Exclusivo: maior esquema da lavagem de Cabral abriu empresa no Panamá já sob investigação da Lava Jato
POR LÚCIO DE CASTRO · PUBLICADO

Omaior esquema de lavagem de dinheiro utilizado por Sérgio Cabral abriu empresa offshore mesmo depois do início da Lava Jato e de saber que já era investigado. Oito meses depois de Eduardo Plass, número um do Banco Tag, ser alvo de condução coercitiva, suas sócias Maria Ripper Kos e Priscila Moreira Iglesias, presas no último dia 3 de agosto junto com o banqueiro, abriram, com José Mário Caldas Osório, a Rioness Holding no Panamá, sede também do Tag. Todos ligados a Plass na financeira Opus.
Documento obtido pela reportagem revela um dado significativo na composição do total dos investimentos e depósitos do Banco Tag no Panamá e que pode indicar caminhos para novas investigações: 87,6% foram feitos por brasileiros.
No último dia 3 de agosto, o banqueiro Eduardo Plass foi preso no Rio de Janeiro ao lado das sócias, Maria Ripper Kos e Priscila Moreira Iglesias na “Operação Hashtag”, desdobramento da Lava Jato.
Os três integraram o maior esquema de lavagem de dinheiro do ex-governador Sérgio Cabral. Cerca de R$ 90 milhões foram lavados através de empresas offshores de Eduardo Plass e de outros em paraísos fiscais que recebiam dinheiro da joalheria H.Stern e depois faziam chegar até o Tag Bank do Panamá, também de Plass. Em 26 de janeiro de 2017, Eduardo Plass foi alvo de condução coercitiva em fase da Lava Jato mas estava fora do país e foi ouvido posteriormente.
E oito meses depois, como mostram os registros descobertos pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo, mais exatamente em 16 de agosto de 2017, Maria Ripper Kos e Priscila Moreira abriram a Rioness Holding, junto com José Mário Caldas Osório, no mesmo Panamá onde Plass tem o Tag Bank, ponta do esquema de lavagem. (ver registros obtidos pela Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo:)
A data de abertura da Rioness Holding na junta comercial do Panamá é de 1º de novembro de 2016, sem a presença dos brasileiros, que irão passar a constar em 16 de agosto de 2017. É comum a compra de empresas já registradas na junta panamenha e criadas exatamente para fim de venda do registro. Ter uma empresa no exterior não é proibido na lei brasileira, desde que devidamente comunicada para a Receita Federal.
A abertura da Rioness por sócios da corretora Opus oito meses depois do mandado de condução coercitiva contra Plass chama atenção por já ser de amplo conhecimento público a investigação sobre o esquema.
O esquema de Plass, que funcionou especificamente com Cabral entre os anos de 2009 e 2015, era sofisticado. O empresário fazia operações de dólar-cabo para lavar capitais. A operação de dólar-cabo significa pagamento efetuado, no Brasil, em reais para disponibilizar, no exterior, o equivalente em dólar. (Ver esquema abaixo- fonte/MPF:)
O banco de Eduardo Plass foi aberto no Panamá em 1º de fevereiro de 2006, quando a operação de lavagem de capitais entre Sérgio Cabral e a joalheria HStern já funcionava. Em 2009 começou a operar na segunda fase da lavagem do dinheiro Cabral/HStern, recebendo em reais no Brasil e após complexa cadeia de transações internacionais envolvendo offshores de fachada faziam chegar o montante até a conta da joalheria no Banco Tag. As investigações do MPF-RJ apontam crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas cometidos pelos investigados comandados por Plass.
A condução coercitiva de Eduardo Plass e o avanço das investigações sobre o esquema de Cabral/HStern/Plass não intimidou os sócios do banqueiro na Opus, não impedindo-os de abrir mais uma empresa offshore no Panamá oito meses depois do indiciamento do sócio.
No último dia 8, cinco dias depois da prisão, Plass pagou 90 milhões de fiança e foi solto.
De acordo com relatório de auditoria dos resultados desde 30 de junho de 2017 até 5 de abril de 2018 da agência classificadora de riscos Pacific Credit Rating (PCR), com atuação em toda América Latina, o Banco Tag panamenho, protagonista do esquema de Sérgio Cabral, é também o caminho do dinheiro de muitos outros brasileiros. A carteira de investimentos e depósitos do banco de Eduardo Plass no Panamá é formada por 87,6% de brasileiros. (ver gráfico do relatório da PCR:)
A concentração de clientes brasileiros na quase totalidade da carteira de investimentos do banco é visto como uma fragilidade pelo relatório da classificadora de riscos.
O Banco Tag é uma subsidiária 100% do The Adviser Holdings Ltd, constituída em 21 de octubro de 2003, nas Bahamas. A sociedade EP Investmente Corp é a proprietária majoritária da The Adviser Holdongs.
http://agenciasportlight.com.br/index.php/2018/08/21/exclusivo-maior-esquema-da-lavagem-de-cabral-abriu-empresa-no-panama-ja-sob-investigacao-da-lava-jato/
Outro lado:
A reportagem tentou falar com os citados por diversas vezes através da Opus, sem sucesso.
Tentou também diretamente por e-mail com Maria Ripper Kos, sem resposta.
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