2 de set. de 2018

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CORTA!

Mudanças nos Fundo Setorial de Audiovisual privilegia grandes empresas, futuro do cinema independente é incerto


Por Petra Fantini
Publicado em 31/08/2018


Antonio Cruz/Agência Brasil

Quase seis meses após o lançamento, as mudanças no edital do Fundo Setorial de Audiovisual (FSA) da Agência Nacional do Cinema (Ancine) ainda não convenceram entidades do cinema mineiro. Em roda de conversa realizada no estande da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte durante Minas Gerais Audiovisual Expo (MAX) nesta quinta-feira (30/08), quatro representantes da indústria destrincharam suas críticas ao novo sistema de financiamento, que privilegia grandes empresas da indústria localizadas no eixo Rio-São Paulo.
A produtora Júlia Nogueira conduziu o debate com o também produtor Guilherme Fiuza, coautor do livro Guia de Elaboração de Projetos Audiovisuais – Leis de Incentivo e Fundos de Financiamento ao lado de Júlia; Matheus Antunes, da Associação de Trabalhadores do Cinema Independente de Minas Gerais e Carlos Ribas, representante da Brasil Audiovisual Independente (Bravi) no estado.
Como o edital de fluxo contínuo — composto por R$ 150 milhões e voltado à produção de filmes de ficção, animação e documentários — havia adiantado em março deste ano e o próprio diretor-presidente da Ancine Christian de Castro confirmou em palestra realizada ontem (29/08) no MAX, o novo formato do FSA utilizará uma pontuação, chamada Nota de Desempenho Comercial, como critério para distribuir os recursos. A nota avalia o impacto comercial de produtoras, distribuidoras e do diretor do projeto, sendo divulgada na íntegra (https://bit.ly/2N3cyXP).
Ao apresentar um projeto ao edital, 50% do peso da pontuação de uma distribuidora estará relacionado ao desempenho de público de seus filmes anteriores e 10% ao desempenho comercial e artístico do diretor vinculado. Desta forma, é dada vantagem a empresas de sucesso de bilheteria — como a Paris Filmes e a Downtown — em detrimento àquelas que estão apenas começando, projetos focados em festivais ou que simplesmente possuem um viés mais artístico. Além disso, a pontuação não considera curtas-metragens nem carreiras internacionais de diretores — como o trabalho de Fernando Meirelles em O Jardineiro Fiel (2005).
Cineastas e representantes de produtoras independentes vêm criticando as alterações, que muitas vezes parecem aleatórias. Adirley Queirós, diretor do filme Branco Sai, Preto Fica (2014), vencedor de 11 prêmios no 47º Festival de Brasília, foi classificado com nota 7. Já André Pellenz, do blockbuster Minha Mãe É uma Peça (2013), recebeu 10. Além disso, o grupo avalia que a divulgação de notas baixas pode prejudicar a carreira dos profissionais.
Em carta aberta publicada no site da Ancine em 20 de agosto (https://bit.ly/2MnOz6u), Christian afirma que diretores e empresas sempre foram “julgados, pontuados e comparados entre si”, porém as avaliações eram baseados em “idiossincrasias e preferências pessoais de pareceristas e membros de comissões”. Na fala de quarta-feira, o diretor-presidente deixou clara a intenção da Agência de aumentar a competitividade das obras nacionais no cenário internacional através da automação dos critérios de pontuação e investimento, capacitação técnica e gerencial, investimento em infraestrutura tecnológica e fortalecimento de coproduções internacionais.
A automatização, defendeu Christian, diminui o tempo de captação, aumenta a previsibilidade e autonomia e atrai investidores privados. Dentro do objetivo de mercantilização do audiovisual brasileiro, a Agência abriu uma nova linha de investimento no Fundo Setorial focada na capacitação técnica, artística e, principalmente, na gestão e empreendedorismo. Na tarde desta quinta-feira, os cineastas mineiros se mostraram descontentes com a fala de Christian. “É um momento de verdadeira união da classe como um todo, de entender que esses mecanismos não podem sofrer retrocessos. É um ponto que a gente alcançou que eu acredito ser sem precedentes”, declarou Carlos Ribas.
“Como se pontua desempenho artístico e comercial de uma série de televisão? Vai ser contratada uma pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística)?”, indagou Guilherme Fiuza, demonstrando preocupação também com projetos comercializados e licenciados por emissoras regionais de caráter cultural, como a Rede Minas, em comparação com o alcance nacional da TV Cultura.
Apesar da promessa de agilidade, os participantes da roda de conversa na estande da Prefeitura ressaltaram que as linhas de financiamento estão suspensas há um ano e meio. “Estamos com o audiovisual praticamente parado, sem receber recursos”, afirma Guilherme. Júlia destaca a importância do edital de Coinvestimentos Regionais, que “tem um peso muito grande para quem está fora do eixo Rio-São Paulo” e contará com a participação da Prefeitura de Belo Horizonte.
Matheus considera que a falta de perspectiva de liberação de recursos, aliado ao cenário político nacional de instabilidade, são as maiores preocupações dos trabalhadores da indústria audiovisual do estado. Há filmes dos primeiros editais de 2014 do programa Brasil de Todas as Telas que ainda não foram finalizados e agora esses cineastas terão que lidar com outra realidade, aponta. “Não há perspectivas de como complementar os recursos, o que fazer com esses filmes, para onde eles vão”, lamenta Matheus.
O Ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão afirmou em fevereiro deste ano, lembra Guilherme, que a expectativa era de liberação de R$ 1,2 bilhão para projetos de audiovisual em 2018 (https://bit.ly/2LB26Cl). Quase em setembro, o valor não chega a R$ 200 milhões contratados. “Ou seja, a economia deixou de receber um bilhão de reais, que poderia estar aquecendo o mercado, gerando emprego e riqueza”, diz. Nunca houve tanto dinheiro disponível para o audiovisual desde que o FSA foi instituído, enfatiza Júlia, porém o recurso está inacessível.
“Desde que houve o impeachment não há uma consulta pública feita pela Ancine”, alerta Guilherme, ressaltando que a existência do FSA teve uma participação massiva da sociedade civil: “Tudo o que está acontecendo agora é em contradição com o próprio surgimento do Fundo Setorial”. Na fala que fez no MAX, Christian defendeu que “todas as alterações feitas no FSA foram amplamente discutidas pelo Comitê Gestor em reuniões preparatórias e deliberativas”. No comitê há três profissionais de dentro do mercado, além de três suplentes.
http://www.obeltrano.com.br/portfolio/corta/
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