15 de set. de 2018

Com o dinheiro de quadros pintados em aula, alunos comprarão ventiladores para escola estadual. - Editor - O POVO GAÚCHO VAI PINTAR UM NOVO QUADRO POLÍTICO NAS URNAS. RECHAÇAR TOTALMENTE O MDB ,PSDB, DEM, PP, PSD, PR, PRB, PSC, PV, PTC, PRP, PHA, AVANTE, PODEMOS, PPS, PRTB, SOLIDARIEDADE, PARTIDOS ALIADOS AO GOLPE, DESEMPREGO, FOME, MISÉRIA E LADRÕES DE 104 MILHÕES DE VOTOS E DA DEMOCRACIA. OS 06 VOTOS, SE DIRECIONARÃO AO PSOL 50, PT 13 PSTU 43 PCO 29, ,PPL 54, PCB 21, PCdoB 65 DE PONTA A PONTA. PRESIDENTE 13 . A RENOVAÇÃO DO SENADO -02 VOTOS- E DA CAMARA, COM MAIORIA POPULAR, PROPICIARÁ A REVOGAÇÃO DE TODO LIXO E ENTULHO DA ATUAL LEGISLAÇÃO, O QUE TAMBÉM É NECESSÁRIO NA ASSEMBÉIA ESTADUAL.. PODE-SE VOTAR NA LEGENDA PARA OS LEGISLATIVOS.






Com o dinheiro de quadros pintados em aula, alunos comprarão ventiladores para escola estadual







Projeto Artinclusão ajudou Escola Fundamental Branca Diva a comprar ventiladores. Na imagem, Aloizio com alunos de turma dos anos iniciais | Foto: Divulgação/Aloizio Pedersen

Giovana Fleck
Luís Eduardo Gomes
A realidade na Escola de Ensino Fundamental Branca Diva, localizada no bairro São Geraldo, não é diferente de muitas outras do ensino público. Condições precárias, risco de alagamentos em dias de chuva e falta de equipamentos para enfrentar o forte calor de Porto Alegre no verão. Esta última, aliás, é a principal reclamação dos alunos. No auge do verão, não há abertura de janelas que ajude a refrescar as salas e nem adianta levar as crianças para o pátio porque ele é todo de cimento, esquentando rápido sob o sol intenso. Mas, graças à arte e ao empenho dos alunos, o próximo verão será diferente. A partir do trabalho do professor aposentado Aloizio Pedersen, que desenvolve o Projeto Artinclusão, as crianças do 1º ao 9º ano conseguiram angariar fundos para a compra de um ventilador para cada sala com a venda de telas produzidas pelas turmas.
Aloizio foi convidado a levar à escola o Projeto Artinclusão por uma professora do Branca Diva que o conhecia. Também professor da rede estadual, ele ministrou Artes e Teatro por mais de 40 anos, até se aposentar, em março deste ano. O Artinclusão, inclusive, é fruto de um trabalho que desenvolveu na escola Padre Reus, na zona sul da Capital.
Aloizio conta que um dos chamados da escola era para que o trabalho desenvolvido ajudasse a amenizar comportamentos violento de alguns alunos. Na Padre Reus, o projeto começou em 2006, logo após alunos explodirem um banheiro da escola. Em 2007, eles já participavam de exposição na Bienal do Mercosul. O educador também levou o Artinclusão para a Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), tendo sido agraciado com prêmios nacionais pelas iniciativas. Atualmente, uma das oficinas semanais do Artinclusão ocorre no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), visando a ressocialização e reinserção social dos ali apenados.





O trabalho do projeto é todo baseado na Pedagogia das Cores | Foto: Divulgação/Aloizio Pedersen

