Jurista e filha de Oxum, Ingrid Limeira lança o livro "Da escravidão do Corpo à Escravidão da Alma: : Racismo e intolerância religiosa"
Vivemos um tempo que, ainda que marcado pelo aumento da cultura de ódio e de atentados contra os direitos sociais, é também marcado pela insistência e resistência dos povos de terreiro, em diferentes áreas de atuação, de expressão e posicionamentos. É o tempo em que as produções de denúncias, estudos e reconstrução da história são cada vez mais recorrentes. Para nossa felicidade e para a nossa possibilidade de reconstruir os diálogos sociais, descortinando as verdades absolutas, questionando as estruturas e re-apresentando outros olhares para a história do povo afro-brasileiro, no Brasil.
É também desse lugar que parte "Da escravidão do corpo à escravidão da alma: Racismo e intolerância religiosa", de Ingrid Limeira.
Tema de seu tcc, o texto foi selecionado para publicação no edital de chamamento de trabalhos originais acadêmicos da Editora Letramento, e já está em pré-venda desde o último dia 03 de setembro de 2018, no site da editora. Ainda sobre o processo, Ingrid lembra: "a faculdade não queria aceitar o projeto alegando que não era um tema jurídico, tive que enviar e-mail para o MEC, comissão de educação da OAB, conseguir um orientador de fora da instituição e até mesmo encaminha um oficio da Defensoria Publica para a reitoria da faculdade".
O livro realiza uma análise sobre a escravidão, o racismo e a intolerância religiosa no Brasil. Demonstra toda a violência institucionalizada em um país que, apesar de conter a laicidade religiosa em sua Constituição, não pratica o respeito aos povos em diáspora africana. Para a escritora, a escravidão deixou marcas que ainda são sentidas por seus descendentes, a inércia e omissão dos poderes, legislativos e judiciários, na proteção da população negra do país, inclusive sua religião. No livro, a jurista filha de Oxum, evidencia que intolerância religiosa é, na verdade, racismo, um racismo religioso, compreendido pelo ódio a tudo que é relacionado a cultura negra.
Consciente da importância da publicação, a autora que está preparando um evento de lançamento físico do livro, reflete: "A sensação hoje é de grande vitória, olha pra trás e senti que cada lágrima derramada valeu a pena, sensação de reconhecimento. O Direito é um lugar racista, elitista, branco e cristão. Não se dialoga sobre minorias, principalmente racismo. Agora eles terão que nos ler, dialogar sobre as nossas dores, reconhecer os erros e a omissão para com o nosso povo." e conclui: "Faria tudo outra vez!"
Para mais informações e reservas do exemplar, clique em Da escravidão do corpo à escravidão da alma: Racismo e intolerância religiosa
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Ingrid Limeira. Acervo pessoal |
Pós-graduanda em Direito das Diversidades sexual, racial e religiosa, formada em Direito e Fundadora do Instituto de Direitos Humanos – Objetivando Direito. Desenvolve o Projeto “O Direito e as Diversidades” à frente do Centro de de Formação Jurídica Popular V de Outubro, é ativista dos Direitos Humanos e filha
http://olhardeumcipo.blogspot.com/ - matéria original publicada em 04 de setembro de 2018.
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