
II CONFERÊNCIA NACIONAL DE ARQUITETURA E URBANISMO DO CAU
Rio de Janeiro – 7 a 10 de Outubro de 2017
CARTA DO RIO DE JANEIRO
Todos os mundos – Rumo a UIA.2020.RIO, tema central desta II Conferência
Nacional de Arquitetura e Urbanismo, objetivou cumprir a agenda oficial do Conselho
de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e, por meio deste enfoque discutir e
encaminhar as questões que envolvem a Arquitetura e Urbanismo no amplo tema
Todos os mundos. Um só mundo. Arquitetura 21 e, através desta CARTA DO
RIODE JANEIRO, anunciar a realização do 27º Congresso Mundial de Arquitetos
que acontecerá aqui na cidade do Rio de Janeiro em 2020.
A cidade do século XXI, convulsiona diante do caos urbano. Vivemos numa época
de profundas transformações na área tecnológica, com forte impacto na Arquitetura
e Urbanismo, em consequência do grande desenvolvimento científico que quebrou
barreiras do tempo e abriu caminhos para uma melhor qualificação do resultado do
projeto.
A cidade, no mundo contemporâneo, é um lugar privilegiado pelo conhecimento e
inovação, espaço estratégico das maiores invenções. No entanto, baseando-nos
apenas em projeções de tendências, vivemos numa época de escasso protagonismo
e manipulação das tragédias.
Mesmo vivendo em cidades há milhares de anos, ainda não conseguimos resolver a
questões relacionadas à pobreza e à fome e estamos longe de garantir o papel
social da propriedade. Esse desafio cresce sem um projeto que rompa com as
segregações da ocupação territorial e as desigualdades.
Em meio a um processo de exclusão, fragmentação e desintegração das políticas
ambientais, sociais, culturais e econômicas, a cidade e o território são suportes
físicos estratégicos para o rompimento da discriminação e do preconceito, e a
criação de espaços mais democráticos, mas precisamos quebrar o paradigma de
desenvolvimento do mundo globalizado fundamentado exclusivamente na economia
de mercado, para amenizarmos as grandes distorções que aprofundam as
diferenças sociais.
O crescimento populacional acelerado fará com que a população terrestre alcance
de 11 a 12 bilhões de habitantes até 2050/2060, a maioria localizada em
megalópoles com gigantescas áreas faveladas, atendidas por pouca ou nenhuma
infraestrutura. As mudanças climáticas se sucederão em ritmo intenso, em escala
planetária, gerando tensões sociais e geopolíticas, atingindo de maneira catastrófica
a futura vida coletiva e aos mais desprovidos.
A equidade no acesso e usufruto da cidade e a universalização dos serviços
públicos são essenciais para uma vida urbana democrática e garantia das condições
adequadas à nossa contemporaneidade. As cidades são por natureza palco de
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confrontos e conflitos, locus dinâmico das forças sociais, culturais e econômicas,
mas também das oportunidades e conciliação.
Não são apenas as áreas urbanizadas que estão em crise: os procedimentos de
planejamento e de intervenção nos espaços não mais respondem à realidade
democrática e participativa. Na era do conhecimento e da informação em tempo real,
a cidade precisa, antes de tudo, compartilhar uma visão de futuro na qual a
paisagem e território sejam suportes estratégicos para o desenvolvimento de uma
política urbana verdadeiramente democrática.
Frente ao grave panorama traçado ao longo desta Conferência, delineia-se com
muita clareza o escopo de nossas responsabilidades como categoria profissional,
bem como a de cidadãos conscientes das perspectivas e dos rumos possíveis para
o desenvolvimento de nossa sociedade.
Uma nova cidade está nascendo dentro de nossas cidades. Em alguns momentos,
paradoxalmente às tendências tecnológicas, nos deparamos com uma transição que
nos brinda com animadoras iniciativas de grupos da sociedade civil, iniciativas que
visam o resgate da vitalidade dos espaços públicos e, em última instância, o usufruto
do direito à cidade de forma humanizada.
A partir desta perspectiva, tendo como cenário de fundo um mundo em acelerada
transformação, fortalecidos pelas nossas competências profissionais e apoiados no
recente desenvolvimento da tecnologia, é imprescindível sairmos da nuvem das
promessas e focarmos nossos esforços em ações voltadas para questões
determinadas pela temática desta Conferência.
Tendo estes parâmetros em vista, a temática Todos os Mundos deverá contemplar
as diversas formas de pensar, habitar e vivenciar a cidade. Transformar o Rio de
Janeiro novamente no centro da Arquitetura mundial e, para subsidiar isto, é
imperativo organizar um debate nacional e latino americano, através do CAU/BR e
dos CAU/UF, bem como de todas as entidades nacionais de arquitetos e estudantes
de arquitetura, em seus eventos regionais e nacionais, visando propostas em torno
de quatro eixos de discussão e de seus prováveis subeixos:
1. Fragilidades e Desigualdades
As transformações ocorridas na humanidade com rapidez
surpreendentecausaram nas cidades contemporâneas formas de ocupação
inadequadas que exigem soluções inovadoras o nos obrigam a novas formas
de atuação.
2. Mudanças climáticas, tecnológicas e sociais
Discutir as mudanças de Todos os Mundos, bem como seus reflexos na
Arquitetura e Urbanismo a partir destas dimensões.
3. Transitoriedade e fluxos
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Quais as contribuições da Arquitetura e Urbanismo contra as pressões e
consequências prementes sobre o território, causadas pelos fluxos migratórios
de todas as grandezas?
4. Dimensão Cultural
Estabelecimento de políticas e processos de acolhimento no sentido mais
amplo das diversas identidades culturais, uma vez que já temos atualmente
as bases para uma vida planetária, transnacional e transgeográfica.
Assim, a noção de finitude do planeta nos impõe novos desafios na busca da
preservação e da sustentabilidade das condições ambientais, lembrando que a data
para a realização do 27º Congresso Mundial de Arquitetos, situa-se a dez anos do
prazo da Agenda da ONU para uma sociedade sem pobreza, sem fome e com
cidades sustentáveis, entre outros objetivos.
O amanhã não está pronto
Há muitos amanhãs possíveis
A escolha é hoje
O amanhã é hoje
Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2017
http://www.caubr.gov.br/carta-do-rio-de-janeiro-arquitetos-apoiam-realizacao-da-uia-2020-rio/
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