Ministério Público vai investigar “laranjal” de auxiliar de Bolsonaro em Minas
Por Hora do Povo Publicado em 13 de fevereiro de 2019

Marcelo Álvaro Antônio na posse de Jair Bolsonaro em Brasília
Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o PSL de Minas Gerais, pediu ao partido o repasse de R$ 279 mil do fundo eleitoral para candidatas que somaram apenas 2 mil votos
A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu investigar o caso das quatro candidatas a deputada federal e estadual laranjas do PSL de Minas Gerais vinculadas ao atual Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Apesar de todas elas aparecerem entre as vinte campanhas mais caras do partido, o desempenho eleitoral das candidatas foi pífio: somaram somente 2.097 votos.
O chefe do Ministério Público eleitoral do estado, Angelo Giardini de Oliveira, encaminhou o caso para apuração da Promotoria Eleitoral afirmando que “os fatos narrados podem configurar crimes de apropriação indébita eleitoral e falsidade ideológica eleitoral. Segundo o procurador, o órgão colheu o depoimento prestado pela candidata Cleuzenir Barbosa acerca de ameaças sofridas por ela para que restituísse ao partido parte da verba recebida do Fundo Partidário”, escreveu Angelo Giardini.
Ele requereu ainda à Justiça, dois dias depois, o congelamento por oito meses do trâmite da prestação de contas de campanha das candidatas, a fim de que as apurações criminais sejam levadas em conta nessa análise. “É certo que as diligências realizadas pelo promotor eleitoral podem impactar significativamente o reconhecimento da regularidade da destinação dos recursos pelas candidatas”, escreveu.
O procurador refere-se ainda a dois outros fatos para embasar as investigações. Denúncia formulada por uma associação de Coronel Fabriciano (MG) contra as candidatas e o ministro e registro de boletim de ocorrência e depoimento prestado ao Ministério Público de outra candidata, de Governador Valadares (MG), em que ela afirma ter sido coagida por dois assessores de Álvaro Antônio a desviar para uma gráfica ligada ao parlamentar a maior parte do dinheiro que ela havia recebido dos cofres públicos.
Marcelo Álvaro Antônio, que presidiu o PSL de Minas Gerais, pediu ao partido o repasse de R$ 279 mil do fundo eleitoral para candidatas que somaram apenas 2 mil votos, mas repassaram, ao menos R$ 85 mil para empresas ligadas aos assessores do atual ministro.
O valor foi solicitado por Marcelo Álvaro Antônio ao partido nacional e se refere aos 30% que os partidos devem destinar às candidaturas femininas. Nesta época o partido era dirigido por Gustavo Bebiano, coordenador de Bolsonaro e atual Ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
O desvio de recursos públicos destinados ao PSL se deu por meio das contratações e serviços realizados por Lílian Bernardino em sua campanha. A mesma prática teria sido adotada por outras três candidatas: Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila Fernandes, todas de Minas Gerais.
Uma das ex-candidatas, Débora Gomes, recebeu R$ 72 mil para realizar sua campanha eleitoral e obteve apenas 885 votos. Do valor recebido, gastou R$ 30 mil em empresas cujo dono é Reginaldo Soares e R$ 7,6 mil em outra de Mateus Von Rondon. Além disso, gastou R$ 10 mil em uma empresa cuja dona é sócia de Reginaldo na anterior.
Outra que recebeu R$ 72 mil foi Mila Fernandes, e esta recebeu 324 votos. Em seus gastos declarados à Justiça Eleitoral, constam R$ 4,9 mil para Mateus. A ex-candidata Lilian Bernardino é bastante próxima de Haissander Souza de Paula, que foi assessor no gabinete de Marcelo de 2017 até o início deste ano.
Lilian recebeu R$ 65 mil da direção nacional do PSL, mas obteve apenas 196 votos. Deste total, R$ 14,9 foram para duas empresas de Reginaldo Soares, outros R$ 10 mil para a empresa de sua sócia e R$ 11 mil para a empresa de Mateus Von Rondon. Por fim, a ex-candidata Naftali Tamar recebeu R$ 70 mil do partido, recebeu 669 votos e pagou R$ 9 mil para uma empresa de Mateus.
https://horadopovo.org.br/candidata-laranja-de-bolsonaro-recebeu-400-mil-para-campanha-que-nao-fez/O ministro de Bolsonaro, que agora será investigado, foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2014 pelo PR. Manteve-se no partido até janeiro de 2018, quando o trocou pelo PSL de Jair Bolsonaro. A assessoria do ministro afirmou que Álvaro Antônio desconhece a investigação. “Caso ela seja aberta, será uma ótima oportunidade de esclarecer os fatos e provar que o ministro sempre agiu estritamente dentro da lei.”
https://horadopovo.org.br/ministerio-publico-vai-investigar-laranjal-de-auxiliar-de-bolsonaro-em-minas/
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