O curta 'Gaza', prêmio Goya de 2019
O curta-metragem 'Gaza - um olhar sobre a barbárie' , premiado na Espanha este ano, é alvo das tentativas de censura por parte do governo de Israel
10/02/2019 13:29

Créditos da foto: (Reprodução/Youtube)
Gaza, o curta-metragem de Carles Bover, de Palma de Maiorca, e de Julio Perez del Campo, espanhol de Talavera, conquistou o Premio Goya de melhor documentário de curta-metragem na mesma categoria em que foi indicado também Kyoko, de Marcos Cabotá e Joan Bover.
A obra premiada retrata a vulnerabilidade de direitos humanos que sofre, diariamente, a população palestina na Faixa de Gaza. A conquista do Goya foi uma maneira de ‘’reivindicar e dar voz a histórias que tentam silenciar’’, disse Carles Bover ao jornal Diário de Mallorca.
Mas, dias antes de receber o premio, Gaza foi censurado pelo Arcebispado de Madri que proibiu a sua exibição no centro pastoral San Carlos Borromeo.
Carles Bover explicou que essa não é a primeira vez que a projeção do seu filme é cancelada e revelou que alguns cinemas que tinham a previsão de exibir o filme receberam ligações telefônicas da Embaixada de Israel pedindo que não projetassem o documentário.

Em uma entrevistada concedida ao Diário de Mallorca após receber o premio, Bover declarou que ‘’dar o Goya a Gaza é uma atitude que chama das pessoas para abrirem seus olhos.’’
Já Julio Pérez del Campo considera óbvio que "Israel está por detrás da censura’’ da qual seu filme foi vítima em diversos festivais e em cinemas. Por isto, ele agradeceu ‘’a coragem’’ das pessoas responsáveis pelas salas de projeção por terem permitido, finalmente, que o público pudesse ver o filme.
"Até a Academia foi alvo de pressões", observou Pérez del Campo, que também garante ter sido objeto de "todo tipo de ameaças" desde que o seu curta-metragem recebeu o Goya. Israel, diz ele, quer censurar o documentário "através das suas organizações.
A realização de Gaza – um olhar sobre a barbárie foi concluída, segundo o seu autor, "depois da incursão do exército de Israel que causou milhares de mortes na Faixa de Gaza. Percebemos então que a mídia começava a olhar para outro lado; para a Síria e Iraque, e deixava desamparada a população de Gaza.’’

Pérez del Campo explica que "a entrada da equipe em Gaza foi muito complicada porque imediatamente antes havia estourado o golpe de estado no Egito e então se fechara a única fronteira de Gaza com o exterior.’’
"Tivemos que entrar quando não se podia entrar lá porque a censura israelense impede que se possa documentar a situação na região."
Mas Pérez del Campo é professor de Biología e obteve das autoridades locais a "permissão para fazer um estudo sobre a agricultura em Gaza. "Deste modo,’’ ele diz, ‘’conseguimos o acesso mesmo com todas as dificuldades que nos esperavam."
O premiado diretor denuncia "a total legitimação do estado de Israel e com ele o apartheid' israelense". Ele lamenta que "a comunidade internacional no seu conjunto – não toda ela, é óbvio -, mas sobretudo a Europa e os Estados Unidos, legitimam esse tipo de situação absolutamente inaceitável que ocorre de várias maneiras.’’
" A primeira é a legitimação política", explica. ‘’ Lembramos que Israel é sócio preferencial da União Européia. No âmbito cultural também existe essa cobertura a Israel e às suas ações como se vê na programação da Eurovisão, onde se mostra o país como um local onde nada acontece de anormal, um país em que há uma vulnerabilidade sistemática dos direitos humanos, algo incompatível com uma União Européia que se considera humanista."
*Com informações de 'Dário de Mallorca' e 'RT News'
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema/O-curta-Gaza-premio-Goya-de-2019/59/43217
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