23 de jun. de 2018

Desde que foi regulamentado, apenas um casamento homoafetivo foi registrado em Xanxerê (SC).


Desde que foi regulamentado, apenas um casamento homoafetivo foi registrado em Xanxerê

25 de novembro de 2016 14:03 | Comunidade , Xanxerê
Desde que foi regulamentado, apenas um casamento homoafetivo foi registrado em XanxerêFoto: Marco Favero

Desde que uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) permitiu, em 2013, o casamento homoafetivo, cartórios de Santa Catarina têm registrado as uniões. Os dois primeiros anos foram tímidos: nas contas da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), 34 casais formados por dois homens e 37 formados por duas mulheres juntaram oficialmente as escovas de dentes no período. Mas em 2015 o aumento foi exponencial: o Estado catarinense reconheceu a união de 349 casais gays, segundo o estudo Estatísticas do Registro Civil 2015, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diferente de Xanxerê, que desde que a resolução foi aprovada somente uma união homoafetiva foi realizada.
Em contato com o Cartório de registro civil de Xanxerê, se teve a informação de que apenas um casamento foi realizado no município, entre dois homens, logo após a resolução em 2013, mas que após este episódio, nenhum outro foi feito.
Em Santa Catarina
São 210 uniões legais entre homens e 139 entre mulheres, o que faz com que Santa Catarina fique entre os cinco Estados no ranking brasileiro com mais registros de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, à frente, inclusive, de Paraná e Rio Grande do Sul. O casal Thiago Ibagy e Paulo Zunino, ambos com 29 anos, incorporou a estatística em maio deste ano em uma cerimônia religiosa com efeito civil para 103 pessoas. A festa realizada em um hotel em Jurerê Internacional coroou o primeiro encontro que os dois tiveram cinco anos antes em uma festa em Balneário Camboriú.
“Procuramos o casamento porque queremos ter os mesmos direitos que os casais heterossexuais. É questão de exercício da cidadania. E também porque queremos adotar uma criança, aí é mais fácil”, explica Thiago, enquanto o cônjuge complementa:
“Sempre quis casar e ter festa. É o compartilhamento de um sonho”, pontua Paulo.
Reflexo da popularização da resolução e da acessibilidade aos cartórios, o crescimento dos registros no Estado demonstra aumento da garantia do princípio da dignidade, conforme a vice-presidente da Anoreg em SC, Liane Alves Rodrigues.
“Um casal precisa de reconhecimento perante a sociedade e de publicidade da relação, que são garantidos no casamento. Eles também querem o acontecimento social da cerimônia, que difere da união estável. Casamento é a forma com que o Estado melhor protege a família. A tendência é que esses números aumentem”, diz.
Divergências emperram andamento do processo
Por mais que apresentem crescimento, o número de uniões legais entre pessoas do mesmo sexo ainda é ínfimo se comparado àquele entre pessoas de sexos opostos: 349 contra 32.820 em 2015, conforme o IBGE.
A Corregedoria-Geral da Justiça em Santa Catarina reforçou a recomendação do CNJ ao editar uma norma que também permite a oficialização do casamento de pessoas do mesmo sexo no Estado. Nos primeiros 15 dias da formulação do documento, em abril de 2013, o Estado registrou a realização de oito casamentos homoafetivos. Nenhum deles passou pelo crivo do promotor Henrique Limongi, que barrou todos os pedidos que chegaram à sua mesa.
Por meio da assessoria de comunicação do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), o fomentador da 13a Promotoria de Justiça da Comarca da Capital, que não quis conversar com a reportagem, explicou que barra os documentos por questões jurídicas. Limongi diz ser seguidor da linha conhecida por legalista, que se restringe à legislação: como não há uma lei que regulamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ele recomenda que o juiz negue a união.
A negativa nunca acontece, segundo a presidente da Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), Margareth Hernandes, que lembra, inclusive, que o promotor catarinense já foi advertido pelo Conselho Nacional do MP — a informação foi negada pelo promotor a partir da assessoria de comunicação na manhã desta sexta-feira. A advogada lembra que, apesar do caráter opinativo e não decisivo do parecer, esse tipo de postura atrasa o desenvolvimento.
“Não temos legislação nenhuma a respeito do direito homoafetivo porque temos um Congresso conservador, mas temos decisões judiciais. Em 2011, a união estável entre pessoas do mesmo sexo nasceu de uma interpretação do Supremo Tribunal Federal do artigo 226 parágrafo terceiro. Ali trata de casamento entre homem e mulher, mas não veda o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A sociedade está mudando. As leis têm que acompanhar as mudanças”, diz Margareth.
A UNIÃO HOMOAFETIVA
O que diz a lei?
A resolução nº 175 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) proporciona aos casais os mesmos direitos do casamento convencional, como inclusão em plano de saúde, pensão alimentícia e divisão dos bens adquiridos. Antes da equiparação, os casais precisavam ingressar na Justiça para que suas uniões fossem reconhecidas. No entanto, a Constituição Federal ainda não dispõe de lei específica, e trata como família aquela composta por um homem e uma mulher.
Como realizar o casamento homoafetivo?
Para dar entrada ao processo de casamento, é necessário apresentar a certidão de nascimento atualizada (ou de casamento constando divórcio ou viuvez), o documento de identidade, e comprovante de residência dos interessados, além de duas testemunhas. Os noivos podem escolher o regime de bens e incluir o sobrenome um do outro nos documentos.
Qual é a diferença entre casamento e união estável?
Basicamente o aspecto social da cerimônia. Os direitos são praticamente os mesmos: facilidade de adoções de crianças, reflexos patrimoniais e sucessórios, inclusões em planos de saúde e previdência.
Outras curiosidades sobre as Estatísticas do Registro Civil 2015
O levantamento traz informações a respeito de nascimentos, mortes e casamentos, por exemplo, como resultado da coleta das informações prestadas pelos cartórios de registro civil de pessoas naturais, varas de família, foros ou varas cíveis e os tabelionatos de notas do país. Veja os principais dados relacionados a Santa Catarina:
– Óbitos de jovens entre 15 e 24 anos por causas violentas (acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios, quedas acidentais) tiveram redução. Entre os homens, a queda foi de 10% e, entre as mulheres, 20%, ambos na faixa de 15 a 24 anos;
— A mortalidade infantil continua caindo: os óbitos de crianças com até 1 ano de idade passaram de 3,24% do total de óbitos registrados em 2005 para 2,38% em 2015. Na faixa até 5 anos, essa participação caiu de 3,93% para 2,74%.
— Houve crescimento de 3,85% nos registros de nascimentos entre 2014 e 2015;
— O percentual de registros tardios (feitos até três anos após o nascimento) caiu de 6,15% (2003) para 0,86% (2012);
— O número de mães com idade entre 30 e 39 anos aumentou de 29,01% em 2010 para 33,8% em 2015;
— O crescimento percentual de casamentos entre pessoas do mesmo sexo foi praticamente o mesmo do que entre homens e mulheres em 2015. Foram 349 casamentos entre pessoas de sexos opostos e 32.820 entre pessoas do mesmo sexo;
— Em 2015, houve queda no registro de divórcios concedidos em primeira instância ou por escrituras extrajudiciais, passando de 12.545, em 2014, para 11.634 divórcios, uma queda de 7,26%;
— A guarda compartilhada cresceu de 9,33%, em 2014, para 14,95% em 2015.
Com informações do Diário Catarinense
http://lancenoticias.com.br/noticia/desde-que-foi-regulamentado-apenas-um-casamento-homoafetivo-foi-registrado-em-xanxere/


Por: Patricia Silva
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