Terça-feira, 8 de agosto de 2017
Manutenção de prisão de Rafael Braga por TJRJ causa revolta nas redes sociais
Foto: Reprodução/Mídia Ninja
Por 2 votos a 1, o Tribunal de Justiça do Rio do Janeiro (TJRJ) manteve a prisão de Rafael Braga, preso por tráfico de drogas com base única nas palavras do policial que efetuou a prisão e cujo depoimento foi posto em dúvida por testemunha ocular e pelo próprio acusado. Rafael se tornou símbolo da discussão acerca do racismo no Poder Judiciário, especialmente por ele também ter sido o único condenado brasileiro no contexto dos protestos de 2013, sob a acusação de “porte de explosivos” consistente em uma garrafa de desinfetante e uma garrafa de água sanitária.
Ao Justificando, a colunista e feminista negra Joice Berth afirmou que “o TJRJ deu um importante recado para toda a população negra do Brasil. O recado foi: Somos racistas sim e decidimos manter solenemente as estruturas criminosas que vitimam pessoas negras, enquanto desfrutamos das benesses sociais construídas pelos seus antepassados em 4 séculos de exploração grotesca e covarde”.
Para Joice, Judiciário perdeu de vez os brios para implementar uma série de entendimentos racistas que legitimam a morte de pessoas negras pelo Estado, bem como o hiper encarceramento. “A manutenção da Casa Grande não poderia estar melhor traduzida pelo judiciário que, perdeu de vez os brios e segue seu projeto de dizimação da população negra no país, seja por morte sistemática nas mãos da polícia autorizada pelo Estado a continuar com a barbárie silenciosa, seja pelo encarceramento arbitrário comprovado e vergonhoso que é tratado com todo descaso possível”, explica Joice.
“Como disse a Senhora Diva, em seu discurso na FLIP, ainda não estamos libertos, a Escravização não acabou, ela só se sofisticou. Negros e Negras são vítimas dos piores intentos racistas, à luz de toda uma sociedade de minoria quantitativa branca que se nega a assumir sua parcela de culpa histórica”, completou Joice.
Oliveira destaca que a manutenção de prisão de Rafael é consequência da presunção absoluta de veracidade concedida a policiais militares que efetuam prisão de pessoas negras. “O Judiciário despreza os vários casos de abuso de autoridade policial e a prática de forjar flagrantes. Como vimos recentemente na investigação no Rio de Janeiro na Operação Calabar que prendeu vários policiais corruptos. O movimento negro precisa dar atenção necessária a relação entre proibição das drogas e racismo”, explica.
Nas redes sociais, o assunto dominou a pauta. O advogado de Rafael Braga, Lucas Sada, informou que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. O STJ, assim como o Supremo, desenvolveu nos últimos anos uma enorme resistência ao Habeas Corpus por meio de entendimentos judiciais, o que foi e tem sido intensamente criticado no meio jurídico. Na gigantesca maioria dos casos, o pedido sequer é analisado, mas em casos considerados como “teratológicos”pelas cortes – isto é, quando extrapola qualquer noção de razoabilidade -, abre-se uma exceção para análise do pedido de liberdade.
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/08/08/manutencao-de-prisao-de-rafael-braga-por-tjrj-causa-revolta-nas-redes-sociais/
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