou em US$ 1.746,23 contra US$ 18.782,55 verificados na região dos campos Gerais.
O que foi extremamente impressionante que apesar das diferenças óbvias, as dificuldades enfrentadas praticamente foram às mesmas. Os conflitos, a dinâmica do poder são questões que de fato transcendem a realidade social presente e o modelo cooperativista se mostrou aplicável em ambos os contextos.
Vale ressaltar que o trabalho do Senhor Nelson Silveira que contribuiu na mediação dos conflitos de forma (nelsoncsilveira@gmail.com) fantástica no sentido de criar ao grupo comunitário um sentimento alicerçado de grupo.
3. Roteiro das RPPNs do Sul da Bahia.
Em 2007, o Instituto de Estudos do Sul da Bahia (www.iesb.org.br), numa parceria com a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica, abriram edital para a elaboração de PN com o intuito de verificar a viabilidade de um roteiro de ecoturismo envolvendo 5 Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) e 1 parque estadual (PE. Serra do Conduru). Na época elaborei a proposta e ganhamos a concorrência, com um recurso de R$ 30.mil. Elaborar um PN simplesmente torna-se uma tarefa secundária a primeira que é elaborar o roteiro em si, não previsto pelo edital. Incorporei a idéia e seguimos. O PN foi elaborado, porém não houve investimentos posteriores para executar as recomendações propostas. Na realidade, o que ocorreu neste projeto, é recorrente em muitas iniciativas: os recursos destinados ao PN por si só não eram suficientes para garantir a sustentabilidade posterior do roteiro. Ter um documento deste porte é interessante, porém a sua não execução no sentido de que ele traga resultados efetivos é contribuir negativamente com algo que muitas comunidades tem sofrido: o não cumprimento de expectativas.
Seria necessário, portanto outros investimentos em paralelos, mas pelo que me pareceu às entidades apoiadoras ($) do mesmo não possuíam um diálogo único. E isto, é extremamente danoso para quem esta na ponta, no caso, os proprietários das RPPNs que seguem com muito esforço tentando manter suas propriedades com o turismo. Contudo, foi um grande aprendizado.
4. Centro de Educação Ambiental dos Povos do Rio Pomba – CEAVARP (www.ceavarp.org)
A empresa havia decidido investir em Responsabilidade Socioambiental (RSA) nas regiões de atuação. E fui convidado para escrever e executar o Diagnóstico Socioeconômico e o Plano de Negócios, que depois viria a ser o CEAVARP. Por dois anos e meio acompanhei todo o processo. Hoje o centro é gerido através de uma OSCIP, possui representatividade e respeito pelas comunidades do entorno. Este foi o primeiro trabalho não turístico que desenvolvi ao longo da minha carreira.
De fato foram grandes as lições, e deste processo que nasceram o Diagnóstico Estruturado Participativo e Ponderado (DEPP), e definitivamente o PN ganhou mais uma letra o ” P” fazendo parte da metodologia de trabalho a participação comunitária em todos os aspectos do processo de investimento comunitário do setor privado através de programas de RSA.
5. Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Muriaé – ASMAM.
Este trabalho foi talvez o mais rápido e um dos mais interessantes. De fato, lixo representa para os membros da ASMAN uma possibilidade clara de renda e emprego. Mais uma vez o setor privado pode fazer sua parte auxiliando associações deste tipo. Em linhas gerais a ASMAN tinha na mão um recurso (R$ 25 mil) e deveriam investir no que lhes trouxessem melhores condições de trabalho associado com a possibilidade de melhorar a relação $/dia de trabalho. Apesar de estar institucionalizado, isto não quer dizer que estavam organizados propriamente para escolher o melhor investimento. Logo a tarefa era analisar as possibilidades e verificar as melhores opções. Deste projeto, creio que a principal lição aprendida é que mesmo a fundo perdido, toda doação está atrelada a algum critério. Em tudo deve haver contrapartida. Sem isso, investimento vira caridade e caridade não é desenvolvimento responsável.
6. Centro de Educação Ambiental de Laranjal – Casa da Cultura de Laranjal
Em 2009, fomos contratados (Denise Sperandio – Turismóloga e eu) para elaborar um projeto de um centro de educação para o BNDES, dentro da política desenvolvimentista do banco, associado ao investimento privado. Na época a Brookfield Energia Renovável S/A nos chamou, e nos deu liberdade de trabalho. Em três reuniões o projeto ficou pronto. Em essência, ele está estruturado em duas linhas, sempre relacionando o curto e o longo prazo em ações coordenadas objetivando a autonomia do centro, ou melhor, dizendo da organização – institucionalização – comunitária que irá tomar conta dele. Neste projeto foi possível verificar que quando o poder público é presente o investimento aparece. Tivemos o prazer de trabalhar com uma excelente equipe de técnicos da prefeitura de Laranjal que, com muita propriedade e eficiência fizeram com que o projeto fosse aprovado pelo banco. O valor ainda não está definido. Em 2011 iniciaremos o trabalho com as comunidades.
7. Comitê de Responsabilidade Socioambiental da Brookfield Energia Renovável S/A.
Em 2008, com o intuito de estabelecer critérios mais claros dentro da política corporativa foi elaborado o Programa de Responsabilidade Socioambiental da empresa. O projeto durou seis meses com a constituição do Comitê de RSA. Ao longo deste período além de poder ter trabalhado com uma equipe comprometida a empresa como um todo se mostrou comprometida. Com base nos resultados deste trabalho, foi possível trazer conceitos de gestão e desenvolvimento aos projetos de TBC que estavam ocorrendo em paralelo. Atualmente a Brookfield conta com uma equipe sólida na RSA e os fundamentos criados pelo Comitê fazem parte do modelo de gestão da empresa com um todo.
PUBLICAÇÕES ACADÊMICAS EM CONGRESSOS, REVISTAS. Caso queira o texto na íntegra solicite através de eduardomielke@yahoo.com.br (com exceção do Livro por ser direito da Editora Átomo & Alínea a distribuição do mesmo).
LIVROS PUBLICADOSMIELKE, E. J. C. (2009)
Desenvolvimento Turístico de Base Comunitária. Campinas, São Paulo : Átomo & Alínea, 2009, v.1. p.190.
CAPITULOS DE LIVRO PUBLICADOS- MIELKE, E. J. C. ; GÂNDARA, J. M. G.(2010)
Das Teorias “De cima para baixo” E Desenvolvimento Regional: Uma Analise Critica no Contexto da Organizacao da Atividade Turistica. In: Cristiane Mansur e Ivo Theis. (Org.). Desenvolvimento Regional: Abordagens Contemporâneas. 1 ed. Blumenal, SC: Edifurb – Editora da FURB, 2009, v. 1, p. 85-112.
- MIELKE, E. J. C., GÂNDARA, J. M. G. (2009)
Cooperação no Roteiros do Imigrantes In: Gestão de Destinos Turísticos.1 ed.São Paulo : SENAC, 2008, v.1
ARTIGOS CINETÍFICOS - MIELKE, E. J. C., SPERANDIO, D. (2009)
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