Agora aposentado, o professor conta que não recebeu nenhum valor adicional do Estado pelo trabalho desenvolvido na Branca Diva. Pelo contrário, tirou os recursos para a compra dos primeiros materiais — telas e tintas acrílicas — do próprio bolso. “São crianças da Vila dos Papeleiros. Não tive como não ajudar”, conta.
Nadir Aparecida Dias Ferrari, vice-diretora da escola, diz que o projeto foi muito bem recebido na Branca Diva. Ela demonstra um fascínio especial pela pedagogia de ensino de Artes adotada por Aloízio, que foca no trabalho com cores. “Ele pede para o aluno escolher uma cor. Pega o roxo, daí vai dizendo o que representa o roxo. Teve o caso de uma menina que pegou o cinza, aí ele disse: ‘ainda bem que tu não pegou um cinza mais escuro, porque aí seria suicídio’. E a gente sabe que essa menina andou se cortando”, relata Nadir. Conta ainda que, ao fim dos exercícios, muitas crianças se espantavam com o quanto se podia conhecer delas mesmas a partir da escolha que faziam das cores, chegando até a brincar que o professor seria um “bruxo” disfarçado.
Para a produção dos quadros que seriam vendidos, Aloizio pediu que cada turma se reunisse para pintar uma única tela, o que exigia um trabalho de coordenação e produção de consenso para decidir quais cores seriam utilizadas, incentivando assim a comunicação entre os jovens e a aceitação de pontos de vista diferentes. “Foi a primeira vez, para alguns, que tiveram total liberdade em um projeto. Perceberam que podiam tudo na arte”, diz. “Tudo que não se consegue dizer com palavras pode ser expressado pela arte”.
Nadir conta que, no início, chegou a ficar reticente com o trabalho. “Eu pensava: ‘isso qualquer um faz, jogar uma tinta aqui e ali'”, relembra. Mas conta que ficou “encantada” com o trabalho final e em como os alunos conseguiram se organizar para trabalhar em grupo sem conflitos. Ao todo, foram produzidas nove telas de 1m e 20cm x 70cm, uma por turma do 1º ao 9º — a escola está sem o quinto ano em 2018 — e mais uma produzida em conjunto pelas turmas.
Aloizio explica que a Pedagogia das Cores tem por objetivo trabalhar na construção da imagem e no sentido da cor. Aos poucos, ele também foi inserindo elementos de história da arte, ensinando aos alunos a estética de Jackson Pollock (1912-1956) e Wassily Kandinsky (1866-1944). “Eles aliaram a técnica do dripping com a cor-emoção”, explica.
O trabalho era desenvolvido quatro vezes por semana. Ao final, conta, partiu dos próprios alunos vender as telas para reverter a arrecadação em benefícios para a escola. Como Aloizio já tinha experiência em vender telas pintadas em outras oficinas do Artinclusão, todas já foram comercializadas antes mesmo de serem expostas. Cada uma delas ao preço de R$ 150, totalizando R$ 1.350. O recurso, por escolha das crianças, será usado para a compra de ventiladores.
As obras serão exibidas na exposição “Arte para comprar ventilador”, que será realizada na própria escola entre os dias 19 e 28 de setembro. No dia da abertura, haverá uma festividade com apresentações artísticas dos alunos-expositores.





Telas já foram vendidas antes mesmo de serem expostas | Foto: Divulgação/Aloizio Pedersen

Escola em condições precárias

Nadir diz que a situação precária da escola se arrasta há vários anos. Ela conta que, quando foi transferida para a Branca Diva, em 2016, encontrou-a em aspecto de abandono. “É uma escola com capacidade para 1,7 mil alunos, mas não temos nem 200, e o governo não direciona recursos para escolas que têm poucos alunos”, diz. “Quando eu cheguei, levei um susto. Contei 11 vidraças quebradas, tinha buracos abertos no chão, crateras ao lado das cadeiras, era um matagal. Fiquei muito assustada”, afirma.
Ela diz que, a partir da mobilização de pais e da comunidade escolar, a escola foi passando por reparos, mas ainda há questões precárias. Quando chove, a escola alaga na parte interna. Além disso, havia a própria situação da falta de ventiladores. “A fiação é muito antiga. Veio um pessoal da Secretaria Estadual de Obras em 2016, mas não fizeram nada. A gente tem contado com a boa vontade dos pais e de pessoas com o coração generoso, igual o Aloizio”, diz.
Aloizio vê a arte como um instrumento de pacificação e inclusão desenvolvido em escolas públicas, mas lamenta que não haja apoio para isso. “Se eu tivesse apoio, poderia estar com o projeto em todas as escolas de periferia de Porto Alegre”, diz, acrescentando que vê o despertar de um “potencial incrível” nos jovens a partir do contato com a arte.
Mas, pelo menos na Branca Diva, a arte já ajudou a melhorar a realidade. Como os nove quadros a serem expostos no dia 19 já estão vendidos, a previsão de Nadir é que os ventiladores sejam instalados até o final do mês, a tempo de estarem funcionando para aliviar o “calorão” do qual as crianças tanto reclamam no verão porto-alegrense.





Escola Branca Diva tem capacidade para mais de 1,7 mil alunos, mas não atende nem 200, segundo direção | Foto: Arquivo Pessoal
https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/geral/2018/09/com-o-dinheiro-de-quadros-pintados-em-aula-alunos-comprarao-ventiladores-para-escola-estadual/
Share:

Related Posts:

0 comentários:

Postar um comentário