5 de out. de 2017

LEONARDO GRYNER em - http://memoriaglobo.globo.com/perfis/talentos/leonardo-gryner/trajetoria.htm


LEONARDO GRYNER

   

TRAJETÓRIA

Leonardo Gryner, diretor-geral de operações do comitê Rio 2016 (que cuida da organização da Olimpíada e da Paraolimpíada na cidade), queria mesmo era trabalhar no cinema, e achou que a TV seria um atalho. Procurou o amigo Luiz Carlos Sá, gerente de produção da Globo, e pediu emprego como assistente de cinegrafista. Era o ano de 1974, e a emissora na época começava a modernizar a área de Jornalismo. “Os profissionais de jornalismo vinham de jornal, não conheciam nada sobre televisão. Então, fazia-se jornalismo televisivo como se fazia jornalismo impresso”, conta. Luiz Carlos Sá o convenceu a trabalhar com ele, como produtor. Em janeiro de 1975, Leonardo Gryner foi contratado pela emissora para ajudar a montar seu projeto de produção jornalística. Acabou se especializando em esportes e, de lá pra cá, participou de coberturas de Copas do Mundo, entre 19781986, e de Olimpíadas, desde 1976 a 1992.
Carioca nascido em 27 de abril de 1953, Leonardo Gryner estudou matemática na PUC-Rio e fez mestrado em informática no IME. Em dezembro de 1971, começou a trabalhar na IBM e, em seguida, foi para o Departamento de Informática da PUC, onde fez parte da equipe que projetou o primeiro computador brasileiro, o Cobra. Quando entrou para a Globo, a tecnologia de telecomunicações ainda engatinhava. “Para conseguir uma ligação para Portugal, você tinha que pedir de manhã para completá-la às 17h. Só o Fantástico tinha a regalia de ter um satélite de notícias. Durante a semana, não se recebiam notícias. Se a Sandra Passarinho, como correspondente em Portugal, fizesse uma matéria, ela despachava o material por avião”, lembra. Fazer transmissões ao vivo também era complicado, por causa do tamanho das câmeras.
Como produtor, participou da equipe que criou o telejornal Painel, em 1977. Exibido a partir das 23h55, o programa inovou ao apresentar um bloco só de entrevistas. “Não havia esse formato de entrevista longa, e tínhamos uma dificuldade muito grande de encontrar bons entrevistadores. Houve um dia em que íamos entrevistar o Nelson Rodrigues. Quem teria bagagem cultural para entrevistá-lo? Ficamos pensando, e eu disse: 'Só tem uma pessoa aqui que pode fazer isso: Otto Lara Rezende'. Fomos falar com ele, que ficou meio surpreso, mas aceitou”, lembra. E as entrevistas do jornalista e escritor mineiro marcaram época. O Painel também exibiu ao vivo, em plena ditadura militar, um ato de repressão violenta da polícia de São Paulo contra grevistas. Foi o primeiro telejornal a conseguir furar a vigilância de censura.
Aos poucos, Leonardo Gryner foi se especializando em jornalismo esportivo. Produziu reportagens para o Jornal Nacional, participou das transmissões das corridas de Fórmula 1 e da equipe que fez o planejamento da transmissão da Copa do Mundo da Argentina, em 1978. “Na época, foi um recorde: nós fomos com 63 pessoas para montar a produção da cobertura, com equipes espalhadas em todas as sedes. Passamos uns seis meses trabalhando na preparação dessa cobertura. A partir daí, isso virou uma tendência. Em 1982, foram 186 pessoas para a Copa da Espanha”, ressalta.
Em 1980, transferiu-se definitivamente, como produtor executivo, para divisão de Esporte, então chefiada por Ciro José. “Nós começamos a trazer bons jornalistas, para agregar conteúdo, para mudar a percepção que se tinha de jornalismo esportivo”. Nessa época, também encarou o preconceito e quebrou alguns tabus: ao escalar as repórteres Isabela Scalabrini e a Monika Leitão para cobrir futebol, enfrentou forte resistência dos clubes e até dos próprios colegas de profissão delas. “Mas a introdução das duas começou a trazer um diferencial na maneira de produzir material jornalístico esportivo: não era mais só o gol, a fofoca do cara que se machucou, se vai jogar ou não; estávamos começando a montar histórias do personagem que havia atrás de cada atleta”, lembra.
Foi promovido a diretor de Esporte em 1983, e continuou a inovar: criou um novo cargo e convidou Ivan Borges para cuidar exclusivamente das negociações de direitos de exibição. Também introduziu no jornalismo esportivo o conceito da estatística: “A Olimpíada de Los Angeles, em 1984, foi a nossa grande estreia. Isso envolvia um monte de gente, que fazia estatísticas, por exemplo, de vôlei. Nós conseguíamos dar informações sobre saques errados, certos, passes e cortadas. Nem o sinal internacional que chegava das partidas de vôlei fornecia esse tipo de informação. Começou com o vôlei, depois fomos migrando esse sistema para o futebol e os demais esportes”. Investiu, ainda, na melhoria da captação de som no futebol – o som da bola, do jogador, do apito do juiz –, criou programas especiais como o Minuto da Copa e o Sinal Verde e reformulou o Esporte Espetacular, que saiu do ar em 1983 e reestreou em 1986, dando mais destaque aos esportes radicais.
Em 1991, Leonardo Gryner trocou a divisão de Esportes pela área comercial, para se tornar o primeiro diretor  de Marketing Esportivo da Globo. Deixou a emissora em 1992 e, até 1994, atuou como consultor de Marketing da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). No ano seguinte, iniciou suas atividades no Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Entre 2002 e 2010, ocupou o cargo de diretor de Marketing e Comunicação do COB. Chegou a dirigir o Comitê, até 2012, quando assumiu a diretoria-geral de operações.
Em 1995, realizou seu sonho de trabalhar com cinema: assinou como produtor o filme oficial da Copa do Mundo de 1994, o longa-metragem Todos os Corações do Mundo, de Murilo Salles.

[Depoimento concedido ao Memória Globo por Leonardo Gryner em 01/03/2004.]
Share:

0 comentários:

Postar um comentário