Número de mortos por policiais dobra na gestão Alckmin
Os dados foram divulgados hoje (01) pela Secretaria de Segurança Pública. Em 2017, 939 pessoas foram mortas pela polícia tucana. É o maior número já registrado desde que se começou a contagem anual em 1996.
Por Nocaute em 01 de Fevereiro às 19h43
O Diário Oficial do Estado divulgou hoje (01) os dados da letalidade policial em São Paulo. Só em 2017 a polícia tucana matou 939 pessoas. Dentre elas 876 foram mortas pela Polícia Militar, as outras 63 pela Polícia Civil. No entanto, o número de roubos subiu 29%, o de estupros 6,6% e o de roubos seguidos de morte, 2,7%.
Na gestão Alckmin, entre 2011 e 2017, o número de mortos aumentou 96%. Trata-se do maior número já registrado pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), que começou a contabilizar a letalidade policial anual em 1996.
Em 2011, no início da gestão tucana o número de mortos por policiais somava 480 pessoas. Em 2017 o número dobrou, chegando a 939 mortos pela polícia tucana.

PM de Alckmin desfere soco contra aluno secundarista durante ocupação das escolas. Foto: GGN
Em entrevista ao Nocaute, o padre Julio Lancelotti diz não acreditar na redução desses números. “Creio que continuará aumentando as mortes, com apoio da população”, disse Lancelotti.
Em nota a SSP informou que “Para dar maior qualidade às investigações que envolvem agentes de segurança, foi implementada a Resolução SSP 40/2015, que exige o comparecimento da Corregedoria, do comando local e de uma equipe de perícia específica, além do acionamento do Ministério Público. Todos os casos de mortes decorrentes de oposição à intervenção policial são investigados por meio de inquérito e só são arquivados após minuciosa investigação, seguida da ratificação do Ministério Público e do Judiciário”. O secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, no dia 24 de janeiro, durante a divulgação das estatísticas mensais, afirmou que “sem sombra de dúvidas as polícias de São Paulo são a melhor força de segurança de todo o país”.
Para a professora da UFABC (Universidade Federal do ABC) e colaboradora do NEV-USP (Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo), Camila Nunes Dias, “a relação da letalidade policial deixa muito claro que não tem relação com o número de crimes em si. Como uma suposta reação das polícias à atividade dos criminosos. Especialmente quando a gente pega o crime que mais tem relação com isso, que é o homicídio”. Para o Uol, a especialista afirmou ainda que “a questão da letalidade é uma questão de escolha política. Aqui em São Paulo, a escolha política para o enfrentamento às questões de segurança pública está baseada na atuação da Polícia Militar ostensiva e aposta no confronto”.
A diretora-executiva do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), Samira Bueno, disse ao Uol que o argumento da SSP é de que aumentaram o número de confrontos, mas que proporcionalmente a letalidade se mantém a mesma. “Esses números de letalidade policial são inaceitáveis sob qualquer padrão de uso da força internacional e deveriam, no mínimo, ensejar por parte da SSP e do governo declarações que emitissem a mensagem inequívoca de que não são aceitáveis e que precisam ser reduzidos. Mas pelo contrário, o governo tem reiteradamente se manifestado no sentido de isentar a Polícia Militar e responsabilizar o ‘criminoso'”, argumenta.
“Infelizmente, essa postura prejudica a imagem da polícia enquanto organização, os policiais que estão na ponta (praças extremamente vulneráveis e constantemente deixados à própria sorte), e aumenta o risco desses mesmos policiais vítimas, pois estimula a vingança como política pública. Mas como a ideia de que ‘bandido bom é bandido morto’ tem forte apelo eleitoral, não sei se veremos uma redução desses números tão cedo”, conclui Samira.
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